capítulo 1

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A vida nem sempre é justa, -grande forma de se começar um diário eu sei- para falar a verdade na maioria das vezes a vida é uma grande filha da puta, não acredito nessa história de coisas ruins acontece com pessoas boas, é tudo papo para boi dormir.

Minha vida sempre foi uma merda, tragédias, desastres e sofrimento sempre me cercarão e olha que estou longe de estar me fazendo de vítima, essa é minha mais verdadeira realidade. Fugir... Fugir sempre foi o meu único e primeiro pensamento quando as coisas apertavam, normalmente eu escapo por pouco, pouco mesmo, até hoje carrego comigo a cicatriz causada pelo arame farpado durante minha fuga do meu primeiro abusador.

Eu que tinha menos de 6 anos, estava na fazenda dos meus avós, tínhamos montado as armadilhas para pegar caranguejos e eu estava super ansiosa para pegar um, quando deu o horário eu e minha prima fomos buscar as armadilhas e nos separamos para cobrir mais terreno, tinha algumas armadilhas para além do terreno da nossa fazenda nos fundos onde o mato era alto e cheio de arvores espinhosas depois das cercas de arame farpado, eu não tive medo apesar de estar escuro mesmo ainda sendo dia, já tinha ido ali várias vezes -sabe como é, no vizinho tinha os melhores e maiores caranguejos- estava feliz quando encontrei todas as armadilhas com caranguejo dentro, tão distraída colocando-as no saco que carregava comigo que nem notei que tinha mais alguém no escuro até ouvir um barulho - agora sei que foi um gemido- ele estava no canto a poucos metros de mim com o pênis de fora se tocando, eu fiquei apavorada quando vi ele, era grande e estava com o rosto encoberto pela sombra, quando reparou que eu tinha visto, ele sorriu e perguntou se eu não queria tocar, eu continuei abaixada segurando forte o saco com as armadilhas, ele sorriu ainda mais e disse que eu iria gostar, que se eu me comportasse seria muito bom comigo, foi ai que ele deu o primeiro passo na minha direção, foi como se algo tivesse tomado meu corpo e então eu corri, corri como se minha vida dependesse disso - e dependia- passei pelo arame tão rápido como nunca o tinha feito e continuei correndo até chegar na casa onde estava minha família segurando firme o saco que nem sei como ainda agarrava-, eu estava esbaforida, lembro de sentir meu corpo gelado e tremelicante, minha mãe, vó, tia, prima e avô estavam lá mas ninguém pareceu notar meu estado, e eu... nunca consegui contar essa história a ninguém se não fosse a cicatriz que carrego dois dedos acima do meu joelho direito, com exatos dois centímetros de comprimento muito provavelmente iria acreditar que tudo não passou de um pesadelo, pesadelo que me seguiu por muitos anos.

Esta sendo muito difícil escrever isso, com o passar dos dias tentarei contar mais algumas das "tragédias" que fizeram ser quem sou hoje e que não desejo nem pro meu maior inimigo.





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