6

5.2K 542 263
                                    

Dias se passaram e Louis começou a evitar seu amigo: a vergonha pelo último acontecimento (e também por todos os sentimentos reprimidos e não correspondidos) o impedia de sequer agir como um amigo digno e responder Harry. Ele agora o tratava como um rosto desconhecido que o observava de longe. As tentativas de aproximação do cacheado eram frustradas já que o mais velho insistia em se afastar cada vez mais. Louis estava se mostrando profundamente  magoado com algo que Harry nem sabia que tinha feito.

Seus amigos tentaram entrar em contato com o mais novo para contar o estado de Louis mas, mesmo que a tristeza dominasse o oceano azul que ele chamava de olhos, o gesto foi impedido. Ele não queria mais Harry em sua vida porque sabia o quão fácil era se iludir com a atenção que os enigmáticos olhos verdes o direcionava com tanta intensidade.

Talvez por isso que andar naquele meio de transporte tenha se tornado um martírio: a ansiedade ao pensar num possível encontro se intensificava agora que era tudo o que ele menos queria. Louis agora descia os degraus apreensivo e só sentia-se aliviado ao ver que sua parte habitual da estação se encontrava vazia. Sentou-se na cadeira e resolveu fechar os olhos, evitando pensar em macios cachos e doces íris verdes. Ele sentiu seu corpo pender para o lado até encontrar com outra pessoa que possuía um cheiro agradável e familiar, aos poucos relaxando quando a tal pessoa procurou ficar em uma posição que deixasse Louis confortável.

O som do seu transporte se aproximando e um sussurro baixo o chamando de Lou o fez acordar do breve cochilo. Ele finalmente abre os olhos, tendo uma imagem de fofos cachos castanho-escuro levemente acariciando seu rosto. Instintivamente ele inalou um pouco do familiar perfume, só parando ao perceber a pessoa se arrepiando e um outro sussurro baixo ser proferido. Suas sobrancelhas se franziram com a possibilidade do desconhecido saber seu apelido. A percepção sobre quem era o moço o atingiu abruptamente, o fazendo dar um pequeno pulo em sua cadeira. Harry, por sua vez, levantou-se e foi até a porta do vagão, entrando após olhar para o amigo, que se encontrava atônito.

Louis escolheu esperar pelo próximo metrô, passando os trinta minutos de espera pensando no que havia acontecido: ele dormira esperando por sua condução e Harry o serviu de apoio. Isso foi um gesto extremamente gentil se considerarmos o tratamento do mais velho para com o mais novo. E esse gesto só colaborou para a consciência dele pesar, afinal, seu amigo constantemente tentava se aproximar, sendo impedido pela teimosia do mais velho.

A culpa começou a dominar os pensamentos dele: se antes ele já se achava uma pessoa ruim por ignorar Harry, imagine agora, depois de um ato tão carinhoso vindo dele? Ele que nunca retribuiu a grosseria e sempre buscou se aproximar e se resolver com Louis. Foi quando ele estava quase imerso nesses pensamentos embebidos de culpa que ouviu o som crescente indicando a chegada de seu transporte. Isso serviu como desculpa para o rapaz dispersar seus pensamentos, retornando-os para a situação quando, ao se levantar do banco, ouviu um barulho de algo caindo no chão.

Um pequeno papel que não chamaria sua atenção se ele não fosse ainda um pouco do garoto metódico e bitolado que Johannah orgulhosamente criou. Ele capturou o papel entre seus dedinhos enquanto caminhava na direção do vagão. Sentou e pôs-se a ler o papel.

“Louis, escrevo isso enquanto seu corpo relaxa levemente contra o meu e, se for para ser honesto, isso pode vir a me distrair do objetivo. Não gosto de pensar que a tensão entre nós só se atenuou graças a seu estado de inconsciência, mas é essa a verdade. Tendo isso em vista, esperarei por você na última estação até o encerramento das atividades do dia. Vá caso queira me explicar o motivo de tanto ódio. Peço gentilmente que não me ignore, mesmo que lhe compreenda totalmente caso essa seja sua decisão.
Com carinho,
Hazza”

Subway (Larry) *Editando*Where stories live. Discover now