Quatro

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Encarei aquelas órbitas negras que me olhavam com um brilho estranho.

Jahi me pareceu infensivo e sincero. Fugir do casamento não era uma possibilidade, eu poderia usar esses sete dias antes do noivado a meu favor.

Saber qual era a dele e que tipo de marido seria. Talvez fosse fácil controla-lo. Torna-lo maleável, talvez até se apaixonasse por mim. E eu seria o cérebro e ele o corpo. Qualquer coisa para não ser mais uma esposa troféu numa gaiola dourada.

Não era tola nem imatura. O casamento seria algo real na minha vida seja com ele ou com outro. De qualquer jeito mais cedo ou mais tarde esse momento chegaria, que pelo menos fosse com alguém que não me causasse tanta dor em um casamento/prisão.

Meus pais tiveram a sorte de se apaixonar e eu presenciava a adoração que meu pai tinha pela mamãe. Mas era claro o quanto a ascensão do homem era maior que a da mulher, já ouvi relatos de casamentos arrajados onde o sofrimento era constante devido a total anulação de efeto ou respeito.

Talvez o destino não me sorrise da mesma forma que havia feito com meus pais, Jahi me prometeu respeito e consideração já era um bom começo.

- Eu tambem não pretendo me tornar a decepção de meus pais. Sei de minhas obrigações e não tenho a menor intenção de falhar com elas -

O olhar que ele me lançava era penetrante, jurava que o podia sentir em meus ossos. O jeito que me olhava...não estava acostumada com aquilo, mas não me dava medo. Apenas mexia com algo dentro de mim.

- Então estamos de acordo que podemos nos dar bem? - seu tom cauteloso me deixava em alerta.

- Vai com calma Aladdim, eu ainda não disse o 'sim'... - minha frase bem humorada foi acompanhada de um leve sorriso.

o vi imitar meu gesto em um sorriso de canto de boca sem exibir os dentes, que eu já havia notado ser perfeito, aquele pequeno movimento de músculos fez meu olhar se prender ali.

Aquele sorriso, aquele pequeno sorriso tinha me desestabilizado de uma forma na qual eu só conseguia ter pensamentos como: como deve ser beijar essa boca? qual era o gosto dele? A minha mente surrava em meus ouvidos a palavra sexy, era quase audível como se alguém realmente a tivesse pronunciado. Se um pequeno sorriso sem dentes tinha feito isso comigo, imagina o que seria de mim se ele exibisse toda aquela perfeição branca envolta por aquela pele macia e rosada que eram seus lábios.

- Se você continuar me olhando assim, vai ficar difícil para eu cumprir a promessa. Não se esqueça que eu sou apenas um homem diante de uma mulher linda.

voltei meus olhos para os seus e eu não sabia dizer o que fazia um estrago pior se eram seus olhos penetrantes e intensos ou seu sorriso atraente e hipnotizante. Escolhi uma péssima hora para cometer um ato clichê, mas umedeci os lábios com a língua que ficaram repentinamente secos.

em segundos Jahi eliminou todo espaço que tinha entre nós, continuei fitando os botões de sua camisa. Não era tola, já tinha lido livros, já tinha sido beijada, sabia o que atração significava. Conheci o perigo em seus olhos, não ousaria erguer a cabeça e conhecer o perigo de seus lábios.

cada poro do meu corpo estava arrepiado com a proximidade dele, é de fato ele mexia comigo.

- Eu não sou homem de meias palavras, gosto de jogar limpo e sério. Eu desejo você, e muito. Porém, eu cumpro minhas promessas e isso não vai mudar agora. Mas por favor, não me tente mais do que já estou tentado a jogar minhas ao vento.

Minha única resposta foi arfar. Lentamente ele se afastou de mim e seguiu o caminho que tínhamos feito.

Estava sozinha e incomodada, precisava tomar cuidado não com ele, mas comigo, com o que sentia... O que ele me fazia sentir.

Fiquei mas alguns minutos ali e depois fui até a sala de visitas, todos estavam  introsados em uma conversa. Sentados em casais meu pai e minha mãe, Os pais de Jahi. Sobrando para mim, propositalmente eu suspeito de minha mãe, um lugar ao lado do meu noivo.

Sentei-me sem demonstrar os  pensamentos de alerta e perigo que rondavam minha cabeça. Jahi tinha uma postura relaxada e parecia não ter vivido o mesmo momento que eu minutos atrás.

Estava distraída deixando a conversa correr solta balançando a cabeça de vez em quando e sorrindo aleatoriamente, sentia o olhar de Jahi correr sobre mim discretamente. Vi minha mãe acotovelar o meu pai, que alternou o olhar entre mim e meu noivo.

-  Esta semana quero que aproveitem o tempo como casal, Jahi lhe dou permissão para agir como um namoro. Sei que o período é Breve, mas não gosto da ideia de que caíam no casamento sem ao menos saber o mínimo um sobre o outro.  -

Meu pai olhava sério para nós, eu tentava processar o que ele havia dito.   Inram sempre tinha sido um pouco mais tradicional do que minha mãe Hamadi, no entanto ele era mais maleável entendia que o seu tempo era diferente do nosso.

Jahi buscou meus olhos e eu não tive opção a não encara-lo.

- Irei adorar cada minuto que puder passar com você, e sou muito grato pela confiança Inram. - ele entrelaçou os dedos no meu quando papai assentiu.

Seus olhos não me deixaram um segundo enquanto falava, podia sentir que os seus olhos queiram dizer muito mais que aquelas palavras. 

Eu precisava dar uma resposta para aquilo? Talvez o embrulho no meu estômago e o arrepio na nuca fossem resposta suficiente.

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