Raiva

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  Ah, as férias. Acabaram tão rápido quanto começaram. Detesto narrar essa parte, pois é a única na qual não sei 100% da história. Afinal, como posso ter certeza... quer dizer... hm... bom, continuando a história.
  Potter estava preocupadíssimo. Ora, como pôde ele deixar que Voldemort retornasse justamente naquela hora? Se tivesse sido um pouco menos generoso, Cedrico poderia ter sobrevivido. Aquilo era muito para ele.
  Estava sentado em um dos balanços de um velho parque, levemente destruído, enquanto Duda e alguns de seus colgas se divertiam às custas de algumas crianças que ali estavam brincando. Estava preocupado, sua cabeça funcionando sem descanso, olhando para o chão e suspirando.
  Duda aparentemente já havia amedrontado todas as crianças do parque, adotando Harry como sua nova vítima. Os capangas do primo aparentemente achavam hilário as piadinhas sobre como Potter era esquisito e não tinha família, mas isso estava começando a irritar o bruxo.
  -- O que, Potter? Vai chorar? Vai chamar a mamãe? Ah, esqueci! Ela morreu, não foi? Ela morreu, Pottynho?
  Nesse momento, Harry, que já estava sem paciência, perdeu todo o controle. Levantou-se rapidamente e apontou a varinha para o queixo de Duda, mesmo sabendo que se ele fizesse um feitiço poderia ser expulso da escola. Queria apenas amedrontá-lo.
  Imediatamente, o céu ficou escuro e o ar de verão ficou frio. As nuvens se aproximaram escuras rapidamente, e Duda olhou para o céu desesperado (isso por que ele sabia sobre Harry ser um bruxo, agora imagine a cara dos amigos dele).
  -- O que você fez?
  -- Eu... eu não fiz nada...
  Os dois capangas saíram correndo, assustados com o repentino mau tempo, enquanto Harry e Duda olhavam paralisados para o céu.
  -- Vem, vamos sair daqui, isso não pode ser bom.
  Saíram correndo e se encontraram em um beco escuro. Da boca dos dois começou a sair uma pouca neblina branca, indicando que o ambiente estava anormalmente frio, e na cabeça de Harry, pensamentos horríveis se passavam, levando a esperança, a alegria, a vontade de viver.
  -- Merda... Dementadores.
  Antes de poder raciocinar, Duda já estava no chão, e um dementador sobre ele. Nunca se sentiu tão apavorado em sua vida. Aquele ser mágico horroroso sobre ele, sugando toda a sua energia, pensou que fosse morrer.
  Logo uma luz percorreu o beco e acertou em cheio a "criatura", que foi jogada para longe, e depois fugiu, voando para o céu escuro. Ao olhar para o lado, Duda viu nas mãos de Potter seu "objeto mágico". A varinha apontava diretamente para onde o dementador estava segundos atrás, e logo que Harry viu que seu primo estava parcialmente acordado, correu até ele. "Potter... me salvou?"
  O grifinório correu até o ser ridiculamente grande à sua frente, e o carregou até a casa dos Dursley. Digo... carregou como pôde: um braço do garoto sobre os ombros de Harry, as pernas mesmo moles ainda no chão e a cabeça apoiada nos próprios braços.
  Como foi cobrado o menino que sobreviveu. Culpado pela situação de Duda, xingado e trancado novamente sob a escada, mesmo que aquele não fosse mais seu quarto. Ouviu um grito de Tia Petúnia na cozinha e destrancou-se rapidamente, usando a força, já que não era mais uma criança amedrontada.
  Chegando ao local estacou. Em choque. Boca seca, garganta apertada, rosto pálido. Desespero puro. Era uma carta do Ministério. Só agora que a adrenalina passara ele realmente prestou atenção no que havia acontecido... ele usou um Patrono na frente de um trouxa.
  Pegou a carta e leu. Estava "convidado" a um tribunal, no qual, aparentemente, seria discutido se ele poderia ou não voltar para Hogwarts. Se encontrava em estado de completa raiva afinal, se não fosse por ele, Duda poderia estar morto agora. Subiu correndo as escadas, ignorando os gritos de tio Válter.
  Enquanto isso, em uma certa mansão, o clima era um pouco diferente. Silêncio reinava. Apenas alguns passos ecoavam pelas paredes e chegavam nas orelhas de algumas poucas pessoas vestidas de preto.
