você sabe que nunca fui muito religiosa
mas a religiosidade em abraçar seu corpo
com o mesmo formato que o meu
consome minhas madrugadas
e me fisga
os pensamentos
— odeio cerveja
mas amo seus lábios
&
pego-me cultuando pessoas de mármore
e estátuas de carne
de toda divindade que nunca existiu
antes & depois de cristo
te carrego como chiclete na sola do sapato
quero tirá-lo dali
salvá-lô dali
mas tenho medo de só piorar a sujeira
&
temo que nunca poderei mostrar carinho,
principalmente por mim mesmo,
ainda assim suas mãos aveludadas selam
minha pele
e minha mente afiada parece
ferir-te com o sangue
que respinga de meus olhos
&
agora meus braços estão vazios
me dou um abraço de despedida
por tudo que deixei se perder, deixei-te perder,
todas as minhas manhãs são azuis e
minhas tardes violetas,
às vezes violentas,
pego-me pensando em seus carinhos,
será que ele gosta do seu cheiro tanto quanto eu? te entende tanto quanto eu? te escuta tanto quanto eu? te respeita tanto quanto eu? te acompanha tanto quanto eu? te anseia tanto quanto eu? te olha tanto quanto eu? te instiga tanto quanto eu?
uma vez você me disse que minha pintura
era a mais bonita e só consigo pensar
em todos os quadros que não pintei
com a cor de seus olhos
por culpa minha nossa viagem já tem fim antes mesmo da partida
e não culpo-te,
faltaria algo
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anomia // poesia (ii)
Poetrypoesia para quem cultiva ideias de liberdade e cultua pessoas de mármore sobre a luz do luar de uma cidade qualquer. (C) ITMEANSWAR, art on the cover "2 rats" (2017), by redbubble.com/people/emstao