Capítulo 12.

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"THERE'S A MILLION REASONS WHY I SHOULD GIVE YOU UP BUT THE HEART WANTS WHAT IT WANTS. "


Busquei John pelo apartamento e o encontrei totalmente compenetrado na cozinha, mexendo alguma coisa numa panela relativamente grande.

– Então... – Quebrei o silencio do ambiente e ele se virou. – se eu soubesse que teríamos um jantar assim teria vestido algo melhor.

Olhei para baixo chamando atenção dele para meu moletom preto manchado de água sanitária. John de vez em quando estragava minhas roupas devido a suas péssimas habilidades com a lavadora. Mesmo que seja algo extremamente simples, ele consegue se confundir de quando usar ou não o alvejante. Tenho uma surpresa desagradável toda vez que ele volta para casa com as roupas que lavou fora.

Qualquer pessoa que vê John cuidando das minhas roupas e comprando coisas femininas deve achar que ele é um namorado perfeito. As pessoas não têm a mínima ideia do que está por trás de tudo isso.

– Você está ótima, April. E desculpe novamente pelas manchas. – Sorriu sem graça e voltou a dar atenção à comida. – E olha como eu estou... Essa calça é velha.

Reparei na peça e realmente estava desbotada. Mas a verdade é que nenhuma roupa dele era nova. Todas tinham a mesma aparência gasta e opaca. John sempre estava de jeans, camiseta e botas de cano curto. Isso quando se dava o trabalho de usar a camiseta. Inclusive, estava cozinhando sem ela. Isso poderia ser considerado anti-higiênico para alguns, mas eu não liguei. Sentei-me à bancada e continuei observando-o.

Os hematomas estavam quase imperceptíveis. Deve ter sido uma semana tranquila no "trabalho". Reparei nas linhas de suas costas bem traçadas. Os músculos definidos se movimentando à medida que ele mexia o que tinha no fogo. Não pude deixar de reparar na falta da arma que sempre fica em sua cintura. Onde ele teria guardado? A ocasião era mesmo especial pelo jeito. Eu me sinto ameaçada constantemente por aquela porcaria ao alcance das mãos de John, pronta para me matar ao menor sinal de rebeldia. Talvez ele não quisesse que eu me sentisse assim, pelo menos por uma noite.

Ele se virou um pouco e percebi sua expressão séria e concentrada. Cheguei mais perto e o cheiro de algo assando me acertou em cheio. Respirei fundo aproveitando o aroma agradável. Tentei olhar o que tinha no forno, mas um papel alumínio envolvia o que quer que estivesse lá.

– O cheiro está ótimo. – Elogiei sendo totalmente sincera. – Posso saber qual o cardápio dessa noite?

– Carne assada, vagem, purê de batatas e milho.

– Hum... – Não fiquei muito impressionada. Nada muito difícil. É basicamente o que toda família americana de classe média come no jantar. – O básico. – Expressei meu pensamento para ele. Um ar provocativo e ligeiramente ofendido apareceu em seu rosto no mesmo instante.

– O segredo está no molho que farei para a carne. Você verá. – Ele piscou charmosamente para mim.

Rodeei a bancada da cozinha espiando tudo que ele tinha espalhado desleixadamente. Examinei os ingredientes e temperos que ele estava usando. Fiquei atrás dele espionando o tal molho. Não consegui identificar nada que eu já conhecesse. Até porque a diferença de altura entre mim e John me impedia de ver por cima de seus ombros, então, eu estava espiando por debaixo de seu braço.

Fechei meus olhos, puxei bastante ar para meus pulmões e soltei pela boca. Eu não podia acreditar que iria comer algo que não fosse industrializado. Era como um sonho.

DARK PARADISEOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz