Uma promessa.

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(Bianca)

Poucos minutos depois de ter encerrado a chamada, alguém bate na porta. Assim que abro, dou de cara com o porteiro do prédio.

_Mandaram entregar para a senhorita._Ele me entrega um lindo ramalhete de girassóis._Bom dia.

_Obrigada. Bom dia.

Agradeço e fecho a porta. Encaro o lindo presente e, antes mesmo de ver o cartão, sei quem é o mandante. Claro que é o Tomaz. Nunca disse a ninguém que sou apaixonada por girassóis. Só a ele.

De imediato fui atrás de um jarro para colocar as flores. Não encontrei nenhum e a minha única opção foi jogar as flores estranhas que ganhei do Lucas e pôr os girassóis no lugar. São tão lindos e me trazem lembranças tão boas que quero sentir seu cheiro a todo momento.

Meu momento nostálgico é interrompido por toques na porta. Vou abri-la com o maior dos meus sorrisos no rosto.

_Já sei que gostou das flores. Bom dia._Ele diz na porta, sorrindo de canto e com as mãos nos bolsos.

_Eu amei!_Demonstro minha felicidade._Vou só pegar a minha bolsa e nós vamos. Olhe, os girassóis estão na mesa. São lindíssimos! Nem precisei do cartão pra saber que foi você.

_Imaginei.

Vou até o quarto terminar de me ajeitar, pego minha bolsa e volto pra sala. Saímos do meu apartamento lembrando do nosso casamento, em que as flores da decoração foram girassóis.

_Talvez eu queria te fazer sorrir e lembrar de momentos bons._Ele diz já dentro do carro._Acho que você precisa começar a entender que é ao meu lado o seu lugar, Bianca.

_Não é tão fácil assim..._Suspiro ao indicá-lo o lugar onde ele deve estacionar._Você consegue entender que me magoou muito dando as costas à nossa filha? Me deixando cuidar de tudo sozinha? Carreguei um fardo muito pesado sem ter alguém pra dividir.

_Vou te fazer me perdoar e se você não mais me quiser, eu prometo assinar o divórcio._Sua voz é tão convicta que me surpreende._Eu prometo, Bianca.

_Vamos.

Foi a única coisa que respondi antes de entrar na clínica e fornecer meus dados a recepcionista. Ele me deixou extremamente sem resposta depois dessa promessa. Totalmente.

...

_Viu? A Júlia está no tamanho ideal._Declaro assim que saímos da clínica._É tão bom saber que ela está bem.

_Sinto o mesmo que você. Pra ser franco, sinto muito alívio por saber que nada daquilo que você estava ingerindo prejudicou a nossa filha._Ele abre a porta do carro pra mim._Espero nunca mais saber de você tomando essas porcarias estando grávida.

_Está certo, Sr. Recentemente recuperado.

_Recentemente recuperado e mais cuidadoso ainda._Ele pisca pra mim._Vamos comer alguma coisa?

Ele começa a dirigir, talvez esperando de mim uma resposta. Já eu, começo a vaguear nos momentos de total imprudência em que eu não pensei na minha filha.

_Tomaz, eu sou uma péssima mãe, não é? Eu estava praticamente querendo matar a minha filha.

_Não é assim, Bianca._Ele para em um sinal de trânsito._Você teve os seus motivos para se deixar levar. Mas já parou pra pensar que seu parceiro, mesmo sabendo que você está grávida, te ofereceu diversas bebidas não se importando nenhum pouco com a saúde do bebê? É alguém assim que você quer pra ser padastro da Julinha?

Ele tem razão. O Lucas jamais teve algum gesto de amor ou carinho com minha filha. Nunca comprou uma lembrancinha, nunca me acompanhou em nenhuma consulta ou exame. E jamais se ofereceu pra me ajudar a preparar o enxoval.

Tá que ele não é o pai, que ele também não é obrigado, que estamos juntos há pouco tempo...
Mas eu não posso deixar um cara assim ser próximo da minha filha. Já pensou se eu deixo ela sozinha por alguns instantes, ela chora e ele deixa ela se esgoelando lá? Ou se ela cai, eu não vejo e ele não a levanta? Ou se ela se engasga sem eu ver e ele não ajuda?

_Eu vou terminar com o Lucas._Sussurro.

_Você disse o quê?_Escuto a voz do Tomaz ao meu lado. Ele parecia não acreditar no que eu disse.

_Me leva pra casa, por favor._Digo procurando meu celular dentro da bolsa.

Ele assente e então vejo um sorriso contido brincando em seus lábios. Não dou bola pra isso e então digito uma mensagem pro Lucas.

Preciso falar com você. É urgente. Avisa assim que estiver voltando do trabalho. Tchau.

Envio a mensagem e guardo o celular na bolsa. O carro para na frente do prédio e então eu olho pro Tomaz.

_Obrigada por me fazer enxergar certas coisas._Sorrio tocando em seu rosto._Obrigada mesmo.

_Eu sempre vou estar aqui, Bianca. Liga sempre que precisar. Não esquece que eu te amo. Corrigindo, amo vocês.

Sorrio mais uma vez e saio do carro agradecendo a companhia. Entro no prédio com um sorriso bobo nos lábios.

Quem em sã consciência está prestes a terminar um namoro e está feliz desse jeito?

É, eu mesma. Esse namoro foi um dos meus maiores equívocos. Equívoco esse que vou consertar hoje.

Encontro com Simonie no elevador, a síndica do prédio. Ela ainda tem aquele cheiro forte de bebida e um batom escuríssimo nos lábios.

_Aquele bonitão que anda transitando nesse prédio é mesmo seu ex-marido?_Há interesse claro em sua voz.

_Sim, meu ex-marido. Não se preocupe.

_E por que eu haveria de me preocupar? Esse prédio precisa mesmo de novas visitas. Caso ele queira, indique meu quarto pra ele. Amo fazer massagens._O elevador para e abre a porta._Até mais, Bianca.

Saio do elevador o mais depressa que posso afim de fugir da velha assanhada. Que mulher esquisita!
Ainda bem que vou sair daqui, desse prédio. Ela é mais louca que... Não tenho ninguém pra comparar.

Assim que abro a porta, meu celular vibra anunciando uma nova mensagem. Tiro o celular da bolsa e jogo a mesma em cima do sofá. Abro logo a mensagem que tem como remetente o Lucas.

Oi, gracinha. Hoje eu chego às 18hrs. Até mais. Beijo.

Que bom! Já não precisarei esperar tanto... Até porque não tenho muito pra falar.

***


O que estão achando da história? É a mais leve que já escrevi até agora👏

Até o prox cap💋

Tentando recomeçar - Duologia Recomeço  Where stories live. Discover now