Semeando

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Tinha de fato se molhado, não fosse a capa de chuva estaria com o corpo todo encharcado, aqueles guarda-chuvas pequenos eram mesmo inúteis

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Tinha de fato se molhado, não fosse a capa de chuva estaria com o corpo todo encharcado, aqueles guarda-chuvas pequenos eram mesmo inúteis. Assim que saiu da entrada do prédio, o vento havia virado o objeto, - literalmente - do avesso.

Pelo menos tinha conseguido comprar os remédios que o loiro precisaria, ainda não sabia de fato porque tinha tanta necessidade em ajudá-lo, afinal, ele era um estranho. Mas mesmo antes de saber parte de sua história, Otabek já sentia-se responsável por tal ato,acreditava em karma e destino, e Yuri tinha aparecido em sua loja. De todos os lugares na cidade, ele tinha vindo até ali. E isso não era apenas acaso.

Otabek soube assim que viu aqueles olhos.

Largou os calçados molhados ainda na escada, pra não molhar ainda mais o chão de casa, e seguiu porta a dentro. Um cheiro delicioso tomava o local, sentiu seu estômago roncar. Devido ao movimento intenso naquela tarde, não tivera tempo de fazer um lanche. Então tinha apenas almoçado.

— Voltei - anunciou assim que cruzou a porta, largando a sacola com os remédios sobre o sofá - O cheiro está ótimo.

Quando virou-se em direção à cozinha encontrou o loiro com os cabelos molhados, usando apenas um roupão branco, em frente ao fogão. Mexia em uma panela, fingindo desinteresse na fala do moreno, mas Otabek podia ver suas bochechas levemente vermelhas.

— Eu encontrei algumas coisas na geladeira... Espero que não se importe, pensei em adiantar as coisas enquanto você estava fora.

— Não se preocupe com isso, eu só vou tomar um banho, eu acabei me molhando um pouco. - tirava a jaqueta de couro, em seguida a camiseta, Yuri virou-se de costas, envergonhado. Foi quando Otabek percebeu que não estava sozinho, como sempre. - Me desculpe, é o costume...

— Não se desculpe, é a sua casa. - ainda de costas começava a lavar a louça - tome seu banho, ainda vai demorar uns dez minutos para o macarrão cozinhar. A propósito, eu peguei esse roupão, porque minhas roupas estavam sujas e...

— Oh, eu acabei esquecendo de separar uma muda pra você. Eu vou deixar em cima da cama. Espero que sirva.

— Obrigado! - os esmeraldinos viraram-se, encarando os castanhos mais um vez, e Otabek soube que aquele agradecimento não era só pelas roupas.

(***)

— Não acredito que você conseguiu fazer isso com metade de uma calabresa - o cazaque repetia pela terceira vez o macarrão que o loiro fizera.

— O segredo não é a calabresa, é o creme de leite, e o brócolis. - respondeu orgulhoso.

— Mesmo assim...

O resto do jantar seguiu de maneira calma, conversaram trivialidades sobre temperos, e Otabek elogiou muitas vezes a comida do loiro, que estava deveras encabulado.

Ao fim, Otabek lavou a louça e Yuri secou.

O moreno ria da camisa branca que emprestara ao outro que mais parecia um vestido, dizendo que procuraria uma calça que desse para amarrar na cintura, já que o moleton que achara estava lhe caindo.

Entre Flores & EspinhosWhere stories live. Discover now