Capitulo 31

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31 de Dezembro de 2017, Dublin, Irlanda.

Evelyn Becker

Entrei junto com Kora em uma sala coberta de mármore e quadros de Acampamentos por todo o cômodo.
Eu ensaiei bastante para isso, tive que criar um discurso mental para apresentar a Associação Mundial de Nexplis, ou mais abreviado, AMN. Eles são um grupo de Nexplis que trabalham a favor do mundo, em lugares escondidos do resto dos outros. Essa associação tem como presidente Aroldo Jacfëen, um estudioso finlandês que possui a habilidade de super inteligência,
“ [...] podendo tanto memorizar qualquer coisa como relacionar tudo o que ele se lembra criando novas teorias. Com este poder é possível entender rapidamente situações, criar e consertar qualquer coisa.”

Isso tudo eu estudei em casa.
Com sua habilidade, Aroldo poderia facilmente compreender meu pedido e até analizar a situação.
Meu discurso precisaria ser muito bom para impressionar-lo, mas do jeito que eu ensaiei, a probabilidade de me sair bem é de 68%.
Sim, eu sou uma nerd camuflada.
Havia uma mesa no centro do cômodo, que contia oito cadeiras e oito homens de terno cinza sentados nelas. Fiquei me perguntando se haveria alguma cadeira para mim.
Além de Kora e eu, não havia mais nenhuma mulher alí.

–Com licença senhores, está é Srta. Becker ao qual comentei com vocês. – apresentou Kora, me empurrando levemente para frente. –Ela veio apresentar a proposta de “Liberdade de Habilidade” para todos. Tem como intuito o...

–Deixe ela falar por si só. – interrompeu um homem Moreno e careca, deixando Kora com uma expressão de raiva.

Corei, senti borboletas no estômago antes mesmo de começar o discurso.
Aqueles olhares, todos sobre mim, me assustavam, mas não cedi.
Eu iria apresentar de um jeito ou de outro.
Eu sempre tento usar as palavras mais difíceis possíveis, para acharem que eu sei do que eu tô falando.

–A princípio eu quero agradecer por terem cedido o tempo de vocês para ouvir a minha proposta.

Tentei identificar qual deles era Aroldo, mas era muito difícil pois nenhum dos homens tinham uma plaquinha de reconhecimento.

–...Ah... A minha proposta tem como intuito a eliminação desse regime emposto sobre os Nexplis, onde mostra que eles devem se esconder do mundo afora e ocultar suas habilidades. – eu disse, ainda nervosa.– Eu quero sair lá fora e não ter medo de ser quem eu sou, não ter medo do uma “agência” me capturar e me matar. Eu sei que se unirmos as forças com os normais, podemos combater a AEMN juntos...

–E como pretende fazer isso senhorita? – questionou um homem de barba branca e olhos claros. –Como sabe que os “normais” vão se aliar a nós?

–Pode não parecer mas existem pessoas boas no mundo. – disse em meio a um sorriso. –ONG's pelo mundo todo, orfanatos, casas de abrigos etc. Somos gente tanto quanto eles. Temos os mesmos direitos que eles.

–Então a senhorita acredita na igualdade, certo?

–Não. Não acredito na igualdade.

Os associados ficaram confusos, pois acabara de fazer uma antítese em meio a minha proposta.

–Eu acredito na equidade. – continuei, certa do que estava falando. –Vou dar um exemplo: Uma sala de aula. Se aderíssemos a igualdade dentro de uma sala de aula, as notas seriam dadas de acordo com a média da sala, ou seja, todos tirariam a mesma nota. Isso não seria justo para todos os  alunos que se mataram de estudar para tirar uma boa nota, e não seria justo que os alunos que não se esforçaram tirassem uma nota maior do que deveriam. Com a equidade, todos tirariam a nota que merecem, de acordo com o esforço e vontade.

–A onde você quer chegar? – perguntou um homem magro e alto, meio calvo.

