Capítulo 1

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Não era mais um acampamento.

Julie, Gaby e Camille me guiaram pela escola, me mostrando milhares de corredores longos e largos, cheios de portas numeradas.

—Aonde vamos? – perguntei a elas, depois de um tempo andando no corredor vazio.

—A sala de Kora, –falou... Gaby! Lembrei. –Ela vai te explicar tudo.

Acenei com a cabeça, concordando.

Eu não tinha idéia do que havia acontecido na última semana. Minhas memórias da Brenda e do dia da "briga" estavam votando. Conseguia me lembrar o motivo da briga, foi pelo Tyler e o Mavrick. Conseguia me lembrar de tentar me locomover e fracassar. Conseguia me lembrar de Kyle gritando por ajuda e espantado com meu rosto.

Horrível.

—Chegamos – anunciou Camille, ao pararmos em frente a uma grande porta de madeira, escrita "Diretoria" na placa pendurada.

Olhei para as trigêmeas e suspirei, entrei na sala e Kora estava lá,  sentada em sua grande cadeira. Apesar da sala ser intimidadora, Kora continuava alegre como sempre. Com sua longa trança e seus vestidos estampados.

—Minna! Eu estou tão feliz em saber que você está bem! Venha, sente-se.

Sorri e obedeci. Sentei na cadeira em frente a mesa dela, observando de relance tudo em sua volta.

—Deve estar se perguntando o que aconteceu e porquê estamos aqui.

—Exatamente.

Kora suspirou e fechou os olhos por um tempo, pensando em qual seria a forma menos drástica para me explicar o que aconteceu.

—Você se lembra do dia em que Brenda te atacou, não lembra?

—Sim.

—Ela estava sob efeito de um soro chamado Fijora, bem parecido com o soro que deram para amenizar os poderes de vocês no laboratório. Só que esse soro é reverso, ele aumenta os poderes da pessoa e a deixa incontrolável,  quase um robô.

—E Brenda está bem? – perguntei.

—Sim, o efeito do soro já passou, porém tivemos de mudar o local do acampamento. Não sabíamos como Brenda adquiriu esse soro, nem quem o deu pra ela, então já não era seguro o acampamento na ilha JahaKuna. – explicou ela. – transferimos todos do acampamento para essa escola de magia. Tentamos contatar outros acampamentos ao longo do norte, porém, todos já estavam cheios e não caberia mais campistas. Essa escola estava abandonada a um tempo, havia o triplo de quartos do que o outro acampamento e caberia todos aqui.

—Então isso é uma escola?

—Não necessariamente, era um antigo castelo de um homem muito rico. Fica em uma parte escondida da Transilvânia, e, como muitos moradores locais tem crenças em vampiros e outros seres místicos, não se aventuram nessa parte da cidade. É o lugar perfeito.

Perfeito não seria a palavra que eu usaria. Usaria "Apropriado".

—Estamos seguros aqui? – perguntei mais uma vez, sem olhar nos olhos de Kora.

—Creio que sim.

Suspirei aliviada. Fiquei feliz em estar em um lugar seguro, seguro mesmo.

—Como agora há alunos do primário e alunos do colegial juntos, separamos os quartos não por poder, agora vocês podem escolher seus próprios colegas de quarto. Mas, como infelizmente você estava na ala hospitalar durante um longo tempo, quase todos os alunos já escolheram seus colegas de quarto.

—Ah, sim. – falei, um pouco decepcionada.

—Porém teve duas garotas que insistiram para ficar com você, Ketllyn Miller e Bianca Pallute. Você as conhece?

—Sim – falei sorrindo, admirada com a decisão de minhas amigas.

—Quer ficar com elas?

—Sim. – falei, contendo a animação.

—Então ok. Você vai ficar no quarto 413, junto a Ketllyn Miller, Bianca Pallute e Evelyn Becker.

Eu não fazia idéia de quem era Evelyn Becker, mas mesmo assim concordei.

—Todos os alunos estão nas salas de aula nesse momento. Então você pode ir no seu quarto, colocar o uniforme e dar uma volta na escola se quiser. Amanhã você entra nos horários e eu te coloco nas aulas corretas.

—Ok, obrigada.

—Eu quem agradeço.

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O quarto era bem mais espaçoso do que no antigo acampamento. Havia duas beliches, uma com a parte de cima vazia, que imaginara que era pra mim. Tinha uma pequena varanda, que dava a uma linda visão da ponte iluminada traçava o seu caminho até essa escola.

Observei o quarto novamente e notei que em cima de minha cama estava a farda da escola.

O uniforme era composto por uma saia vermelha, um paletó azul escuro, uma camisa branca de manga comprida por baixo, sapatos sociais e meias curtas.
No paletó havia a logo da escola, uma espécie de lobo uivando, em baixo estava escrito EPPHE (Escola Para Pessoas com Habilidades Especias).

Ficou muito bonito em mim. Penteei o cabelo com uma escova qualquer que achara no banheiro do quarto e fiz um rabo de cavalo.

Acho que vou dar uma voltinha pela nova escola.

Perfeito.

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Escola De Magia [Livro 2]Where stories live. Discover now