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O metrô das 6 horas era sempre lotado e isso fez Louis se arrepender de procrastinar tanto na casa de seu amigo. Ao entrar num pequeno espaço entre uma cadeira e uma senhora, ele puxa sua bolsa para frente e começa a divagar sobre o que conversara com seu amigo: "Você não deveria ser tão fechado, Tomlinson, já viu o tanto de pessoas que você perde a oportunidade de conhecer por medo?". A voz de Zayn parecia clara em seus pensamentos enquanto remoía essa informação. Era verdade: Louis era extremamente fechado a novas experiências e pessoas e tudo isso por causa do medo que reinava em sua infância. A superproteção de sua mãe o deixou extremamente medroso quanto a basicamente tudo.

O peso da alça fez-se presente no ombro esquerdo do garoto, o que fez ele mudar o lado da alça e depositar o peso em seu outro ombro. A expressão de dor, seguida de um curto ofego, que Louis fez quase inconscientemente, chamou a atenção de Harry, o passageiro que se encontrava sentado na cadeira ao lado.

"Você quer que eu segure sua bolsa?" O garoto subiu o olhar dos livros para o rosto de Louis e falou com a voz baixa, recebendo um cenho franzido do rapaz em pé, que parecia não ter escutado por causa dos fones. Harry coça a garganta levemente e repete num tom mais alto, podendo assim ser ouvido por Louis.

"Não, não precisa. Eu aguento", o rapaz começou a recusar porém o barulho de seu livro escapando de seus curtos dedos e caindo no chão logo foi ouvido, junto de um risinho baixo de Harry. Louis recolhe o livro rapidamente tentando não corar de vergonha. Louis acharia a risadinha presunçosa se não estivesse tentando não passar mais vergonha ainda. Em seguida, retorna à posição inicial e entrega sua bolsa ao rapaz. Um suave obrigado saiu de seus lábios, sendo respondido com um leve sorriso.

A viagem até sua estação nunca fora tão rápida quanto nesse dia já que Louis estava extremamente ocupado tentando não se constranger, muito menos olhar demais para o estranho que agora segurava todos os seus pertences e ainda assim lia um livro desconhecido. Ao ouvir o nome de sua parada ser falado pela voz mecânica, ele faz questão de sair rapidamente pelas portas, preocupando-se em não parecer vulnerável ou um alvo fácil, e estava prestes a puxar o celular do bolso para escondê-lo em sua bolsa quando percebe a estranha leveza em seus ombros.

Louis ouviu a voz do garoto lhe chamando e tentou subir correndo a metade do lance de escadas que já havia descido, chegando ofegante ao topo só para ter a decepção de ver o garoto de pé em frente à porta fechada do metrô estendendo sua bolsa em sua direção. O transporte começou a se movimentar para longe porém Tomlinson não parou de olhar atônito enquanto os vagões passavam.

Ele havia perdido sua bolsa. Havia a esquecido no colo de um desconhecido. Todos os seus livros de valor e até mesmo suas informações pessoais estavam naquela bolsa, que agora estava em posse de um garoto bonito num vagão de metrô.

Após voltar para casa cabisbaixo e à beira de uma crise de choro, Louis se jogou em seu sofá, afundando seu rosto na almofada felpuda e grunhindo de raiva ao lembrar de seu descuido. Sentiu uma vibração em seu bolso da calça mas não estava disposto a atender a ligação de Malik pedindo desculpas pela dureza das palavras, mesmo que no fundo não se arrependa da mensagem passada já que era sua opinião (principalmente por ele estar certo). A vibração não parou até que ele desistisse e arremessasse o celular no outro sofá, levantando-se e procurando algo para comer.

O resto da noite passou normalmente, mesmo que Louis insistisse em se lembrar da distração de mais cedo. Os dias se passaram tediosamente enquanto o garoto continuava a procurar por olhos verdes sempre que andava pelo metrô da cidade, alegando estar a procura de suas coisas. O pensamento no cacheado de olhos verdes foi se intensificando durante o decorrer da semana mesmo que inconscientemente: ele se questionava qual seria o nome do garoto, a idade e até mesmo os hobbies. Perguntava-se sobre o gosto literário do garoto, que em sua memória parecia extremamente imerso num livro de poemas antes dele dirigir a tão odiosa gentileza.

