Capítulo Doze

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Acordei com uma tosse presa devido à poeira. Continua tudo silencioso e trancado, minha cabeça que antes estava apoiada no ombro de Marcelo, agora o olha fixamente, já acordado.

- Não está muito cedo para acordar princesa? - Ele sussurra.

- Não está muito cedo para acordar cavalheiro? - Indago, o que o faz sorrir e me dar um beijo na testa.

- Não tenho ideia de que hora é agora, não podemos ver o sol. Alguns guardas apareceram para trocar de turno, e o da manhã deixou dois pães e um leite para comermos. - Ele olhou em direção a comida.

Levantei e fui pegá-la, realmente estou com muita fome, é bastante surpresa por estarmos sendo alimentados. Entreguei um pão para Marcelo e dei um gole no leite gelado e sem doce, mas não parei por estar ruim, minha garganta implora por lubrificação.

- Quando acha que iram vir nos buscar? - Perguntou mordiscando seu pão duro.

A resposta pareceu ter vindo automaticamente pois ouvi passos pesados e barulhos de chaves balançando.

- Talvez agora.

Um homem magro abriu o cadeado e entrou na cela, sendo acompanhado por um mais cheio, que algemaram nossas mãos. Tentei me soltar algumas vezes, sendo impedida pelos puxões fortes.

- Tome cuidado, não machuque ela! - Marcelo gritou para o guarda.

- As únicas pessoas que precisam tomar cuidado aqui são vocês. - Se inflou.

Os dois guardas sorriram ironicamente e nos puxaram para os seguir. Quando subimos as escadas, que eram muitas, e saímos da prisão, percebi o quanto o lugar é bonito e atualizado. Nos guiaram até um salão, com uma poltrona grande e vermelha, majestosa, como a que meu pai e minha mãe ficavam e futuramente, eu, e de cada lado uma menor.

Notei também que em um degrau abaixo havia um homem, consideravelmente bem vestido, ajoelhado e acorrentado, como nós, que ouviu os passos e olhou para cima, revelando sua identidade. Mick.

- Pai? - Falei incrédula.

- Elise?

Tentei me libertar novamente, chutando e mordendo quem me segurava, mas de nada adiantou, ele me puxou firme.

- Pai... - Comecei a chorar. O que está acontecendo?

Marcelo não atrapalhou nosso momento de troca de olhares, sem poder nem sequer se abraçar. Ele não interrompeu, mas uma voz feminina limpou a garganta com ironia, ecoando por todo o salão. Na mesma hora todos olhamos.

- Karmen? - Indagamos juntos, claramente pasmos.

- Tia Karmen, o que você -

- Meu querido sobrinho, quem irá fazer perguntas sou eu. - Ela o interrompeu.

- Karmen, não acredito que todos esses anos você estava nos enganando. - Eu imaginava, mas nunca pensei que fosse real.

- Qual o problema Elise? Nunca nos demos bem juntas. - Elevou seu tom de voz.

A raiva começa a me consumir, ou já me consumiu por completo. Como havíamos sido tão tolos em acreditar em alguém como ele é ainda por cima sustentá-la? Tento me soltar novamente, porque a única coisa que quero, é matá-la.

- Eu vou lhe matar. - Disse silabando.

- Não precisa ficar assim, nunca foi amada Elise. - A maneira como ela fala, se não a conhecesse tão bem, acreditaria.

- A minha filha sempre foi amada das melhores maneiras! - Meu pai provavelmente está tão assustado, que só conseguira falar agora.

- Por quem? Por esse garoto? - Ela olhou para a entrada, seguimos seu olhar, encontrando um Jacke acabado, a esse ponto, nada mais é surpresa.

A Garota da Capa Azul - RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora