Chapter 5 - Qual será meu fim?

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Não sabia o que pensar nem sequer o que fazer, assim que cheguei a tenda.
Eles ainda não tinham chegado,
tive pressentimentos negativos,
mas não me queria torturar antes do tempo visto que sempre tive a tendência de antecipar as situações sem antes ter provas óbvias.
Acalmei-me, respirei profundamente,
coloquei uma música soft e energética
para descontrair,
o meu corpo movia-se ligeiramente e minhas ancas seguiam o ritmo suave da sensualidade sonora que invadia os meus ouvidos,
os meus pés completamente nus conectavam-se de forma natural aquele tapete peludo e macio do all de entrada.
Quando dei por mim, 67 minutos passaram-se
como um pestanejaríeis, baixei o volume da coluna e comecei a me preocupar e a perder paciência. Liguei os holofotes do acampamento porque a lua estava coberta por uma nuvem, que tornava a noite mais escura do que normalmente é,
peguei a faca que estava por cima da minha mochila e decidi procura-los mesmo não sabendo ao certo qual tinha sido à direção.
Segui o meu instinto impulsivo e comecei a caminhar, caminhei tanto mas só via mata a minha volta. Por nada neste mundo desviei para esquerda e muito menos para a direita, segui recto para não me perder.
Após 1 hora de caminhada,
deparei-me com a estrada principal pela qual viemos que distava uns bons kilometros do acampamento,
a estrada estava deserta, não havia sinal de vida ou de circulação de carros.
Estava cheia de agonia e medo porque o ambiente era nocturno e as luzes eram tão fracas que se não estivessem, não faria a mínima diferença.
Quis muito mandar lixar, dar as costas e regressar no acampamento com a esperança de que os encontraria lá preocupados com minha ausência mas um sentimento mais forte dizia-me para ter paciência, e seguir aquela estrada sem sair do bosque.

- repentinamente -

Um forte rumor chamou minha atenção, virei ligeiramente a cabeça para trás mas nada se via então não podia afirmar que havia alguma coisa.
O rumor parecia o de um carro fazendo inversão de marcha de forma brusca, deslizando os pneus na estrada como se fosse um ladrão em plena fuga, aquilo intrigou-me; apertei com força o punho da faca que estava em minha mão e comecei a correr em direção ao barulho para ver se fossem eles,
não sei se era a aflição mas algo dentro de mim dizia-me fortemente que fossem mesmo eles.
Corria tão rápido, sem olhar para aonde pisava que acabei por tropeçar em ramos cheios de espinhos, confesso que a dor foi imensa, senti aquele ramo grosso e afiado a penetrar e a perfurar a minha pele sem piedade, isto porém não fez com que desistisse,
arranquei-o da minha perna recolhi a faca levantei-me rapidamente ignorando a tremenda dor que tomou conta do meu membro inferior direito e finalmente cheguei a outra margem da estrada principal e notei que ao fundo haviam dois carros parados,
pude notar que um dos carros era o dos meus pais, quis gritar por eles mas reflecti antes de agir e decidi aproximar-me cautelosamente para analisar o que realmente se estava a passar.
Mantive uma distância que permitia-me ver tudo nitidamente e ao mesmo tempo que me mantivesse bem escondida, enquanto observava vi os meus pais a receberem da mão de um casal sinistro e misterioso uma maleta com bordas transparentes, graças à transparência pude notar que dentro havia montes de dinheiro,
em seguida deram-se apertos de mão e cada um começou a dirigir-se para o próprio carro.
Sussurrei para mim mesma nervosa: (QUE RAIOS ESTAVA A ACONTECER NAQUELE INSTANTE?) e achei que fosse o momento oportuno para sair do esconderijo e aparecer aos gritos, então assim fiz exclamando cansada:

" MÃEEEEEEE- PAAAAI " 2x

assustados olharam todos para mim como se fosse uma louca desconhecida.
Constatei, mas acho que foi imaginação minha, que minha mãe queria vir ao meu encontro para dar-me um aconchego mas o meu pai puxou-a e sem nenhuma resistência ela obedeceu entrando junto a ele no interior da viatura; entretanto eu continuei a correr mesmo vendo que os carros afastavam-se de mim com muita velocidade.
Exausta e consciente que não os alcançaria ajoelhei-me no meio da estrada, fraca, ferida e meio suja por causa do tropeço e comecei a chorar.
Meu coração ardia de tanta mágoa
porque fiquei simplesmente sem perceber o que se estava a passar e o porquê daquela atitude , ainda não estava consciente que me tivessem abandonado, mas não o quis aceitar.

Desesperada, recolhi a faca que tivera deixado cair ao chão e decidi que o melhor era voltar ao acampamento, o grande problema é que já não conseguia reconhecer o caminho por causa da escuridão da noite, procurei familiaridade entre as grandes árvores daquele bosque, mas não achei.
Sentei-me, apoiei as costas no tronco de uma das muitas  árvores que lá encontravam-se e respirei fundo porque a minha cabeça estava aos giros e a ferida que tinha na perna estava a matar-me a sério de dor, concentrei-me e ganhei coragem, 2 hora depois
consegui avistar as fortes luzes dos holofotes que iluminavam o acampamento, o meu rosto cobriu-se de alegria e de lágrimas , sentei-me para repousar porque minhas pernas estavam adormecidas, minha mente confusa, meu coração destruído e perguntava continuamente a mim mesma enquanto adormecia - "Qual será meu fim?"-

Uma Viagem InesperadaWhere stories live. Discover now