Capítulo 2

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— Nadie lamentará su muerte, cabrón!

Ele se lembrava com detalhes de quando o mundo que conhecia deixou de existir, o "faz de contas" que viveu a maior parte da sua vida mostrou-se um cruel e fatídico pesadelo. O instante em que o pai, sempre visto como um herói, mandara chacinar a tiros aquele que, desde a infância, ele chamara de tio. E foi em choque que ele viu o pai mandar sumirem com o corpo, cheio de indiferença.

Foi naquele dia que descobriu o traficante que existia por trás da figura de su padre, o líder do cartel, Juan Carlos Castanheda, o temido El Fuego Blanco, um dos maiores vilões do país. Abandonou, então, a vida de mentiras que levava e foi, com apenas algumas poucas roupas e lembranças, como as fotos da mãe – que perdera quando pequeno – se refugiar na casa do abuelo com quem raramente tinha contato. Tarso sabia que nunca seria como o pai. Era biólogo e tinha certeza de que passaria os seus dias estudando a vida, não celebrando a morte ou destruindo as pessoas, como o pai fazia.

Depois disso, o jovem viveu alguns meses felizes. Aboliu da sua vida o sobrenome Gónzales Castanheda do pai e foi apenas o neto de Franco Escóbar, dono da rede de hotéis Miramar. Quando podiam, sentavam-se juntos na beira da praia onde moravam e Tarso conhecia a história da mãe pelos lábios do pai dela, o homem que mais a amou.

Foi ali que soube da ilha, um lugar deserto e intocado, que o abuelo deixaria para ele. Los ojos de Cármen foi o nome recebido, pois afirmava que o verde das matas do local era tão intenso quanto os olhos da mãe de Tarso. Fora das rotas dos cruzeiros, a pequena ilha ficava perto de Exuma, descartada da maioria dos mapas. Um verdadeiro paraíso na Terra.

Mi chico de oro, estas tierras serán su mundo... disse no dia em que entregou a escritura para Tarso, junto com o mapa de localização do lugar. — Si su vida está siendo amenazada, es para allá que debe huir.

Além disso, contratou um ex-militar para treiná-lo, inclusive, para como sobreviver na selva. O que não foi difícil, já que o pai insistira em treiná-lo durante parte da infância e juventude em lutas corporais, estratégias militares e uso da força... Ele sempre vira as atividades como um exercício normal. Só depois descobriu o verdadeiro sentido por trás daquilo.

Contudo, tudo que é bom um dia acaba. Parecia até mesmo que o velho Franco sabia que algo estava prestes a acontecer.

Primeiro, Tarso o vira discutir ao telefone e, pelo tom, sabia que era com o pai. Pelo que pôde entender, ele exigia que o filho voltasse, e o avô, sabendo a opinião dele, inclusive o motivo da sua fuga, gritava para que Juan os deixasse em paz, esquecesse que tinha sogro ou filho de uma vez por todas.

Com orgulho, encostado na porta para não deixar o avô sem graça, ouviu quando falou que tinha um neto trabalhador e íntegro, diferente do pai. E que não conseguia imaginá-lo destruindo vidas através das drogas.

Su hijo no vive en las sombras como usted!

Encheu-se de orgulho porque o abuelo o via como o homem que sempre desejara ser. Uma pena que não pôde aproveitar esse momento, já que no dia seguinte, Tarso acordou com o som de metralhadoras ecoando pela casa. Assustado, levantou-se e encostou-se na parede antes que um homem fortemente armado abrisse a porta, à procura dele.

Sabia que não podia bancar o herói e tentar derrubar os invasores, então, colocaria as coisas em uma mochila, encontraria Franco e fugiriam dali o mais rápido possível. Pegariam uma lancha, talvez até um helicóptero, e pousariam na ilha que era sua por direito. Ninguém sabia dela, nem mesmo seu pai. Ficariam seguros por um tempo, até que encontrassem alguém confiável dentro da polícia colombiana para prender aquele que tantas vezes chamara de Papá.

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⏰ Última actualización: Apr 03, 2018 ⏰

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