Mais ou menos um ano atrás.Eles não se encontram havia muito tempo, devido às férias escolares, então marcaram de se ver em uma praia próxima à escola, onde haviam se conhecido e estudavam juntos desde então.
Sentados na areia úmida, discutiam, se divertiam e bebiam.
- Eu ainda não acredito que a mãe de vocês as deixaram sair com a gente. - disse Jason se dirigindo às irmãs Lilian e Camille. - Ela é bem superprotetora.
- Ela deixou, um pouco relutante, mas deixou. - disse Lilian.
- É até bom que tenhamos saídos. - falou Camille. - Nossos pais estão tentando mais um filho.
- Sério? - debochou Simon. - Mas já?
- Bom... Somos só eu, Lilian e o Alex. Eles querem pelo menos mais um.
- Quantos anos o Alex tem? - quis saber Annie que estava distraída com seu marshmallow na fogueira.
- Ele acabou de completar quatro anos.
- Hmm.
Entao, mudando completamente de assunto de forma aleatória, Simon disse:
- Vocês sabem quanto eu tirei na prova daquela morcega da Sra. Monroe? - ele abriu todos os dedos da mão esquerda. - Cinco! Dá pra acreditar? Eu sou um gênio!
- Tirei oito, e vocês? - disse Annie.
Passaram- se o que pareceram horas para eles, enquanto xingavam professores e botavam defeitos nos alunos esquisitos da escola e, quando o sol se pôs, eles apagaram a fogueira e decidiram voltar para casa.
- Ei, me esperem um minuto. - disse Simon entrando dentro de uma padaria e voltando dois minutos mais tardes. - Vamos?
Caminharam ainda rindo e falando sobre vizinhos. Passaram por uma praça com alguns balanços velhos onde dois caras fumavam feito usinas.
- Vocês querem dar uma sugada? - perguntou Simon tirando uma caixa de cigarros do bolso e acendendo com um isqueiro.
- Ah, que nojo! Eu não acredito que você vai usar isso! - Annie o repreendeu.
- Vou sim.
E ele colocou o cigarro na boca e soltou uma fumaça branca que rodopiou no ar.
- Quer? - disse apontando para Jason?
Jason esticou a mão para pegar, mas Annie deu um tapa na mão dele.
- Se você usar isso, eu vou terminar com você agora mesmo.
Jason deu uma risadinha debochada, mas não se arriscou a experimentar.
- Ah qual é, Annie? Vocês são mesmo uns maricas nojentos.
- Por falar em gente nojenta... - Camille apontou para uma mansão que estavam passando em frente.
Era uma casa rústica e visivelmente confortável. A mais bonita de toda cidade e pertencia à família Candle, uma família muito rica pela extração de minerais do mar, já que a cidade era um arquipélago muito conhecido.
- Ela é repugnante. - falou Lilian.
- Ah, que coisa feia, Lilian. - disse Simon em tom de brincadeira, parando bem em frente à casa e chamando atenção da garota. - Falando mal da amiga pelas costas...
- Ela não é minha amiga, eu ein.
Os cinco pararam quando Simon ameaçou ir em direção à casa.
- O que você tá fazendo, cara?
- Charlotte!!! - gritou ele.
A menina apareceu na janela de vidro do segundo andar com seus cabelos presos em duas tranças e os óculos grandes e redondos.
- O que vocês querem? - perguntou a menina com sua voz fina e asmática.
- Só passamos para dar um oi. - mentiu Simon.
- Ah, oi. - respondeu ela, corando.
- Vamos indo. - chamou Annie.
- Ah olha... - disse Simon pisando na grama do jardim da casa e olhando alguns bonecos de gesso que o decoravam. - Ei, Charlotte, porque você não vem se juntar com a sua família de gnomos?
Foi muito difícil todos segurarem os risos, mas Simon estava às gargalhadas com o cigarro no canto da boca e aparentemente bêbado. A jovem fechou a janela com força e saiu.
- Eeeii! Tô falando com você! - gritou Simon.
- Já chega, cara. - Jason agarrou Simon pelo ombro e ia o conduzindo pela rua.
Simon se soltou e gritou mais ainda. Por fim, foi até a calçada e jogou metade do cigarro na grama, próximo a árvore.
- Vamos...
Aquela bituca de cigarro não era tão inocente quanto parecia. As folhas secas de um outono opaco ainda estavam no jardim e pegaram fogo facilmente, rastejando aos poucos até a árvore e a queimando.
O fogo se espalhou silenciosamente, de galho em galho até se aproximar da janela do quarto da jovem que tomava um banho quente na banheira para tentar esquecer o quanto ficara deprimida. Seus pais haviam saído para comprar seu presente de aniversário, um piano, instrumento que ela tanto amava tocar.
Em poucos minutos, as chamas tomaram conta do quarto e se espalhava cada vez mais.
Quando os pais da garota chegaram, ainda podiam ouvir seus gritos agudos. Eles tentaram entrar e chamaram uma ambulância, mas já era tarde demais.
A casa ficou boa parte destruída e fora encontrado muito pouco do corpo de Charlotte. Os pais, arrasados, se mudaram para uma cidade distante e deixaram tudo como estava, levaram apenas o piano.
No dia seguinte, a notícia se espalhara mais rápido que as chamas e o grupo de amigos decidiram ver com seus próprios olhos.
Haviam carros de polícia parados ali. Ouviram um morador perguntar para um policial o motivo do incêndio.
- Nós não encontramos provas concretas, senhor, mas tudo indica que tenha sido alguém que tacou fogo. Encontramos uma bituca de cigarro, mas não foi possível identificar digital alguma.
- Muito triste, não?
Os cinco sentiram o chão cair e era como se tivessem que engolir tijolos. Tudo estava claro. Simon havia provocado o incêndio, mas todos sentiam remorso de rirem da garota que agora era apenas ossos e cinzas.
Antes de sair, eles deram uma boa última olhada para o local. A parte mais queimada era o segundo andar, em especial o quarto de Charlotte. Pedaços de vidro estavam sobre a grama e a casa perdera aquele charme luxuoso. A árvore estava caída pela metade, totalmente preta. A maior das metades, no gramado, e a outra ainda presa na terra pelas raízes, com um corte na diagonal, como um espeto, afiada e mortal.
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Fim de Jogo
HorrorQuando cinco amigos decidem se reunir para se divertirem, eles acabam ultrapassando dos limites e sofrem as consequências de uma brincadeira nada amigável... É possível se livrar dos desafios sem sequelas? O que esperar da vida quando algo pior qu...