Bromance. (P1)

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Estou bem! Estou bem! Estou bem! Estou bem! Estou bem! Estou bem! Estou bem! Estou bem! Estou bem...

Não, eu não estou bem.

Dói. Dói. E dói muito. E ninguém pode ajudar. Ninguém me entenderia. Eu não aguento mais isso.

Com o rosto cheio de lágrimas e o braço com cortes recentes, abro um sorriso doloroso e melancólico.

Por que me sinto tão vazio? Me sinto sozinho...

Meus pais não fazem nada desde quando me levaram para o psicólogo pela primeira vez. Eles não gostam de mim...

Será que não?

Geralmente, as pessoas conseguem notar uma paquera, uma encarada, uma piscadela, entre outras coisas...

Eu não consigo...

As pessoas demonstram afeto e a outra percebe isto e retribui.

Quando meus pais olham para meus olhos eles não vêem nenhuma emoção.

Que tipo de ser humano eu sou? Será que eu posso ser considerado um ser humano?

Incapaz de demonstrar sentimentos...

Deus, apague minha existência. Por favor, se você existe mesmo, acabe logo com isso...

[De tarde...]

Fernando: — Castiel, você dormiu bem?

Eu: — Sim, eu dormi...

Fernando: Então, me diz... Por que está de casaco? Sei que estamos no shopping mas não está frio. Está doente?

Eu: — Talvez...

Ouço o Amigo do Fernando sussurando: "Ele é tão quieto... É bem esquisito."

Eu tenho que fingir que não ouvi, meus pais me disseram isso. Eu só posso escutar uma música...

Eu: — Cara, você tem fone?

Fernando: — Você não pode esquecer uma coisa dessas em casa. É tipo, essencial trazer um fone pro rolê.

Ele me empresta o fone e o coloco no volume máximo.

Não pense! Não pense! Não pense! Não pense! Foco!

Acabo soltando um suspiro e quando olho para o lado vejo os dois rindo e conversando.

De certa forma isso é agradável e me faz sorrir um pouco, mas ao mesmo tempo, eu sinto uma pontada no peito. Eu não sei o que é?

Inveja?

Inveja deles... Eles são perfeitos afinal. Eles podiam ser melhores amigos...

Se não fosse por mim...

Eu... Estou no caminho do Fernando... Como não percebi? Aposto que ele se sente inibido comigo. Um garoto autista que nunca sequer namorou, ficou ou beijou uma garota.

Sinto alguém retirando o fone.

Fernando: — Eii! Por que está chorando?

Olho para o garoto ao lado que também está me olhando, fico completamente sem graça e vou correndo para o banheiro mais próximo onde me escondo na cabine.

Eu: — Tenho que me controlar, tentar agir normalmente e criar uma boa desculpa para esse acontecimento...

Saio da cabine, limpo o rosto e saio do banheiro. Para minha surpresa os dois estavam me esperando na porta.

Fernando: — Você... Está se sentindo melhor?

Eu: — Me desculpa... Estava pensando nos meus problemas e nem dei confiança a vocês.

Fernando: — Então, deixa eu te apresentar o Nathan.

Nathan: — E aí, foi mal pelos comentários ridículos que fiz de você... Eu percebi que você tinha ouvido. Fui muito indiscreto.

Eu: — Ah... Vamos comer algo? Estou morrendo de fome.

Abro um sorriso.

Castiel: — Você sempre está.

Todos riem.

Eu esqueci que além da dor, da solidão e todos os meus problemas, eu também tenho bons momentos, mesmo que breve. Dá pra zoar um pouco...

[Depois de algumas horas...]

Nathan: — Tenho que ir, o Ruan está me esperando.

Eu: — Ruan?

Ele abre um sorriso e vejo um brilho em seus olhos.

Nathan: — É meu primo. Até mais, pessoal! Fernando, você tem meu WhatsApp pode me chamar sempre que quiser!

Fernando: — Certo!

Ele nos comprimenta e olha para mim, não diretamente.

Nathan: — Nos vemos, Castiel. Valeu!

Eu: — Beleza!

Ele se vai e o Fernando volta a me encarar.

Fernando: — O que aconteceu dessa vez?

Eu: — Não foi nada! Eu estou bem! Podemos ir pra casa? Tô a fim de jogar algo.

Fernando: — Na minha ou na sua?

Eu: — Na minha, eu já falei com minha mãe.

Fernando: — Ei, Castiel!

Olho para ele e sou surpreendido por um selinho.

Eu e Ele.Where stories live. Discover now