Capítulo 1 | A Energia que existe entre nós

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Aimee

— Aimee, o que você pretende fazer depois que encontrar um emprego? — Lorraine perguntou, e eu ergui o olhar para fitá-la.

Ela estava diante de mim, deixando suaves batidas de blush em minhas bochechas.

— Eu quero sair da boate. — Pontuei seguramente. — Quero me afastar de Justine e começar uma nova vida longe de tudo isso.

— Você desistiu de dançar? — Lorraine indagou, virando o corpo sobre a cintura em direção a maleta de maquiagens.

Eu não tinha desistido de dançar, porque adorava fazer isso. Havia toda aquela sensação de liberdade. Parecia que os meus pés flutuavam quanto dançava. Mas não queria ser objeto de exibição para o tipo de plateia do the blue room.

— Eu não estou fazendo faculdade para viver disso por mais do que mais algumas semanas. Eu estou cansada de ser vista como apenas um corpo, Lorraine, eu quero ser notada pela minha inteligência. — Assumi com frustração.

Depois que sai da casa da minha tia, eu precisava dançar na boate para manter as minhas despesas e pagar a faculdade. De manhã trabalhava como garçonete no Starbucks, de tarde ia para a faculdade e de noite eu dançava.

Felix, um dos seguranças da boate, abriu a porta sem bater e notificou:

— Sua hora. — Ele apontou para mim e deixou a porta aberta quando saiu.

Puxei mais a gola do hobby e senti as minhas mãos esfriarem com a apreensão. Era a minha vez de dançar, e eu só podia torcer para que fosse para uma pessoa com pelo menos um pouco de bom senso.

— Acho que de todos os motivos. Esse é o que mais me motiva a sair... — Confessei depois de analisar o meu estado. — Essa apreensão que sinto toda vez que preciso atravessar aquela porta. Esses homens idiotas...

— Você já falou com Justine que vai sair? — Ela perguntou quando eu me levantei da cadeira.

Neguei com um gesto de cabeça. Eu não falaria. Esperava simplesmente dizer que não trabalharia mais aqui.

— Você sabe que você é uma das garotas mais lucrativas, e você não faz mais nada além de dançar. Eu não sei se ela vai aceitar isso assim tão fácil...

Eu também não sabia, mas também me recusava a pensar sobre nisso. Era a minha vida. Isso não se tratava de Justine ou do que ela vai pensar ou como vai reagir quando soubesse. Eu precisava pagar um apartamento para mim, porque não podia mais lidar com essa família fria e cruel que só conseguiam me enxergar como uma intrusa.

— Eu sei. — Suspirei antes de me levantar da cadeira giratória do camarim e olhar para Lorraine. — Eu só espero... — Pausei com frustração, erguendo e soltando o robe que havia em meus ombros para caírem. — Mas eu não posso pensar nisso agora. — Acrescentei, deixando o robe para trás no camarim.

Apenas esperava que as coisas mudassem... Tenho certeza que minha mãe não estaria orgulhosa se me visse agora. Mas... mas eu não podia pensar sobre isso.

Enfrentei o corredor escuro que dava para o salão da boate e passei a mão pelos cabelos, levando-os para trás da orelha enquanto seguia pelo caminho. Na porta para o rool, Felix ergueu o braço e entregou-me a máscara da noite.

Ele ergueu o nariz, indicando o tablado. Aquela era a minha posição esta noite.

Passei o elástico por trás da cabeça e posicionei a máscara negra sobre os olhos. A máscara era para que ninguém soubesse quem eu era. Porque eu queria ser levada a sério quando começasse em um emprego de verdade, e isso não aconteceria se alguém me reconhecesse. Justine não sabia disso, ela não poderia saber, pois, com certeza daria um jeito de me fazer dançar de cara limpa. Só a simples possibilidade fez a minha garganta se apertar.

Eu estava entrando no meu último período da faculdade. Isso chegaria ao fim. O pensamento fez meu coração se acalmar, e eu aproveitei isso para caminhar até o meu posto.

Subi os três degraus que me levariam ao tablado e me posicionei de costas para as pessoas da boate.

A música começou a tocar e um canhão de luz estava posicionado diretamente sobre onde eu estava. Odiava quando isso acontecia, porque mais pessoas do que deveriam me assistiam.

No geral, eu não dançava para muitas pessoas. Na verdade, eu dançava para dois, no máximo. Justine me pagava uma pequena porcentagem do que eles pagavam a ela. Mas eu não podia reclamar, porque era isso ou nada. Foi o que ela disse quando eu pedi um emprego na boate. Eu não queria ser dançarina. Na verdade, pensei em limpar, servir ou qualquer outra coisa que não me expusesse desse jeito, mas eu já tinha frequentado uma academia de dança quando ainda mais nova e ela decidiu usar isso contra mim depois de me apalpar e afastar os meus cabelos para longe do pescoço.

No primeiro momento, pensei em recusar, mas se quisesse sair da casa de Justine e me afastar de seu filho insano, teria que me submeter a isso.

"Qualquer coisa para me afastar dessa família maluca!", conclui pouco antes de aceitar o emprego de dançarina.

Era pouco, mas foi o bastante para que pudesse conquistar um pouco de paz e liberdade.

Wow da Zara Larsson ganhou um ritmo bom para entrar com a dança e assim que me senti confortável, comecei a movimentar o corpo em uma das coreografias preparadas.

Eu sentia olhos quentes sobre mim, subindo e descendo das minhas costas para as nádegas.

Não queria olhar para a pessoa que havia comprado a dança, mas eu precisava manter contato visual. Essa era mais uma das exigências de Justine. "Contato visual te aproxima do meu cliente.", não que eu me importasse em me "aproximar" dos clientes da boate, porque eu queria que eles fossem para o inferno, mas eu precisava me virar. Eu tinha que olhá-lo pelo menos uma vez. E foi com a parte mais intensa da música que eu virei o corpo sobre o calcanhar, mantendo a coreografia.

E lá estava o homem, parado, sentado. Olhando descaradamente para mim.

Ele tinha pagado para me ver, e estava aproveitando cada momento disso, enquanto me engolia com os olhos.

Homens bonitos como esse sabiam que eram bonitos e tinham uma confiança inflada o bastante para atropelar qualquer um que entrasse em seu caminho. Eles eram arrogantes e prepotentes o bastante para conseguirem tudo o que querem. Eu sabia disso melhor do que ninguém, mas, então, porque eu não conseguia parar de olhar para ele também?

Continuei a dança enquanto o encarava e me senti convidada a quebrar a coreografia e engatinhar até perto dele.

Olhos negros estreitos, lábio inferior levemente mais volumoso que o superior. Grandes cílios tornavam seus olhos mais obscuros e misteriosos do que talvez poderiam ser. Maxilar marcado e rosto expressivo, ele era bonito, mas não era isso o que cativava. Alguma coisa na amargura que emanava dos seus olhos me fiz sustentar o olhar na minha investigação.

E quando eu menos esperei, a mão dele estava sobre o meu rosto. Quente e eletrizante.

Eu pensei em me afastar, mas estava tão hipnotizada que não fui capaz de sair até que a música fosse cortada.

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⏰ Last updated: Oct 26, 2021 ⏰

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Bela FraturadaWhere stories live. Discover now