Uma semana inteira se passou e nada de Louis encontrar o garoto. 7 dias e em nenhum momento pode encontrar àquelas orbes esverdeadas entre os rostos das centenas de passageiros que dividiram vagão com ele. Isso já estava o consumindo por dentro já que, além de ter perdido seus livros, ele também se encontrava atraído pelo enigma que era "o garoto do metrô". Ele tentara ir em diferentes horários e até ir ao final da linha e voltar. Tudo na tentativa de achar o rapaz. Porém nada deu resultado. Mesmo sem sucesso algum, chamadas de um número desconhecido apareciam ocasionalmente no celular de Louis, que pensava em tomar coragem para atender e enfim questionar o motivo de tantas ligações. No entanto, a voz de sua mãe aparecia clara em sua cabeça: "Nunca atenda à ligações de números desconhecidos". E assim todo o medo voltava.

Ao chegar decepcionado de mais uma curta viagem no transporte público, ele, como de costume, chuta os vans desgastados e se joga no sofá, passando longos minutos quase cochilando com a cabeça na almofada até que escuta a campainha tocar. O barulho irritante precisou ser ouvido três vezes até que Louis se forçasse a levantar e ir até a porta. Abriu a mesma de forma vagarosa só para ter acesso a uma imagem impressionante: o garoto de bagunçados cachos e belas íris verdes encontrava-se na frente de sua porta com uma expressão de vergonha passando pelo rosto e abraçando a bolsa do rapaz de forma quase protetora.

O queixo do rapaz quase foi ao chão quando viu o que estava tão desesperado para achar durante os últimos dias. E mesmo que ele nunca admita isso para si, encontrar o garoto de olhos verdes também fazia parte do que ele queria reencontrar nesses últimos dias.

"Então, me desculpe se isso parece estranho e bem stalker maluco de série...", o rapaz começa e suas bochechas começam a corar por exasperação, deixando toda a sua fala parecer um monólogo embolado de um garoto nervoso, "Mas eu não lhe encontrei desde o ocorrido e eu tentei contato, já que seus livros pareciam beem caros, mas o telefone de contato nunca atendia. E me desculpe por ficar esse tempo todo com sua bolsa, eu só não consegui lhe achar."

O jovem Louis deu uma risadinha do desespero estampado no rosto e nas palavras do garoto aparentemente mais novo, achando isso extremamente fofo. Ambos estavam estampando emoções muito intensas em seus rostos, afinal ele acabou de ser encontrado pelo garoto do metrô e todas as suas coisas estavam ao alcance dos dedos novamente. O extremo alívio de Louis foi o antídoto perfeito para o rotineiro medo.

"Muito obrigado, de verdade. Eu não sei o que seria da minha vida escolar sem esses materiais...", um silêncio constrangedor permaneceu enquanto eles passam a bolsa um para o outro. Depois de alguns segundos, quando o garoto já decidira ir embora, a voz de Louis se fez presente.

"Você não gostaria de ficar e tomar um chá como forma de agradecimento?", Louis imperceptivelmente havia se inclinado na direção do garoto que já começava a se afastar, ficando na ponta dos pés. O cacheado virou e não conseguiu evitar o sorriso ao ver o garoto na ponta dos pés e com os cabelos bagunçados.

"Eu adoraria, Louis..."

Contra basicamente os 18 anos em que Louis vivera sob os rígidos conselhos de Johannah, essa foi a primeira vez que Louis Tomlinson deixava um desconhecido entrar em sua casa. E eu preciso lhes dizer, caros leitores, ele não se arrependeu de jeito algum.

Oioi meus anjos! Olha eu de novo com fanfic para perturbar vocês! Eu queria agradecer ao @auhouis no Twitter por me permitir escrever essa fanfic. Obrigada por lerem e avisem-me se tiverem alguma opinião/acréscimo interessante à história. Até a próxima!

P.S.: eu estou em processo de revisar essa fanfic após 3 anos porque eu não acredito a proporção que meu bebê chegou. muito obrigada por cada comentário e por gostar da escrita da natália de 16 anos.

Subway (Larry) *Editando*Onde histórias criam vida. Descubra agora