Parte II

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Push me closer, further, break me just enough

Your lies always seem so dewed, there's nothing left for me to lose

(Something In The Way You Move - Ellie Goulding)


Saindo da universidade nervosa, a garota foi diretamente para casa, onde tomou um banho para se acalmar e clarear a cabeça, o que infelizmente não ajudou em nada. Alex e Mary haviam a acompanhado e estavam a esperando na sala, prontos para saírem. Ela agradeceu que o amigo surgiu com a ideia, pois não seria nada produtivo ficar em casa, pensando no que aconteceu e o que estaria por vir.

Contudo, mesmo assim o professor e a viagem que fariam não saiam de sua cabeça. Hora se sentia preocupada, hora nervosa e cheia de expectativa para New Haven. Sebastian, depois do término, só havia conversado com ela sobre assuntos da universidade, se recusando a tocar em qualquer um que ousasse se relacionar com algo pessoal. Todas as vezes que ela ligou ou havia ido ao seu apartamento ele se negava falar sobre os dois, a dispensando gentilmente, porém firme. Na faculdade ele evitava a todo custo ficar sozinho com ela, e sua frustração estava nas alturas. Havia um pouco mais de um mês que tinham terminado - em março, poucos dias após seu irmão ir embora - e só tinham conversado no dia que haviam acabado tudo.

A jovem - um pouco iludida, ela admitia - esperava que os dois fizessem as pazes e reatassem em algum momento daquele fim de semana. Seria a primeira vez que se veriam por dias seguidos, e a presença dela poderia o lembrar do que ele estava perdendo. Pelo menos, ela esperava conversar e limpar o clima, já que toda vez que ficavam próximos o ambiente era tomado por uma tensão desconfortável. Esse pensamento esperançoso não saiu de sua cabeça instante algum, a deixando distraída durante a saída com seus amigos e monossilábica às suas perguntas. Ao se cansarem dela não os responder direito, ambos a deixaram à mercê de seus pensamentos, sabendo que uma hora ou outra ela sairia de sua concha.

Infelizmente, tal comportamento não se reservou à apenas aquele episódio. Alice passou o final de semana inteiro e a outra semana mais introspectiva do que o normal, perdida em devaneios, ilusões de uma reconciliação e preocupações de uma viagem tensa, caso eles não conseguissem se entender. A ansiedade estava alcançando níveis estratosféricos pelo fim da quinta-feira, e ela não sabia se chorava de alívio ou ficava ainda mais apreensiva quando sexta de manhã chegou, e com ela Sebastian, estacionando em frente de seu prédio e pedindo para ela descer para seguirem viagem.

Alice respirou fundo antes de pegar sua bolsa e a pequena mala de mão que acompanharia, trancando a porta de seu apartamento antes de pegar o elevador. O pequeno trajeto do terceiro andar até o portão do edifício pareceu levar uma eternidade, as batidas de seu coração parecendo ficar mais altas a cada segundo, ressoando pelo pequeno elevador. Por um momento ela sentiu medo de que o prédio todo estaria ouvindo, antes de seu subconsciente lembrá-la de como aquilo era impossível. Seria cômico todo aquele seu nervoso se não fosse aterrorizante.

De repente, após o que parecia um milênio e mais rápido do que ela esperava, o elevador parou no térreo e se abriu, lhe dando clara visão do hall de entrada e do carro de Sebastian lhe esperando à frente através do portão de vidro. Seus pés pareciam ter vida própria, já que quando se deu por si já estava do lado de fora, parada ao lado da porta do passageiro. Sebastian apareceu no canto de sua visão e ela nem tinha percebido que ele havia saído do carro.

- Bom dia, do... Alice. Frio? - ele perguntou ao ver ela se abraçando firmemente no sobretudo que usava e com um sorriso tímido, os óculos escuros dele lhe impedindo de ver por completo a cara amassada de sono, que particularmente ela achava uma gracinha. O homem era dorminhoco e não gostava muito de acordar cedo, sendo esse o motivo por suas aulas ocorrerem em sua maioria à tarde. Parte da razão por gostar tanto de dormir ao seu lado era a feição fofa com que ele ficava por algumas horas após acordar. Nem café consertava aquilo, o que ela secretamente amava.

Something In The Way You MoveWhere stories live. Discover now