Chapter 6 - E agora?

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Três intensos dias passaram-se e não me conseguia mover, o meu psicológico não conseguia reagir
talvez porque a pancada foi muito forte, seja a sentimental, mental como a física.
Sentia a dor do verdadeiro abandono, solidão e rejeição, dor esta que pensava já ter sentido antes.
Talvez engano-me e sempre a senti visto que meus pais mal pisavam os pés em casa, talvez comportei-me demasiadamente mal e eles "indivíduos ausentes e perfeitos " enjoaram-se e fartaram-se completamente da minha presença.
Como puderam ser tão cruéis ao ponto de abandonar o próprio sangue , dádiva e único ?
Refleti tudo isto enquanto caminhava aos giros pelo acampamento, visto que já se tinham passado muito dias as reservas alimentares e água estavam a esgotar, então com toda firmeza tive que abandonar a minha zona de conforto desapegando-me aos bens que estava a deixar para trás , não foi uma decisão fácil, achava impossível mas na realidade não o era.
Priorizei a minha vida e deixei estar o supérfluo.
Eu, Sherine estava há dois dias a andar quase sem parar, com uma enorme ferida na perna, toda desidratada e maltratada
sentia-me completamente órfã e imunda.
Passei por situações que nunca imaginaria passar,
imaginem que de tanta sede cheguei a beber águas turvas cheias de bactérias sem  imaginar o perigo que me causaria, as minhas defesas estavam baixas porque sentia-me corroer por dentro. -repentinamente-
senti meu corpo a cair,tudo em minha volta estava desfocado e a desmoronar,
lentamente tudo apagava-se e meus olhos submeteram-se a escuridão.

Instantes depois

Senti o meu corpo a balançar e a ser transportado mas estando meio inconsciente não conseguia reagir então deixei levar-me novamente e fiquei completamente inconsciente.
Não faço ideia de quanto tempo passou-se mas lentamente voltava em meu consciente comecei a mover o meu corpo e devagarinho abri os olhos mas a forte luz do dia e o brilho daquele sol cegava-me,
tontissima insisti e olhei e minha volta e notei que estava cercada por nómadas em uma tribo, eles estavam a olhar-me como se estivessem a espera daquele momento há anos, assustei como nunca tivera assustado antes tentei levantar para por-me em fuga mas enfraquecida, e com a perna ferida caí.
novamente socorreram-me e acalmaram-me mas a única coisa que sabía é que eu não queria lá estar,
estava na defensiva apavorada toda desorientada sem norte nem sul rodeada de seres que julgava "esquisitos e sem civismo" mas não tendo muita escolha cedí-me a eles.
Depois os episódios de traição que passei nada mais me importava, fiquei fria e agressiva;
eram raros os dias de sorrisos pois
em minha mente restavam somente meras memórias.
Dia após dia a minha saúde melhorava porém alguns tratavam-me de forma esquisita até porque era " a intrusa" da tribo. As condições daquele lugar eram arcaicas , não me estava a conseguir adaptar simplesmente porque não era o meu ambiente.
Assim que melhorei os maus tratos começaram através de trabalhos forçados, as raparigas eram escravas, serviam e satisfaziam os desejos e vontades daqueles homens arrogantes e machistas, a minha tarefa e de algumas raparigas era até auxiliar e cumprir com as orientações de uma senhora
denominada "A-vovalì", respeitada por todos por ser a mãe do chefe da tribo.
Não estava habituada a ser submissa,
a levar baldes na cabeça, a receber ordens, a ser escravizada
e principalmente a cozinhar para inúmeras pessoas.

Uma Viagem InesperadaOnde histórias criam vida. Descubra agora