33° Uma amizade comprometida

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Eu estava curtindo a brisa suave daquele começo de tarde em cima do telhado de casa em frente a janela do meu quarto enquanto os vizinhos caminhavam despreocupados na rua e os passarinhos cantavam sem sincronia em cima dos galhos de algumas árvores ali perto. Eu estava sorrindo atoa enquanto ouvia dentro de casa a voz exagerada de papai comemorando a vitória do time de futebol a quem ele torcia, junto a ele estava Mike que alegava que o juiz era ladrão

Olhei para baixo e vi regando as flores no jardim, Quinn e Lizzy enquanto conversavam sobre algum assunto que não conseguia ouvir da onde estava, mas aparentemente parecia ser um assunto divertido pois ambas riam em meio as conversas e gesticulavam enquanto pareciam recordar memórias, era tão bom ver o quanto elas se davam bem, na verdade era ótimo ver o quanto todos estavam se dando bem, como se não faltasse paz para nós, como se não soubessemos oque significa brigar e sentir rancor

Era terça e como todos os feriados, Mamãe ligou para todos os meus amigos e para Byron para que nos reunissemos para um almoço. Finalmente éramos todos próximos e felizes afinal de contas, não havia intrigas, não havia problemas, eu tinha uma família perfeita

— Então, porque você não está com os outros? — ouço a aconchegante voz de Michael atrás de mim e logo o mesmo está pulando a janela e vindo ao meu encontro

— estava refletindo — respondi sincera

— sobre oque? não! Não diga, deixa eu adivinhar — ele faz uma pausa dramática para responder e sorri sapeca assim que encontra sua resposta — Estava refletindo sobre o quanto é feliz e realizada por eu ter aparecido na sua vida de novo

— Claro, exatamente isso — ironizo achando a confiança dele uma comédia

Mas eu não podia negar, Michael também era um dos motivos da minha felicidade, seu humor me contagiava sempre, sua maneira de vencer seus problemas e ainda sorrir no final é invejável

— eu sabia, você não me tira da sua cabeça nem dormindo — ele diz com um sorriso convencido

— como é? — pergunto confusa

(...)

— você dorme feito uma pedra — acordo com Susane me balançando na cama

É claro que era apenas um sonho, eu ainda estou neste inferno

— estou atrasada? — pergunto me levantando da cama

— não, Gael não veio ainda, mas não abusa, melhor se arrumar — ela diz em alerta

— ok mandona — brinco e ela sorri

Desde que nos confiscaram os celulares Susane se tornou para mim uma amiga aqui dentro, ao passar dos dias ela me passou confiança com sua preocupação na minha segurança e como no primeiro dia, veio me defendendo de alguns idiotas mal educados, afinal de contas Susane é mesmo uma amiga e quem sabe talvez uma aliada

Vesti uma calça jeans preta e os tênis que cheguei aqui, coloquei a camisa cinza que a maioria das pessoas que trabalham aqui usam e não demorou muito para ouvirmos as batidas ignorantes na porta. Abri a mesma e encontrei Gael e sua cara de poucos amigos de sempre, eu já estava enjoada de vê-lo todos os dias de manhã, não é alguém tão agradável de se ver assim que acorda. Apesar de tudo, eu parecia ter conseguido ganhar a sua confiança, tanto que foram poucas, mas o suficiente de vezes em que Gael permitiu que eu fosse ao banheiro e ao refeitório sem a sua ilustre companhia em meu encalço e para a minha situação, essas permissões é muita sorte comparado as circunstâncias atuais

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