Capítulo 25

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Jongin assistia, estupefato, ao vídeo obsceno. Não ficou feliz como Sehun achou que ele ficaria, muito pelo contrário, ficou com medo. Sehun foi longe demais, aquilo poderia trazer consequências reais, não só uma suspensão ou expulsão, poderia dar problemas com a polícia se denunciado. Cárcere privado, estupro? Jongin não sabia ao certo, mas sabia que era crime.

— Ele até que chupa gostosinho — comentou Sehun enquanto guardava o celular no bolso. — E posso dizer que ele gostou, eu sei que gostou, caprichou muito para quem estava sendo quase obrigado. Ele chupou as minhas bolas e engoliu a minha porra, e eu nem pedi isso!

Jongin balançou a cabeça várias vezes e pressionou as têmporas. Seu coração se apertava com medo das consequências.

— Sehun, você tem noção da besteira que fez? Isso não estava nos nossos planos, era só manter ele preso por três horas — disse Jongin num tom baixo para Kyungsoo não escutar, não que fosse necessário, eles estavam no começo do corredor e a sala de artes ficava no final.

— Você também não seguiu com o plano. Era para você ter deixado esse merdinha preso e sozinho, mas não, você se trancou com ele. — Revirou os olhos. — Você é um completo idiota!

— Isso não vem ao caso. Você cometeu um crime! Isso é quase um estupro!

— Estupro? — Sehun soltou uma gargalhada. — Eu não obriguei ele a nada... digo, só fiz uma pequena chantagem e blefei um pouquinho. Ele fez porque quis, e caprichou porque adora uma pica grande.

— Você o chantageou com o quê?

— Eu disse que estava mantendo o Baekhyun preso e que se ele não me chupasse, o Baekhyun teria que fazer isso. — Cruzou os braços e se recostou na parede, estava achando tedioso o sermão de Jongin. — Eu sou brilhante, não sou?

Jongin fechou os olhos e balançou a cabeça para os lados.

— Não, você é um burro, um imbecil! Você percebe que quando o JunMyeon sair de lá a primeira coisa que vai fazer é denunciar a gente?

— Se ele fosse denunciar, já teria denunciado. Ele está com o celular. — Um sorriso maldoso brotou de seus lábios finos. — Mas sabe por que ele não faz isso? Porque ele acha que estamos com o Baekhyun. Ou seja, ele está no meu poder só porque contei uma mentirinha. Isso é ser brilhante, Jongin!

— E quando ele descobrir isso tudo? Ele vai correndo nos denunciar! Você pensou nisso?

Sehun soltou outra gargalhada.

— Jongin, desde quando você ficou tão burro? Essa sua paixão pelo Kyungsoo está exterminando os seus neurônios? — Balançou a cabeça e estalou a língua no céu da boca. — Por que você acha que eu filmei esse oral? Por que eu queria relembrar esse momento com aquele nojento? É claro que não! Eu filmei porque isso vai salvar a nossa pele!

Jongin não disse nada, só demonstrava sua frustração com bufadas e resmungos.

— Você é um ingrato, Kim Jongin! Eu me vinguei desse filho da puta por você, consegui um vídeo que te coloca num poder absoluto sobre ele e é assim que você me agradece? — continuou Sehun, inconformado.

— Eu não pedi para você fazer isso. Eu só queria que você o trancasse lá e ficasse fazendo algum tipo de pressão psicológica.

— Então, caralho! Foi o que eu fiz. — Sehun já estava sem paciência.

— Não, você foi mais longe... isso que você fez é crime!

— Não é, seu idiota! Como ele pode provar que eu fiz chantagem? O vídeo só mostra um viadinho chupando o pau de um macho pelo buraco da parede, não tem nada que comprove a minha chantagem.

— Tem, sim! O Kyungsoo. O JunMyeon pode alegar que você ameaçou fazer algo com ele.

O argumento de Jongin era bem válido, Sehun se calou por alguns instantes mas depois continuou:

— Mas ele não vai nos denunciar, ele nunca vai fazer isso porque ele é orgulhoso demais. Ele não vai simplesmente ir até uma delegacia ou até a diretora e dizer que foi obrigado a chupar o meu pau para salvar o amiguinho. Ninguém faria isso. E, além do mais, ele tem medo de que eu desconte no Baekhyun. E é bom que ele pense assim, porque se ele me provocar, não penso duas vezes antes de pôr as mãos naquele linguarudo.

Jongin às vezes se assustava com a maldade do amigo. Mesmo que soubesse que Sehun passava maus bocados em casa, isso não era o suficiente para justificar tamanha maldade.

— Olha, Sehun... solte logo ele e vamos acabar com isso antes que você faça alguma outra besteira ou que nos descubram.

Sehun pensou em protestar e deixar JunMyeon sofrendo mais pouco, mas como ele já havia conseguido o que queria, não via mais necessidade de ficar ali.

— Certo. Vou soltar ele e esperar que esteja bem longe da escola, depois você solta o olhudo, para que eles não se encontrem e... você sabe.

Jongin apenas afirmou com a cabeça.



*  *  *



Enquanto pagava a conta do veterinário, Chanyeol observava Baekhyun balançar o morceguinho adormecido em seu colo como se ele fosse uma criança. Agora ele sorria, mas quando eles chegaram lá tudo que Baekhyun fazia era chorar. Chanyeol ficou assustado, Baekhyun havia o chamado algumas vezes de "idiota". Isso o deixou um pouco chateado, mas não era para menos, ele havia sido mesmo um idiota.

Depois de receber o troco, foi andando até Baekhyun, tocou seu ombro para chamar atenção e ele o olhou com um sorriso torto nos lábios.

— Vamos, Baekhyun?

Fazia algum tempo desde que Chanyeol não o chamava pelo nome, era sempre "Baekkie". Baekhyun entendeu aquilo como uma forma dele dizer que estava chateado.

— Channie... — chamou com uma voz doce enquanto saiam do veterinário.

— Sim?

— Me desculpa por hoje. Eu fui grosso com você... eu estava muito nervoso.

Chanyeol deu de ombros e sorriu.

— Tudo bem, BaekHyun. Eu quase matei o Mr. Fluffy, você estava no seu direito.

Baekhyun não gostou de ouvir novamente o seu nome. No entanto, não queria arrumar algum tipo de discussão por isso, o seu morceguinho estava bem, tudo estava bem.

— Você ainda está com fome, Channie? — perguntou Baekhyun depois de uns minutos caminhando em silêncio.

— Não, enquanto eu te esperava sair da consulta eu comi um biscoito daquela máquina — respondeu sem tirar os olhos da rua quase deserta.

— Ah, sim... — Deu um meio sorriso, mas Chanyeol não viu.

O silêncio se fez presente outra vez entre eles, caminharam por uma rua inteira sem trocar uma palavra, e isso já estava deixando Baekhyun preocupado. Não era nada bom chatear Chanyeol.

— Você quer dormir lá em casa hoje, Channie? — ofereceu ele, mas já previa a resposta.

— Não, eu quero ir para casa, tenho que terminar algumas fases do meu jogo.

"Sempre esse maldito jogo..." — Baekhyun pensou.

— E amanhã?

— Também não.

— E por que não? Você pode jogar no meu computador! — Parou no meio do caminho e fez com que Chanyeol também parasse.

— Mas eu não quero dormir na sua casa. Eu não gosto de dormir na casa dos outros. — Era sempre sincero, por mais que parecesse grosso.

— Outros? — Baekhyun riu soprado. — Eu não sou "outros", eu sou o seu Baekkie! Poxa, Chanyeol! Eu quero ficar um tempo sozinho com você, para nós... namorarmos um pouco.

O sorrisinho malicioso que Baekhyun fez logo sumiu assim que percebeu a cara de espanto do outro.

— Namorar? Nós não estamos namorando!

Baekhyun ficou um bom tempo apenas olhando para o rosto de Chanyeol, seus lábios estavam comprimidos, ele havia se magoado.

— Eu pensei que você gostasse de mim.

— Eu gosto, mas não estamos namorando. Isso é coisa de velho.

Baekhyun balançou a cabeça para os lados, mas acabou por rir.

— Certo, não precisamos de um rótulo... mas o que eu quis sugerir era que ficássemos sozinhos, curtindo uma ao outro, sabe... — Sua mão livre foi de encontro com o braço de Chanyeol, e ali fez um carinho.

— Mas a gente já faz isso na Lan House, ficamos sozinhos curtindo um ao outro e o jogo.

Baekhyun já estava sentindo falta do Chanyeol diferente que lhe entendia.

— Não, Chanyeol! O que eu quis dizer é que eu quero ficar completamente sozinho com você, no meu quarto, te beijando. Entendeu agora?

Chanyeol uniu a sobrancelha e balançou a cabeça em negação.

— Não, você não precisa de mim, você já tem um novo companheiro de quarto.

Foi então que Baekhyun entendeu a situação.

— Chanyeol, você está com ciúme do Mr. Fluffy?

