Capítulo Dezenove.

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Narrativa do livro, - a partir de agora- será feita a partir do ponto de Vista de Gabriela.
A narrativa não será mais no presente. Mas no futuro, com visão sobre o passado.
(Reta final)

                        -*-*-*-*-

*Gabriela Narrando*

  Lembro-me como se tivesse acontecido ontem....

2 dias haviam se passado. O dia do enterro de minha mãe chegara. Já haviamos deixado tudo pronto. Éverton fizera mais que eu pelo velorio. Seria simples. Eu e ele.

Ele fizera questão de ficar todos momentos antes do velório, ao meu lado. Apenas naquele melancólico dia, em que veria minha mãe por uma última vez, que me deixara só, para associar meus pensamentos.

Estava de frente para o espelho, encarando meu reflexo. Meus olhos verdes estão obscuros, sem vida. Minha alma abatida fazia com que a dor da perda ribombasse por todo meu ser.

Meu coração estava cansado e dolorido, como se tivessem amarrando um torno a sua volta.

Meus olhos estavam pesados, grandes e profundas olheiras escureciam ainda mais meu olhar.
Minha cabeça doia. Sentia como se alguma veia latejasse. A dor pulsante, por vez ou outra, obscurecia minhas vistas. - resultado de 2 noites e meia sem dormir direito.-

Uma, duas, três batidas na porta. Suspirei e desci o lance de escadas lentamente.

Meu corpo estava pesado. Minha aparência e modo de andar lembraram-me de um zumbi.

Abri a porta. Um sorriso triste e um par de olhos azuis-cobalto estavam diantes de mim.

Forcei um sorriso. Lágrimas pesadas se formavam em meus olhos. Seus braços me envolveram. Me permiti desfrutar do abraço consolador de Éverton.

Estava tão bom ali em seus braços.... A paz que ele me passava era surreal. Mas voltei a minha realidade.

Minha mãe estava morta e eu não tinha ninguem além de Éverton. Meu pai estava a solta, me procurando e sabe-se lá o que faria se me encontrasse. Miguel havia me achado, e estava por perto. Eu não tinha família. Tinha um amigo me ajudando, e duas pessoas que queriam meu pior.

Funguei e respirei fundo, engolindo meu choro. Hoje, quando olho para tudo que passou, me pergunto o por
quê de ter chorado tanto. A dor era horrível, mas não vejo mais motivos para tanto drama. Mas voltando a melancolia daquele dia...

Éverton chamou um Uber, tranquei a casa. Desde nosso primeiro beijo, não tinhamos mais tido vislumbre da magia de cores. Não havíamos mais nos beijado também.

O carro chegou. Durante todo caminho nao falamos nada.

Chegamos no cemitério e andamos lentamente até a sala cinza e fria que tinha do lado de fora, em frente a entrada.

O caixão em pintura vintage de madeira escura, acomodava minha querida e falecida mãe. Sua pele estava pálida, sem cor. Um vestido creme de rendas a deixava ainda mais pálida.

Me aproximei lentamente do caixão. Éverton me abraçava por trás. Toquei no rosto frio de minha mãe. Um bolo se formou em minha garganta. Era como se uma esponja seca estivesse presa ali. Mas nem me dei o esforço de tomar água para ver se passava.

Fiquei ali, imóvel, encarando o corpo sem vida de minha mãe. Cenas rodavam na minha cabeça. Meu cérebro montava a cena de sua morte, tentando visualizar o ocorrido.

Quando Deus Quer - Livro 1 da Série: O Querer De DeusWhere stories live. Discover now