6 - Eu nunca comi comida de barraquinha (Parte 1)

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Dois dias se passaram e eu senti que algo mudara em mim

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Dois dias se passaram e eu senti que algo mudara em mim. Felicity pode dizer pouquíssimo sobre o que gostava, pois seus pais a chamaram para casa. Estava tarde, não é? Ou melhor, estava cedo, já que o sol nascera enquanto conversávamos. Mas tive tempo de ouvir algumas coisas muito importantes. Como, por exemplo, que um dos maiores sonhos da vida dela era acampar nas florestas de Vancouver. Quem diria, hein? Uma moradora da própria cidade tem esse sonho profundo. E o brilho nos olhos dela ao dizer isso... Nossa! Era como se seus olhos virassem esmeraldas recém-criadas; como se seus sonhos fossem mais preciosos do que qualquer joia no mundo. E eram! Um sonho daquela linda garota valia mais do que milhares de diamantes, fossem eles raros ou não. Ela só não sabia disso ainda e, naquele dia, acordei determinado a lhe mostrar isso.

Pensei em Sean e Rebeca, nas surpresas que um fazia para o outro no começo do namoro; nas surpresas que fazem até hoje. Eles parecem não gostar nada da monotonia. Sempre criam coisas novas para alegrar o parceiro. Isso é bonito e digno de ser imitado, mesmo que no início de uma amizade não convencional. Sorri ao pensar no que planejara. Estava determinado a surpreender Felicity, deixando-a inclinada a gostar de mim, cada vez mais. Talvez ainda não tivesse o devido interesse em minha pessoa, mas eu desejava que o tivesse algum dia. Eu tinha interesse nela, diga-se de passagem, fosse como amiga ou não. Ainda tenho.

Só não sei se tudo isso vem ao caso; talvez meu plano venha a ser intrigante.

Vamos ao que o astuto e solitário Frankie planejou, falando sozinho, obviamente: Felicity queria acampar, certo? Então por que eu não poderia dar isso a ela? Poderia! E daria! Imagine que lindo!? Um dia de verão em que um novo amigo te surpreende, usando um dos seus maiores sonhos para te fazer sorrir. O que me impedia de levá-la para acampar? Exceto o fato de os pais dela não me conhecerem; de serem suprerprotetores; de ela não poder dormir fora de casa; de eu ser um homem; de ser quase um desconhecido; de conhecer a cidade muito menos que ela...? Isso mesmo! Nada me impediria! Não sou o perfil de cara que fica de braços cruzados, sabe? Se quero animar alguém, faço de tudo para que isso aconteça, mesmo que tudo no mundo tente me impedir. E eu podia não conhecer Felicity profundamente, mas dava para ver que ela merecia uma noite especial.

E eu queria estar lá nessa noite especial.

E estaria!

Passara o ultimo dia comprando guias turísticos e descobrira algumas coisas importantíssimas. Quais? Bem, vejamos. Aprendera que a vida selvagem de Vancouver é realmente selvagem. Quero dizer, dá para ver de tudo um pouco por aqui. Um guia apontava para a possibilidade de nos deparamos com alces, perambulando pelas ruas de Banff. Até aí tudo bem, né? Nada muito diferente do que vi em seguida. Ursos causam engarrafamentos em estradas. Viu? Normal! Mas é claro, não são quaisquer estradas! Há uma especificação, obviamente. Isso só acontece nas estradas próximas aos parques nacionais. Para que me preocupar com isso quando eu só ia acampar em uma floresta? Realmente, nada de relevante para a situação.

Ainda bem que não tenho medo de animais.

Bem, e há um outro detalhe. Banff fica na região das Rochosas, então não é um local muito próximo ao centro da cidade. Banff apresenta seu próprio parque nacional, um dos mais famosos. As pessoas costumam ir lá no verão para caminhar, passear a cavalo, praticar rafting em corredeiras, jogar golfe... Bem, a lista é grande. O caso é: poucas vão lá para acampar. Por isso mesmo era o lugar perfeito! Vida selvagem de verdade! Justamente o que Felicity quer e o que eu adoro ter ao meu redor.

Seria só mais uma aventura para mim, a qual seria mais do que importante para Felicity.

Então, dois dias depois de vermos o sol nascer, apareci em sua loja com duas mochilas prontas para acampar, não dando a mínima para qual era o dia da semana em questão. Era época de férias, afinal de contas, então ela podia se dar uns dois dias de folga para explorar os parques nacionais, não? Eu esperava que sim, pois as mochilas estavam muito pesadas e eu estava com um taxista nos esperando ao lado de fora. Era bom que ela aceitasse! Ou melhor, eu queria que ela aceitasse. Pela primeira vez em minha vida planejara toda uma noite, procurando proporcionar as melhores horas da vida de alguém. Procurando proporcionar as melhores horas da vida de Felicity. Era muito errado pensar nisso tão cedo? Espero que não, porque até aprendi a fazer fogo com gravetos.

— Querida pequena Mulher Maravilha, estou aqui para te resgatar de seu trabalho duro! — Falei, poeta. Entrara na loja sem cerimônia, esperando que ela abrisse um enorme sorriso, com os olhos brilhando. De fato seus olhos brilharam, mas o sorriso foi impedido de aparecer. Havia algo de errado. Indiquei as duas mochilas e usei um tom ainda mais animado: — Vou te levar para ter a noite mais incrível da sua vida, realizando seu maior sonho de acampar!

— Logan... — Ela pareceu tentar me avisar algo.

— O que esse maluco pensa que está dizendo, Felicity? — Um homem um pouco mais velho que eu apareceu dizendo, irritado. — Quem você pensa que é para falar assim com a minha Felicity?

Mas que diabos?

— Eu... — Por tudo que é mais sagrado, onde eu me metera? — Eu...

Droga! O que faria agora? Será que aquele era um pretendente dela? Droga! Mil vezes droga! E agora?

Felicidade Anônima (Completo na Amazon)Where stories live. Discover now