Capítulo 5

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"Olha quem finalmente se lembrou de mim", brincou August como saudação quando Emma o ligou no domingo depois da festa de Henry. Ela havia retornado de sua corrida, e depois de se tomar seu banho, ela pediu para usar o telefone fixo de Regina para ligar para seu amigo e checar se estava tudo bem com ele. Ela estava no escritório em casa de Regina, sentada atrás de uma grande mesa de carvalho escuro, sentada em uma cadeira de couro mais confortável do que a cama que estava acostumada a dormir no acampamento Victory. A risada ecoando pelo telefone fez Emma revirar os olhos e sacudir a cabeça.

"Eu liguei para você há três dias", Emma lembrou a ele.

"Quem sabe o que poderia ter acontecido naquela época? Eu poderia ter ..." Ele parou abruptamente, e Emma fechou os olhos, afastando imagens dos pesadelos que ainda assombravam seu sono. A tensão que tomou seu corpo em meros segundos diminuiu quando August pigarreou e falou apressadamente. "Não importa. Eu tenho um gato."

Isso foi o suficiente para fazer Emma apertar os olhos e questionar sua audição. Claro, às vezes ela poderia ter imaginado coisas, afinal isso acontece, mas de jeito nenhum August dizia o que ele acabara de dizer. "O que?"

"Eu tenho um gato", repetiu August. "Ele é preto e branco, e eu o chamei de Fígaro."

"Não é o gato da idosa que mora à duas portas de você?" Emma perguntou. A tensão em seu corpo já estava sendo substituída por completa e absoluta confusão.

"Não", August insistiu, embora Emma pudesse ouvir a petulância em sua voz. "Ele agora é meu."

"Agora", ela zombou. "August, você não pode simplesmente roubar os gatos de outras pessoas."

"Eu não o roubei! Eu estava saindo do elevador e ele pulou no meu colo, aquela senhora já tem muitos. Eu o deixo sair à noite", ele acrescentou a última parte apressadamente como se isso fizesse a sua situação menos pior.

"Eu posso ver seu nariz crescendo daqui."

"Você está me chamando de mentiroso, Soldada?" August assumiu sua voz autoritária.

Emma riu antes que um pensamento lhe ocorresse e ela perguntou solenemente: "Então, você anda bebendo?"

Houve uma breve pausa antes de August, quase feliz em fazê-lo. "Eu estou realmente escrevendo. Muito. Não de um jeito de Hemingway, no entanto. meu psiquiatra diz que isso ajuda a diminuir meus pensamentos, sentimentos e todas essas coisas."

"Você sempre quis escrever", Emma lembrou nostalgicamente.

"As senhoras apreciam isso."

"Oh, aposto que estão todas afetadas com a sua alma sensível", ela disse.

"Essa não é a única coisa que as afeta", ele disse, nem mesmo esperando para terminar sua frase antes de rir.

Emma sorriu, revirando os olhos em sua antipatia. "Mas você está bem?" Ela perguntou de novo, só para ter certeza.

"Nunca estive melhor, garota."

Emma percebeu verdade em sua resposta, brincou com ele um pouco mais antes de se falar sobre o sucesso da festa de Henry, ela contou a ele sobre o bolo de Regina e a fantasia de Henry, e como ela brincava com as crianças, e até mesmo como elas caminhavam pela floresta há alguns dias e como ela ensinara a Regina e Henry como lidar com uma bússola e quais plantas eram venenosas ao toque.

"Vou levá-lo para a loja hoje para que ele escolha uma bicicleta", Emma terminou.

"Você está dando uma bicicleta para ele?" August perguntou surpreso.

"Um pequeno triciclo daqueles que vêm com alças para os adultos empurrarem. Crianças gostam, certo?" Emma perguntou de repente auto-consciente de sua escolha de presente. Houve um longo silêncio por parte de August, e Emma repentinamente revirou suas memórias de infância tentando desesperadamente pensar no que queria quando tinha três anos. Bem, ela foi mandada de volta ao orfanato, mas isso foi irrelevante. Henry já tinha uma tonelada de bichos de pelúcia. Um livro, talvez? Havia um Chuck-E-Cheese por aqui onde ela poderia levá-lo?

Cartas da GuerraWhere stories live. Discover now