Something In The Way You Move

Parte III

When our eyes meet, I can only see the end

But tonight I'm here, yours again

(Something In The Way You Move - Ellie Goulding)

Desnecessário dizer que nenhum dos dois dormiu cedo aquela noite. Parcialmente devia-se à exaustão do dia que não os deixava relaxar, mas grande porção do motivo foi a mente desenrolando em um overthinking e recusando-se a desligar. Pensamentos sobre o relacionamento, sobre o término e a briga, e, mesmo que Sebastian não admitisse nem mesmo para si, sobre uma possível reconciliação rodeavam a mente dos dois.

Apesar das poucas horas de sono e dos conflitos internos, ambos honraram o acordo e agiram de forma mais amigável no dia seguinte. Sebastian surpreendentemente acordou mais cedo que a mulher, então acabou por tomar café da manhã sozinho, mas se ofereceu para fazê-la companhia enquanto a mesma comia ao encontrá-la após voltar para a suíte conjugada dos dois. Ela agradeceu e só juntaram seus pertences antes de saírem, já que não voltariam, pois iriam para o evento imediatamente após ela comer. Ambos ficaram aliviados por não ter sido uma refeição tão desconfortável quanto as do dia anterior, conseguindo conversar um pouco mais relaxadamente, uma grande diferença já que não trocaram nem duas palavras durante a sexta-feira, porém ainda sobrava uma pequena tensão entre os dois, que preferiram não comentar já que faziam ideia da onde a mesma vinha.

O dia foi tão longo quanto o anterior, pulando de atividade em atividade, nunca ficando com um tempo livre. Alice aproveitou para conhecer além dos colegas e conhecidos de Sebastian, fazer um networking, conversando com vários alunos que nem ela, professores e especialistas da área. Afinal, solteira ou não, ela se formava no próximo mês, e tinha que pensar no que faria após a faculdade. Tudo estava indo bem agora que voltaram a se falar e resolveram a briga de ontem, mas Alice continuava incomodada com a situação dos dois. Continuariam a se dar bem amanhã, e quando estivessem de volta em Boston? Iria realmente acontecer à conversa, e se sim, iriam se reconciliar ou iria ela apenas tomar um fora mais definitivo dessa vez?

Tantas lacunas, tantas probabilidades estavam causando que sua ansiedade fosse às alturas. Era bom, conversar e interagir com seu ex novamente, mas parte de seu cérebro só conseguia se fixar em tê-lo de volta, roubando sua atenção toda vez que o via. Ficar ao seu lado o dia inteiro também não ajudava, suas mãos ansiavam para segurar as dele, seu corpo querendo ficar mais e mais perto do dele, até que não sobrasse espaço para um alfinete. Não que se estivessem juntos ela faria aquilo, mas seu vício em Sebastian estava a enlouquecendo por tê-lo tão perto depois de tanto tempo longe, e não o tocar e reclamá-lo para si estava sendo uma tortura, principalmente no fim do dia, quando sua resistência já quase não existia mais.

A gota d'água quase aconteceu quando estavam se despedindo do grupo que os acompanhava na última palestra que assistiram no dia. Eles estavam conversando com alguns professores e alunos quando ela percebeu os olhares que uma doutoranda de Princeton dava à Sebastian. Ela não tinha costume de ser ciumenta, mas o turbilhão de emoções do fim de semana mexeu com sua cabeça, e não pode evitar de sentir ciúmes ao ver a loira dando em cima tão descaradamente, em sua opinião, de seu professor. Tentou argumentar consigo mesma que se não tivessem um passado junto, ainda acharia o comportamento dela uma falta de respeito com os presentes - aquilo era um congresso, não uma festa ou o tinder -, que aos sorrisos retornava as investidas da mulher, mas parte de si sabia que só se sentia assim por ainda estar apaixonada por ele. Era por esse motivo que ela queria mandar ao inferno o restante de seu autocontrole e mostrar para a mulher que parasse com aquilo, por ele já ter alguém.