  Uma garota caminhava lentamente, sua capa se arrastando no chão, um colete apertado preto e uma tatuagem no braço. Naquele dia fazia dezessete anos. Ninguém se lembrava, é claro, afinal, todos estavam ocupados com alguma coisa. Narcisa rodeava Draco 24 horas por dia, não querendo deixar o filho sozinho, Lúcio trabalhava com seus aliados a favor de seu Lord, sua mãe nem ali estava, sempre andando com a velha cobra sem nariz, e por falar em cobra... tinha Naguini.
  Aquele bixo asqueroso deslizava pelo piso gélido da mansão livremente, como se a casa fosse dela. Naguini já havia atacado inúmeros animais, inclusive já havia matado sua gatinha, Melly. Cobra nojenta. Sua vontade era cortar-lhe ao meio.
  Tomava seu café da manhã, calmamente, em silêncio. Seus cabelos rebeldes caindo por cima de seu ombro e quase alcançando a comida. Olhava para a sopa que os elfos tinham cozinhado, que parecia mais apetitosa que os ovos mexidos, mas ela estava muito quente. Sentiu um arrepio de susto, quando algo passou por seus pés por baixo da mesa. "Peste" pensou a menina.
  Respirando fundo, ela virou-se para os ovos, que pelo menos não lhe queimavam a língua. Draco chegou e se sentou. Faltava apenas uma semana para o início das aulas, e eles precisavam passar no Beco Diagonal. O garoto pediu um suco de abóbora para os elfos, que imediatamente correram para a cozinha. O sonserino estendeu a mão e segurou a de sua prima. No silêncio tremendo, até mesmo um sussurro podia ser ouvido com precisão: "Feliz aniversário".
  Willow sorriu, acariciando levemente a mão de Draco, como se agradecesse. Mas o sorriso durou pouco, já que, entre os dois adolescentes, passou uma cobra. Com ódio no olhar, Black virou a tigela de sopa fervendo sobre o animal, que soltou um aflito ruido de dor e se encolheu, arrancando dela um sorriso cruel.
  -- Já ganhei meu presente hoje. Vamos às compras, Draquinho?
  Mesmo tentando segurar, o riso foi incontrolável. Ambos seguiram para a chave de portal mais próxima e foram sozinhos ao Beco Diagonal.
  À noite, quando chegaram em casa, depois de ter um dia parcialmente divertido, foram advertidos logo na entrada. Bellatrix Lestrange esperava de braços cruzados diante da porta principal.
  -- Qual dos dois PIRRALHOS fez essa brincadeira de mal gosto com Naguini? Pobre cobra... apenas tentando ter um momento de paz... quando...
  -- Por que se preocupa com a cobra? Não é como se fosse fazer muita diferença pra você. -O loiro se pronunciou- Além disso, como sabe que fomos nós?
  Bellatrix se aproximou:
  -- Porque, pequeno Draquinho, nenhum dos outros faria tamanha estupidez! Não sabe que a cobra é muito íntima do Lord das Trevas? Ele sentiu-se queimar por SUA CULPA, CRIANÇA INÚTIL!
  -- E...ele sentiu... -Os olhos de Willow se arregalaram, em profundo espanto- NAGUINI!?
  -- O que tem? -Draco perguntou sem obter respostas. Assim que Bella se virou para a filha, essa tratou de disfarçar imediatamente sua cara de susto.
  -- Ora, fui eu quem queimei aquela maldita cobra, pare de gritar com ele. Saia da minha frente.
  Passou por todos na sala de estar sem olhar mem mesmo para os lados. Seus olhos focados em frente, rumo ao seu quarto. Estava cansada daquele dia. Lestrange vinha logo atrás, gritando e lançando feitiços na filha, mas ela estava longe o suficiente para que sua mãe errasse todas as tentativas. "Um 'meus parabéns' seria suficiente, mas aparentemente ela não está afim" pensou amargurada, trancando a porta do quarto com um feitiço.
  Respirou fundo, não queria ver nenhum parente, nem mesmo Draco. Pegou sua varinha e escreveu uma carta de entrega imediata à Blásio Zabini.
  Oi Blás
  Estou me sentindo tão sozinha hoje... queria muito te ver... será que... não posso passar a noite na sua casa? Com muito amor, Willow.
  Enviou. Blásio tremeu ao ler a carta, seu corpo todo arrepiado, seus olhos escuros de luxúria. Não demorou nem dois minutos para enviar a resposta que a garota queria.
  Claro princesa, estou te esperando.
Blás
  Willow sorriu e se preparou para partir. Não é como se fosse ter uma noite de sono tranquila, mas, pelo menos, quando fosse dormir teria paz e sossego, e seria longe daquela casa.

(Gente desculpa, eu postei sem revisar e depois vi que tinha muito erro, tive que retirar pra concertar <3)

Willow Black LestrangeOnde histórias criam vida. Descubra agora