Aprendizado como um gatilho

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Durante minha infância lidei com muita dificuldade. Não só na escola, como na minha vida pessoal também.

Vindo de família menos favorecidas, não tive a oportunidade de estudar em uma escola com mais acessibilidade e qualidade, com uma boa estrutura. Na pré-escola, a escola tinha uma qualidade melhor, mas as coisas começaram a piorar assim que saí de lá.

Eu era uma criança aparentemente saudável, brincava com outras crianças, corria, pulava, etc. Quando eu estava com meus 5 anos de idade ou algo próximo a isso, meus pais se separaram de forma turbulenta. Mudamos para a casa da minha tia onde moravam: minha tia, meu tio e minhas 3 primas.

Inicialmente, eu me dava muito bem com elas, até que começaram a me chamar de mongol, lerda, etc... Esses apelidos. Eu me sentia chateada, mas não sei dizer ao certo como me sentia, com o tempo, fui me sentindo cada vez menor. Eu tinha vergonha até de correr na frente delas porque elas implicavam comigo até por causa disso.

Depois de um tempo, saí da casa delas e fomos morar, eu minha mãe e um padrasto. Eu não gostava dele, o achava arrogante e agressivo. Nessa altura, eu já estava saindo da alfabetização e ingressando no ensino fundamental. Aí que começaram os problemas na escola, todos os dias eu ia para a escola e não copiava nada - não sei ao certo o porquê - mas geralmente, eu me distraía durantes as aulas e esquecia o mundo, literalmente. Eu era uma criança perdida nos meus pensamentos.

Com isso, meus pais perceberam que eu não fazia nada e me levaram à uma moça que começou a me dar metas, exemplo, copiar um texto inteiro antes do filme acabar. Com isso, eventualmente, me senti mais motivada a copiar todos os dias.

Nos meados da 2ª série eu não sabia contar, me lembro de ter passado a noite em claro com minha mãe, porque eu não sabia passar do nº 10. Minhas dificuldades permaneceram, as distrações continuaram, eu até prestava atenção nas aulas, mas em alguma parte da aula ou do dia, as distrações tomavam conta de mim e eu esquecia completamente o que eu estava fazendo e começa a fazer qualquer coisa, menos o que eu deveria estar fazendo de fato. Por conta disso, um dia estava na sala de aula e me distraí de uma maneira, que saí da aula sem avisar a professora e só me dei conta do que tinha feiro depois de algum tempo do lado de fora.

Já na 3ª série, continuei com os mesmos problemas, já fiquei sem fazer provas por conta disso, inclusive, já fui reprovada por causa disso. Com o passar do tempo as distrações diminuíram, mas não consegui absorver nada da 5ª à 8ª série e comecei a enfrentar meus problemas com a matemática. Particularmente, eu não tenho preconceito com nenhuma matéria. Logicamente, matemática é uma matéria simples, é só facilita nossas vidas, mas para mim, funciona de forma contrária. Matemática sempre foi um problema par mim, não consigo fazer operações básicas sem me sentir a pessoa mais burra do mundo!

Hoje estou na faculdade, curso química em uma das melhores universidades federais do país e não tem um dia sequer que eu deite a cabeça no travesseiro e não me pergunte: será que um dia irei aprender matemática e me sentirei capaz o suficiente para estudar e apreciar qualquer matéria que envolva exatas sem medo? Não há um dia em que eu não pense nisso.

Escrevendo isso, eu revivi experiencias que hoje eu vejo que cresci muito com isso e que eu não posso mais correr desses problemas e não posso acreditar em nenhuma das palavras das quais foram ditas para mim. Palavras que me fizeram me sentir menor, incapaz e ansiosa. Eu mesma me provei isso, senão eu não estaria onde eu estou hoje. Pode parecer um pouco doido, mas eu sou grata a tudo que me aconteceu.

Enfrente suas batalhas internas, nenhuma matéria, nenhum professor, ninguém, nem mesmo seus pais devem te diminuir. Você é capaz!

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⏰ Last updated: Jan 06, 2018 ⏰

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