O Menino dos Olhos Azuis

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James gostava do Brooklyn.

Gostava de ir correndo pelas ruas até chegar na escola, de jogar futebol com alguns garotos mais novos, frequentar a sorveteria daquela doce senhora...

Gostava da cor amarronzada das casas e das escadas de incêndio, também gostava de como as cores do bairro combinavam perfeitamente com o tempo frio do início do outono. As pessoas eram legais, mesmo com a má fama do bairro. Haviam garotas bonitas e parques ótimos para um picnic no domingo à tarde. Cinemas, cafeterias e outros ótimos lugares para encontros. Realmente, aquele era um bom lugar para se morar.

No auge dos seus 16 anos, James sabia ver a beleza do local. Sabia encontrar os encantos das meninas, com suas saias rodadas e cabelos ondulados. Talvez por isso fizesse sucesso entre elas, já que sempre tinha algo poético na ponta da língua, ou talvez pela beleza incontestável do rapaz. Quem sabe pelos dois? James Buchanan Barnes era um imã de olhares com seus olhos claros, cabelos castanhos de aparência sedoza e corpo esbelto, a mandíbola marcada e queixo bonito. E o sorriso. Ah, seu sorriso era de parar o trânsito.

Mas Barnes não ligava muito para as garotas. Claro, algumas eram lindas e outras fofas; flertava com elas às vezes, porque mesmo sem querer, era preciso. Tinha uma imagem a manter, não poderia simplesmente deixar assim, na cara. E é aí que entra Steve Rogers. Um garoto magricela e baixinho, com olhos azuis e cabelo loiro arrumado demais. James gostava de Steve. Não, gostar não é a palavra certa. Aquilo tudo era intenso demais para ser descrito como apenas gostar. James amava Steve Rogers. Ele era o motivo de boa parte do descaso do Barnes para com as garotas, porque o baixinho era tão lindo que James não conseguia olhar para qualquer pessoa que não fosse ele. Ninguém era interessante o bastante.

Steve ofuscava a todos.

Ofuscava também a garota que segurava seu braço e falava pelos cotovelos sobre algo que o Barnes apenas não queria saber. Não que Livvy fosse alguém irritante ou algo assim, só que James não queria estar ali, não queria ir ao cinema e não queria estar com ela. Só queria estar em casa, debaixo de um cobertor abraçando um certo loiro que ficou cabisbaixo ao vê-lo saindo da escola com Livvy, mesmo sabendo que era preciso. Como já dito antes, tinham uma imagem a manter, ninguém poderia descobrir nada sobre o namoro dos dois, não, isso jamais. Só de imaginar o tanto que ele e Steve sofreriam naquela sociedade extremamente intolerante, um bolo se formava em sua garganta. Não queria sofrer, não queria ver Steve sofrer. Então teria que ser assim, beijos roubados no banheiro da escola, trancar a porta do quarto se quiserem privacidade... Sempre viver na sombra, sempre se esconder, nunca mostrar o rosto.

Os devaneios de James foram interrompidos por risadas, seguidas por um gemido. O moreno gelou por um momento. Conhecia aquela voz muito bem.

Rapidamente deu uma desculpa à Livvy e correu, sem nem mesmo dar à garota a chance de ficar desapontada, tentando descobrir de onde veio o som. Entrou em um beco e viu a cena que fez seu peito arder em raiva. Steve estava jogado no chão, com o nariz sangrando e parecendo meio tonto. Dois caras estupidamente altos e fortes o chutavam sempre que tentava levantar.

– Ei, imbecis! – Barnes gritou, chamando a atenção dos dois homens sinistros.

– Do que chamou a gente, docinho? – Um deles falou, debochado. Parecia ter uns 20 anos e sua cara era horrenda. Pelo leve rubor em seus rostos, e pela forma que cambaleavam a cada passo que davam, James notou que estavam bêbados. Não se intimidou. Em que tipo de roubada Rogers se metera?

– De imbecil. É tão feio que ficou surdo, docinho?

O cara rosnou como um selvagem e se jogou sobre o rapaz. Tentou o acertar com um soco no olho, mas estava tão bêbado que o atingira na bochecha. James revidou, dando um soco forte no queixo do troglodita e o empurrando para longe. O idiota foi novamente para cima do Barnes, esse que revirou os olhos por impaciência. Não demorou muito para que James o derrubasse com uma série de socos e chutes. O outro também tentou a sorte, mas desistiu rapidamente ao receber uma rasteira. O moreno viu os dois cambaleando para longe enquanto ria da covardia deles.

Garoto BrooklynWhere stories live. Discover now