Capítulo 40

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Um clima de tensão se instaurou ao redor do covil da Resistência. Os poucos guardas armados, ao verem a aproximação de Gregory, imediatamente se posicionaram nos parapeitos do velho shopping tentando cobrir a maior área possível. Mas de todo modo, era visível que Gregory possuía muito mais homens e armas do que Cochise. Se houvesse um confronto, a Colônia não teria dificuldades em tomar todo o prédio.

— Seu amigo falhou... — disse Kohana, se referindo a Noah. — Se Gregory chegou até tão rapidamente, algo saiu errado.

— Ele é mais que apenas meu amigo. — respondi, preocupada com Noah. — E sim, algo não está certo.

Cochise permanecia firme como sempre. Ele estava bastante surpreso, mas em momento nenhum demonstrava medo, mesmo estando em péssimas condições. Cassandra por outro lado, estava estranhamente inquieta, como se esperasse ansiosamente por alguma coisa. Era uma das poucas vezes que a via daquela forma.

— Firme como sempre. — disse Gregory quebrando o silêncio. — Não mudou muito desde que nos vimos pela última vez.

— Enfrento doenças piores do que você, Gregory. — respondeu Cochise, com um semblante sério. — Você não é a pior delas.

Gregory sorriu, e disse:

— Vamos ao que interessa. Não quero desperdiçar seu tempo, pela sua aparência, não me parece que tenha muito.

— Apenas diga. — intrometeu Cassandra.

— Tenho uma proposta para que resolvamos nossas diferenças. — falou Gregory. — Acabamos com essa maldita guerra, se aceitar alguns termos.

Cochise se manteve em silêncio, até Gregory citar os termos:

— Queremos vinte e cinco por cento de todos seus suprimentos, além de todas as armas disponíveis em seu arsenal. E antes que responda, se pergunte o quanto vale a vida de seu povo.

Os termos que Gregory havia proposto eram absurdos. A Resistência não tinha suprimentos suficientes para os próprios moradores, quanto mais para entregar a Colônia. Além disso, entregar todas as armas significaria serem reféns de Gregory para sempre. De repente, Giorgio apareceu atrás de nós com um semblante bastante sério.

— Seu pai me pediu para que a levasse até um local seguro. — disse Giorgio, não muito convincente. — Sugiro que me acompanhem imediatamente.

— Achei que recebesse apenas ordens da Cassandra. — indagou Kohana, duvidando das palavras de Giorgio. — De todos os cães, é o favorito dela. — Além do mais, se meu pai quisesse que uma ordem fosse cumprida, ele teria pedido a algum dos guardas da Resistência.

Giorgio se manteve em silêncio.

— Eu não vou a lugar nenhum com você, Giorgio. — completou Kohana, vendo que ele não havia movido um músculo. — Não vou deixar meu pai sozinho!

— Não se preocupe, garota. — respondeu Giorgio, com um tom misterioso. — Temos tudo sob controle.

De uma coisa Kohana estava certa. Giorgio era o braço direito de Cassandra, ele sempre estava ao lado dela, onde quer que ela estivesse. Porém, naquele momento bastante delicado, ele não estava junto com Cassandra. Mesmo que Cochise o tivesse pedido para levar Kohana para um local seguro, quais eram as chances de ele obedecê-lo, e deixar sua líder correndo perigo?

— Quantos homens Cassandra trouxe com ela? — perguntei a Kohana sem chamar muita atenção.

— Não sei, acho que quase todos. — explicou ela.

Aquilo era um tanto quanto curioso. O bordel era a coisa mais importante para Cassandra, e em meio a um conflito, havia decidido retirar de lá a maior parte de seus homens, deixando o bordel completamente desprotegido. Essa atitude indicava que Cassandra estava bastante confiável de que não correria riscos em ser atacada pela Colônia. Mas não fazia sentido ela estar arriscando o seu bem mais precioso, em troca de uma suposição de que ficaria em segurança. A menos que ela tivesse certeza de que Gregory não a atacaria.

A Promessa - Sobrevivendo Abaixo de Zero - Livro IIWhere stories live. Discover now