Chanyeol olhou para os lados, sem graça, pois havia sido descoberto.

— Claro que não! Por que eu teria ciúmes de um morcego feio desses quando eu sou lindo e muito mais fofo que ele?

Baekhyun danou-se a rir.

— Ah, Channie! Ele é muito fofo, já reparou na carinha e nas patinhas dele? — Mostrou o pequeno bichinho adormecido — sedado — em seu colo. — Eu sempre achei morcegos muito fofinhos.

— Ele parece com o Jongin! Eu não gosto de morcegos, Baekkie, eles chupam nosso sangue!

Baekhyun sorriu, finalmente ouviu o "Baekkie".

— Aish, ele não parece com o Jongin! E quem chupa sangue é vampiro... digo, tem três espécies de morcegos que se alimentam de sangue, mas o Mr. Fluffy não é um deles — explicou.

— E quem garante que esse bicho não vai se transformar num vampiro de noite?

— A lógica, Chanyeol. Vampiros não existem. — Revirou os olhos.

— É claro que existem! — Fez cara feia. — Você pode estar correndo perigo com esse morcego no seu quarto, Baekkie. Você tem que se livrar dele!

Baekhyun mordeu o lábio inferior, com um sorrisinho de canto de boca.

— Então o certo é você ficar comigo para me proteger, não acha?

Chanyeol pigarreou, depois fingiu indignação.

— Não, que coisa! O certo é se livrar do morcego. — Não gostava de passar por covarde, não se sentia bem com isso, então tentou reverter a situação. — E você não acha que ele ficaria mais feliz solto na natureza para brincar com os amiguinhos vampiros dele?

Baekhyun revirou os olhos e suspirou. Não tinha jeito, Chanyeol sempre arrumava um pretexto para tudo, por mais sem noção que fosse, ele o defendia até o fim. Resolveu então não falar mais nada, apenas se virou e continuou a caminhar. Chanyeol hesitou um pouco, esperava que Baekhyun dissesse alguma coisa, mas como não disse, ele também não puxou mais assunto.

*  *  *

Estava tudo pronto, tudo havia saído perfeitamente bem. Sehun havia acabado de salvar o vídeo de JunMyeon em um pen drive e guardou o mesmo dentro de uma caixa num fundo falso de seu armário. Aquele Pen drive agora era muito, muito valioso e Sehun se tornara o mais poderoso daquela escola. 

O relógio no display de seu celular marcava 19h23min, Sehun achou que já era hora de ligar para Luhan. Discou o número calmamente, e na primeira chamada foi atendido. Pelo visto, Luhan esteve de olho no celular o dia inteiro.

— Sehunnie! Por que demorou? — a voz dele era claramente ansiosa.

— Estive ocupado o dia todo. — Sua voz, como sempre, não demonstrava emoções. — Agora me diga por que diabos você me deixou esperando o domingo inteiro?

Ouviu Luhan suspirar do outro lado da linha.

— Minha avó passou mal durante a festa. Levaram ela pro hospital e eu tive que ir junto, mas ela está bem.

Sehun não estava nem aí para a saúde da avó de Luhan, ele não viu nada de desesperador naquela situação.

— Por que você não saiu do hospital e veio pra cá? Eu mandava um táxi ir te buscar... você nem ao menos me ligou para dar uma satisfação. — Manteve a voz apática e fria de sempre.

— Mas, Sehun, como eu poderia sair assim quando minha avó estava passando mal? Que explicação eu ia dar? — Luhan sabia que Sehun não era nenhum anjinho, mas não sabia que ele seria tão indiferente e incompreensível com sua situação.

— Era só dizer que tinha um trabalho da escola para fazer. — Sehun rodou os olhos, desacreditando que Luhan não foi capaz de bolar uma desculpa tão simples.

— Minha avó estava passando mal, Sehun — ele repetiu com a voz firme e com uma pontada de incredulidade. — Eu não poderia ser um filho da puta e sair de lá assim.

Sehun soltou um "puff" soprado e desdenhoso.

— Por que você não me ligou então?

— Porque onde eu estava não pegava sinal, era a emergência.

Sehun estava ficando irritado com tantas desculpas. Então foi direto ao ponto:

— Você está tentando me enrolar, não é, Luhan? Está tentando me fazer de idiota?! — sua voz aumentou um pouco de tom, mas só um pouco.

— Não, Sehunnie! Por que eu faria isso? Eu queria muito mesmo passar o dia com você. Eu já disse que gosto de você, caramba!

A risada sarcástica de Sehun do outro lado da linha provocou um aperto no peito de Luhan. Ele detestava lidar com pessoas incompreensivas.

