Capítulo 06

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"Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família nos céus e na terra. Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito, para que Cristo habite no coração de vocês mediante a fé; e oro para que, estando arraigados e alicerçados em amor, vocês possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus".

Efésios 3: 14-19 foi o tema do sermão daquela manhã de domingo. As palavras do pastor ficaram no coração de Jenny: "Orai uns pelos outros, mesmo que esse "outro" seja alguém que você não goste. Se ele está necessitado, você, como cristão, tem a obrigação de interceder por ele. Não sejamos egoístas ou mesquinhos, o Pai celestial não se agrada de tal atitude".

A mensagem foi um tapa na cara da garota e ela se sentiu envergonhada. Na noite anterior, algo muito forte a impulsionava a orar por Dylan e seus amigos, mas estava chateada demais, se recusando, então, a citar seus nomes enquanto fazia suas preces na hora de dormir. Foi grata a Deus pelo livramento naquela tarde. Ela poderia estar morta se o rapaz não a tivesse salvado. Contudo, não orou por ele. Seu coração estava endurecido pela mágoa. Agora, sentada ali, em um dos bancos da igreja, foi tomada pelo remorso.

"Senhor, guarde o Dylan e seus amigos nessa guerra. Protege-os debaixo de sua potente mão e livra-os de todo o mal. Perdoe-me Deus, por ter negligenciado os teus mandamentos. Espero que não seja tarde demais..." — Jenny abaixou a cabeça, fechou os olhos e fez uma pequena oração.

— Estou muito atrasada? — Léxis sussurrou, sentando-se ao lado da amiga.

— Não. Você só perdeu a primeira leitura.

A jovem sorriu, parecendo melhor que o dia anterior.

Do outro lado do templo, Matt entrava com os pais. Há meses o garoto não aparecia nos cultos matinais de domingo. Sua presença ali, com certeza, era parte do castigo que recebera por ter sido preso.

Depois de um louvor, os jovens foram liberados para uma palestra especial, na qual meninas e meninos foram separados em dois grupos distintos. Uma jovem senhora, que Jenny não conhecia, subiu ao palco e começou a falar com desenvoltura:

— Meu nome é Cindy Miller e fui convidada pelos líderes de vocês, para termos uma conversa.

Enquanto a mulher seguia seu discurso com confiança, Jenny a observava com fascinação. Seus gestos eram leves e graciosos. O cabelo loiro e fino lhe fazia parecer a boneca Barbie em seus quarenta anos de idade.

— Sentimos a necessidade de trazer à tona um assunto que em muitas igrejas é tratado como tabu em pleno século vinte e um. Talvez por isso existam em nosso meio, muitos jovens que não se guardam e não esperam em Deus por alguém. — Léxis se remexeu desconfortável em seu assento. — Hoje nosso assunto será: — Cindy pegou um pincel atômico e escreveu em letras garrafais no quadro branco improvisado. — "Orando pelo seu futuro marido!".

Um burburinho de cochichos preencheu o ambiente. O assunto chamou a atenção de Jenny, mas Léxis achou graça e sorriu com deboche.

— Essa deve ser mais umas daquelas velhas fanáticas da escola dominical, que vai querer inserir em nossa cabeça que até beijar é pecado — cochichou para a amiga.

— O assunto não parece ser esse — Jenny respondeu, ansiosa por saber mais.

— Abram suas bíblias em Lamentações, capítulo três, dos versículos vinte e cinco ao vinte e nove. — A senhora anotou a referência logo abaixo da discrição no quadro. — A garota ruiva. — Cindy pontou para Jenny, que estava na terceira fileira de cadeiras próximo ao palco. — Poderia vir até aqui e ler o texto para toda a classe?

Orei Por Você - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now