Utrecht

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Faltava um mês para o início das aulas e eu não conseguia mais pensar em nada, tinha saído com minha tia pra ver umas roupas, produtos de higiene pessoal. E corria como um louco para diminuir a ansiedade.
Meu pai não tocava uma palavra sobre a universidade e sempre desconversava. E eu sei o porquê, ele tinha medo, eu não estaria mais sobre o domínio de ninguém, poderia me relacionar com quem quisesse. Mas eu só pensava em Mark, toda vez que pensava ou sonhava com esse encontro, meu coração acelerava, minhas mãos suavam, como ele estaria? Como reagiria a minha presença?

Uma semana antes do início das aulas, viajei com minha tia e Thomas para Utrecht, queria saber que estava tudo certo, explorar o lugar e assim me sentir um pouco mais seguro.
Fomos apresentados ao prédio que iria morar e ao meu quarto, cursaria administração, apesar que sinceramente nem pensei direito sobre essa escolha, aquela universidade tinha um outro significado.

Minha tia foi embora e eu sentei naquela cama, olhei pela janela com uma paisagem belíssima lá fora, e meu peito se encheu de uma sensação de liberdade, minha vida seria outra, tinha que arrumar um emprego rápido e procurar Mark. O campus era enorme e muito bonito.  Tinha oportunidade de saber qual o curso que Mark fazia,mas não procurei me informar , queria o acaso, a gente iria se esbarrar em algum momento, será que ele já estaria lá? Esse pensamento fez sua garganta secar.

Olhei pra frente, vi outra cama e percebi que teria um companheiro de quarto, esperava que fosse alguém quieto e discreto. Não estava a fim de muitas conversas.O silêncio já me fazia companhia há muito tempo.

No segundo dia,  já consegui um emprego numa lanchonete no Campus, mas só começaria na segunda semana de aula. Isso já me deixou mais tranquilo. Faltando três dias para o início das aulas, saí pra minha tradicional corrida, estava um sol agradável e corri mais do que o costume. Voltei para o alojamento cansado e suado. Entrei no quarto e fui tirando a blusa, quando me deparei com uma menina.

- Oooi_ balbuciei já enfiando a blusa novamente. - Quer alguma coisa?

- Oi. _ Ela virou toda sorridente._ Acho que está acontecendo algum engano.

- Como assim? Engano?

- Aqui diz que esse é o meu quarto._ ela me mostra o papel confirmando a informação.

- Acho impossível né? Aqui os alojamentos não são mistos.

- Tomei a liberdade, de ler um papel em cima da escrivaninha e vi que seu nome era Sigmund, ainda bem que você é um rapaz, já estava com pena da menina com esse nome._ disse rindo._ Meu nome é Sílvie e estou sem entender.

- Bem, prazer Sílvie. _ estava muito desconcertado._ Pois é, o que faremos?

- Bem está com certeza havendo algum erro, alguém está no lugar errado.

- Olha, só vi rapazes nesse andar, acho que moças estão no andar de baixo. Mas posso estar errado também.

- Você vai comigo até a secretaria? Ainda estou meio perdida.

- Claro. Você só espera eu tomar um banho? Estava correndo e...

- Percebi kkkkk..Vai lá Sigmund eu espero.

Sílvie era uma menina muito simpática e aparentemente alegre, me deixando desconcertado. Estava muito focado no meu objetivo e não queria distrações, esperava que fosse realmente um erro, apesar de simpatizar com ela.

Terminei o banho rapidamente e fomos para secretaria. Nem tinha me dado conta de como já estava cheio o local, corredores cheios de jovens e seus pais, um falatório, senti mais uma vez meu estômago dar um nó, Mark já deveria estar por ali.

BoysWhere stories live. Discover now