— Gostar... meus pais também gostam de mim e ainda assim... — Por pouco, por muito pouco não falou o que não deveria. —  Digo... você me decepcionou, Luhan. E eu não suporto ser decepcionado. Se você fizer isso mais uma vez, eu vou ser obrigado a dar o meu amor para outra pessoa.

O pobre Luhan entrou em desespero imediatamente.

— Não, Sehun! Me desculpe, eu juro que não foi minha intenção, eu não pude fazer nada — sua voz fraquejou, denunciando que não suportaria mais uma provocação. — Você não sabe o quanto eu fiquei mal por não ter conseguido nem te ligar. Eu queria muito, muito te ver e ficar sozinho com você.

Sehun usou a mão esquerda para tapar o celular e então começou a rir.

"Como ele é babaca." — disse mentalmente.

Depois de se recompor, ele continuou:

— Olha, Luhan, eu vou te dar uma chance porque eu estou apaixonado por você, por esse seu corpo. Mas agora já sabe o que vai acontecer caso você me magoe de novo!

O suspiro de alívio de Luhan pôde ser escutado por Sehun.

— Obrigado, Sehunnie. Eu nunca vou te magoar, essa não foi a minha intenção, eu juro.

— Certo, certo. — Ele já estava de saco cheio daquela ladainha. Sua voz ganhou um tom safado logo após. — Agora, Luhan, vamos brincar um pouco.


*  *  *


A classe da professora Ma naquela terça-feira estava estranhamente silenciosa. Sempre que ela subia o último degrau e seu salto tocava o piso do corredor, ela escutava a conversação vindo de sua sala. Mas naquele dia, ela ouviu nada, e claro, ficou preocupada.
O sinal soou assim que ela abriu a porta, era nessa hora que ela via os vultos dos alunos correndo para seus lugares e se ajeitando nas cadeiras, mas dessa vez todos já estavam em seus lugares.
Mesmo desconfiada, ela não perdeu sua pose autoritária e adentrou a sala. Todos se levantaram e fizeram a reverência costumeira, depois se sentaram novamente, sem fazer mais nenhum barulho.

Aproveitando o silêncio, ela começou:

— Bom, eu quero avisar uma coisa antes de começar a aula de hoje. — Todos os olhos lhe encaravam, curiosos. — Hoje ligarei para os responsáveis de vocês para conversar sobre o passeio à Gangneung. Portanto, vou passar uma folha para vocês anotarem qual o melhor horário para eu ligar para eles, e um possível segundo telefone também, pois já temos o principal no arquivo de vocês. — Ela pegou uma folha de seu caderno e entregou para Kris. — Anotem o nome de vocês, o horário e segundo telefone, caso tenha.

A folha foi rolando pela turma e enquanto isso a professora já enchia o quadro com cálculos matemáticos.
Na primeira fileira da direita, Chanyeol parecia imerso em pensamentos, sua distração era tanta que ele mal havia percebido que a professora passava matéria no quadro. Precisou de um cutucão de Baekhyun para acordar.

— Channie, copia! — ordenou BaekHyun num tom baixinho.

Chanyeol apenas aquiesceu e abriu o caderno, mas sua expressão era estranha. Baekhyun sentiu que havia algo errado.

— Channie... — ele chamou baixinho outra vez, recebendo um "hum" como resposta. — Você está bem?

Quando os olhos grandes se voltaram para ele, Baekhyun percebeu algo diferente neles... Chanyeol parecia distante.

— Estou. — Sorriu amarelo.

Ah, Chanyeol não conseguia disfarçar, e nada passava despercebido por Baekhyun.

— Você está chateado com alguma coisa?

Ele balançou a cabeça em negação.

Baekhyun já conhecia Chanyeol muito bem para saber que ele nunca lhe diria o que estava realmente acontecendo. Sendo desse jeito, Baekhyun resolveu apelar.

— Hm... sabe, eu estava pensando, que tal irmos para minha casa depois da Lan House? — Chanyeol não parecia nada interessado. E então Baekhyun apelou mais uma vez — Eu te compro um pote de sorvete e podemos ficar brincando com o Mr. Fluffy! Eu vou provar para você o quanto ele é fofo.

A reação dele foi completamente diferente do que Baekhyun imaginou. Não ficou empolgado pelo sorvete e nem com nojo pelo morcego. Ele uniu as sobrancelhas com a expressão completamente confusa.

— Quem é Mr. Fluffy?

O menino que não queria crescerWhere stories live. Discover now