–Estou querendo dizer que, sim, nós Nexplis temos algumas vantagens por conta de nossos poderes, então por isso devemos dar preferências aos normais. A equidade deve ser adquirida a partir do tempo, mostrando que os Nexplis podem ajudar os não-nexplis em coisas em que temos mais facilidade. O mundo em que eu quero viver é um mundo onde podemos mostrar nossos poderes a vontade, mas com a moderação adequada.

–E quanto a violência? Como pode nos garantir que nenhum Nexplis tentará agredir os normais com seus poderes?

–Não posso. Mas, isso não serve só para os Nexplis, os não-nexplis também tem essa opção. – falei, tentando lembrar do discurso. Naquele momento comecei a improvisar. – Exemplo: Facas. Você permite que os cidadãos tenham facas em casa, mas o que os impede de assassinar alguém? A lei. A lei impede.
O medo de ser preso os impede. Minha ideia inicial seria que essa agência se tornasse ACNP, ou “Agencia de Controle de Nexplis Problemáticos.”
Existem vários soros criados para amenizar os nossos poderes, e logo poderiam ser usados para aqueles que tentam usá-los de forma agressiva.

Eles se entreolharam, uns cochichando com os outros. A maioria era careca, fiquei me perguntando se haveria um padrão para os homens que trabalham aqui.

–Okay, e como começaríamos essa “libertação”? – perguntou um senhor sorridente de cabelos loiros, cujo o qual já estava esbranqueando.

–Saindo na rua e mostrando nossos poderes. Logo viralizaria na internet, faríamos entrevistas no mundo inteiro e então a notícia se espalharia.

Novamente eles cochichavam entre sí, o que ia me deixando cada vez mas nervosa.
O senhor sorridente sorriu novamente e disse:

–Srta. Evelyn, gostaria de me apresentar antes de falar qualquer coisa, sou Aroldo Jacfëen, presidente dessa associação. – ele falou, me deixando mais nervosa ainda. –Sei que fez uma pesquisa sobre mim, e sei que o que você fala é verdadeiro e com muita boa intenção. Como a maioria das empresas, teríamos que pedir um tempo para pensarmos sobre o assunto, mas como também já sabe, minha habilidade é a super inteligência, então penso praticamente na velocidade da luz.

Ele ficou quieto, tentando decifrar minha expressão. Eu estava extremamente nervosa, agora era a hora.

–Eu decidi que aprovamos sua proposta.

Ao ouvir aquilo eu quase dei um pulo de felicidade. Finalmente, tudo pelo que eu batalhei minha vida toda iria se realizar.

–Mas, tem um porém. – Aroldo continuou, me deixando extremamente nervosa, comecei a tremer. –Você tem que trabalhar conosco aqui. Claro, assim que terminar seus estudos, que acredito que falte pouquíssimo tempo.

Eu dei um grande sorriso.
Não sabia se ria ou se chorava de felicidade.

–Okay.

*
*
*

Saí da sala e percebi que Kora já não estava mais com nós, então fui procurá-la pelo corredor.
Andando pelo lugar, então escuto uma voz masculina falando pelo telefone. Não queria ser intrometida, mas acabei escutando a conversa sem querer.

–...eu sei, eu tentei falar por ela, mas não consegui.... Eu sei, eu sei, eu estou tentando inverter as coisas aqui, mas o discurso dela foi muito bom...

Eu não acreditei no que ouvira.
Alguém, tentando fazer com que minha proposta fosse recusada. Mas não consegui pensar em quem faria isso, nem sei se conheço o indivíduo.
Preciso contar para Kora o mais rápido possível.
Mas, sem eu esperar, foi Kora que sairá de trás do corredor. Eu fiquei confusa, eu ouvi uma voz masculina, será que Kora estava com a pessoa que tentou me sabotar?

Eu não estava entendendo.
Por que a Kora tentaria me sabotar?

Escola De Magia [Livro 2]Where stories live. Discover now