Epidemia Zumbi - Sobreviventes

Capítulo XXV - Incêndio

Depois de treinarem pesado, todos os sobreviventes dirigiram-se para dentro do casarão. Os revolveres que usaram no treinamento era de Dante, que continha guardado em sua casa para defesa pessoal e alguns, eram de Thiago, que havia trazido da fortaleza daqueles ladrões. Não tinham muita munição, mas isso não era problema pois não usariam tanto armas de fogo quanto armas brancas, que são silenciosas. Os revolveres só seriam usados em caso de emergência, principalmente se estiverem numa área urbana.

Ao invés de dormirem, todos decidiram que ficariam assistindo algo que passsasse na televisão, sintonizados na Rede Amazonas, a qual não havia caído ainda. Nem os rádios funcionavam; já tentaram sintonizar em todos os canais, mas nenhum funcionava. O que não batia na cabeça era: por que a energia e a água ainda mantinham-se intactas? Não fazia sentido... Na altura desse campeonato de sobrevivência, tudo já deveria estar escasso. Talvez seja porquê a epidemia se alastrou tão rápido que não teve tempo das pessoas reagirem e manterem-se vivas. Apenas uma pequena porcentagem ainda era sobrevivente. E essa porcentagem tende à diminuir cada vez mais.

— Thiago, por que você nunca saiu daquele grupo? — Filipe perguntou demonstrando curiosidade. — Digo, por que não saiu antes?

— Bem... é meio complicado. — Thi respondeu. — Eu tinha uma irmã, eu e ela decidimos entrar no grupo, mas não sabíamos que seria tão horrível. — disse dando uma pequena pausa, fazendo os outros ao seu redor perceberem que o assunto é sério. — Assim que eu vi que o jeito que Ricardo liderava era errado, eu quis sair. Mas ele não deixou e ameaçou que se eu saísse, mataria minha irmã. Mas alguns dias atrás e-ela... ela...

— Olha, se não quiser falar não precisa! — Alissa disse, apoiando sua mão no ombro de Thiago.

— Minha irmã morreu numa missão. — o adolescente continuou, ignorando Ali e olhando para baixo. — Então não tinha mais nada que me prendia naquele grupo. — terminou respirando fundo.

— Sinto muito... — Alissa disse quase sussurrando. — Você vai esquecer disso, eu tenho certeza!

— Vamos assistir a um filme então? — Gabriel falou, vendo que o clima ficaria pesado naquele ambiente.

Logo que o filme acabou, um longo e perturbante silêncio predominou sobre a sala. Ninguém queria quebrá-lo, mas também não queria mantê-lo. Era confuso.

— Hanna, o que aconteceu com seus pais? — Filipe ousou falar, quebrando o silêncio. Estava curioso e desde que a amiga chegara, ela nunca tivera falado sobre sua mãe e seu pai. Hanna, porém, ficou em silêncio. — Beleza, se não quiser contar não preci...

— Não é isso. — Hanna respondeu.

— Então é o quê? — Ali perguntou curiosa.

— Eu menti pra vocês. — Hanna falou um pouco cabisbaixa.

— Como assim mentiu? — Liv disse alterando um pouco seu tom de voz. Odiava mentiras.

— Posso continuar? — Hanna perguntou contrariada por ter sido interrompida. Liv assentiu que sim. — Vou explicar para todos vocês como tudo realmente aconteceu... Um dia antes de eu voltar pra cá, estava assistindo um jogo de futebol no colégio em que eu estava, lá estava lotado e todos vibravam com o jogo. Mas aí escuto gritos de desespero e vários zumbis entram dentro do campo. Todos corriam, algumas pessoas até caíam e eu parada na arquibancada, em transe. Só conseguir me mexer com meu namorado Liam me puxando. Corremos até minha casa, ouço gritos e quando entro, vejo quatro criaturas devorando meu pai. — Hanna fez uma pequena pausa. — Duas delas avançam contra mim e... e... — A voz de Hanna começa à ficar falha entre soluços e lágrimas que caiam.

— Se não quiser contar, não tem importâcia. — Alissa disse, vendo a dificuldade de falar na voz embargada da amiga, que mesmo assim insistiu em continuar.

— E então o Liam entra na minha frente. Eu só ouvia os gritos de dor deles, mas não sabia o que fazer. Subi as escadas de minha casa correndo, entrei no meu quarto e peguei uma mochila e coloquei algumas coisas que achei que poderiam me ajudar, depois fui ao escritório de meu pai e peguei sua arma e uma caixa de balas. Desci as escadas em direção a cozinha, mas as criaturas me viram e começaram a me persegui, peguei as chaves do carro de meu pai e fui pra garagem liguei o carro e o único lugar em que pensei vir foi pra cá.

— Uou, que loucura! — Ana Clara exclamou.

— Olha, não precisava contar. — Filipe disse.

— Mas eu quis contar. Isso estava entalado aqui dentro de mim e eu sentia que poderia engasgar à qualquer momento. — Hanna respondeu. — Contar isso pra vocês foi um alívio.

— Vamos dormir. Já está tarde. — Hudson disse.

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6 MESES DEPOIS

Os sobreviventes ainda continuavam na fazenda. Passaram por grandes crises, em que a comida ficava bastante escassa, e por isso precisavam fazer uma jornada à cidade grande para pegar o pouco dos alimentos que ainda restavam nas prateleiras. Felizmente de lá pra cá, ninguém havia morrido. Por enquanto...

Os ataques de mortos-vivos foram poucos e quando vinham, eram em grandes quantidades. Mas nada que eles dessem conta do recado.

Gabriel caminhava em direção ao rio transparente que percorria ao lado da fazenda. Não ficava perto, dava 10 minutos de caminhada. Levava dois baldes para encher de água, para depois ferver e filtrar. Felizmente, desde que descobriram aquele rio ele ainda não demonstrou nenhum risco de contaminação.

Gabriel se abaixou. Levou um balde ao encontro do rio, enchendo-o pela metade. Fez isso com o outro e virou-se para voltar ao casarão, começando à andar na direção do mesmo.

Quanto mais se aproximava da fazenda, os gritos que Gabriel ouvia ficavam mais altos. Um som estranho ecoava pelo lugar e uma fumaça preta subia pelos céus. Afinal, o que estava acontecendo?

Gabriel começou a correr para chegar o mais rápido possível ao casarão. O cheiro de queimado já lhe era insuportável. Quando sua visão conseguiu avistar a casa, Biel deixou os baldes caírem.

O casarão estava em chamas e um grande incêndio se alastrava cada vez mais. Logo, chegaria à floresta. O pior de tudo: todos os outros sobreviventes ainda estavam lá dentro enquanto o fogo corria a estrutura aquela casa.