Capítulo 1

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Me chamo Darla, tenho 21 anos e nasci e cresci em Albany, um pequeno condado do Texas.

Venho de uma família simples, que não possui muito, a não ser um pedaço pequeno de terra, que estamos quase perdendo por não conseguir liquidar as dívidas da hipoteca.

Depois da morte de meu pai, as coisas pioraram para minha família. Sou a irmã mais velha de dois garotos.
Eric e David, gêmeos de 10 anos.

Sou a única que trabalhava fora, meus irmãos são crianças, então sobrou para mim sustentar a casa. Minha mãe não tem a saúde perfeita, depois da morte de papai ficou ainda mais abalada, então prefiro que ela cuide da casa enquanto eu trabalho fora para poder colocar comida em nossa mesa.

Trabalho desde muito cedo, comecei ajudando meu pai. Depois que terminei o colegial, consegui um emprego como secretária de um médico de idosos, que os visita em casa.

Continuei com o mesmo trabalho por três anos, mas infelizmente o doutor Frank se aposentou, e eu perdi o emprego que sustentava minha família.

Não possuímos nada além da terra e duas vacas. Tudo que tínhamos, que já não era muito, o banco tomou de nós.

Andei por todos os lados em busca de um novo trabalho mas não encontrei nada.

- Você tem que descansar Darla. - Diz mamãe. - Ou acabará doente.

- Não posso me dar ao luxo de descansar mamãe. - Sorrio fraco. - Tenho que arrumar emprego o mas rápido possível, ou acabaremos passando fome.

- Não exagere Darla. - Diz revirando os olhos. - Antônia já me falou que se precisarmos de algo, ela nos ajudá.

- A senhora sabe que não gosto de ser um estorvo para ninguém. - Digo.

Minha mãe abaixa a cabeça, e suspira alto.

- Eu sou um estorvo para você. - Diz. - Seria melhor se eu estivesse morrido no lugar de seu pai.

- Mãe! - A olho incrédula. - Nunca mais diga um absurdo desses! A senhora não é um peso para mim, nunca será. Se papai ouvisse a senhora dizer uma bobeira dessas não iria ficar nada contente.

- É tão difícil sem ele ao meu lado. - Lágrimas correm por seu rosto.

- Eu sei. - Enchugo suas lágrimas. - Também sinto falta dele, mas tenho certeza que papai não iria gostar de ver a senhora assim.

- Ele me daria um sermão. - Sorri abertamente. - Como se eu fosse sua filha.

- A senhora tem uma vida pela frente. - Beijo seu rosto. - Tem filhos que te ama. Papai iria querer que a senhora seguisse em frente.

- Você tem razão. - Diz. - Seguirei em frente por mim, por você, e os sapecas.

Sorrio feliz, pois mesmo com as perdas, continuamos unidos como sempre fomos.

- Mãe. - Eric corre até nós. - Olha quem está aqui.

Antônia aparece logo atrás dele, de braços dados com David.

- Boa tarde. - Deseja.

- Boa tarde. - Mamãe e eu retribuimos em uníssono.

- Tenho uma surpresa para você Darla.

- Para mim? - Pergunto confusa.

- Sim. - Sorri. - Lembra que eu havia lhe dito, que minha sobrinha que mora em Nove York vai sair do serviço?

- Sim. - Digo. - Me lembro.

- Então... - Diz animada. - Eu falei de você para Janete. Ela falou de você para seu ex patrão, ele quer que você vá fazer uma entrevista de emprego.

- Sério? - Pergunto surpresa.

- Sim. - Balbucia. - Ele quer alguém de confiança para o serviço, e que tenha experiência em trabalhar como secretária.

Será que as coisas irão melhorar para minha família de agora em diante?

- Mas por que ele não contrata alguém de Nova York? - Pergunto desconfiada.

- Provavelmente porque ele quer alguém que seja do interior. - Diz. - Sabe que é uma pessoa de responsabilidade.

- O que a senhora acha mamãe? - Pergunto.

Ela me olha, vejo lágrimas em seus olhos.

- Se é o que você quer fazer meu bem. - Diz. - Te apoiarei.

- Será uma oportunidade incrível para que eu consiga o dinheiro para pagar nossas dívidas. - Digo. - Mas eu não tenho dinheiro para ir para Nova York.

- Eu lhe dou meu bem. - Diz Antônia sorrindo.

Antônia é uma mulher sem filhos e viúva, com seus 60 anos, que gosta de ajudar quem precisa, mesmo que não tenha muito a oferecer. Quando seu marido faleceu a deixou em falência, Antônia perdeu quase tudo que tinha. Por sorte ela conseguiu a aposentadoria do marido. Aos poucos foi pagando suas dívidas até quita-las.
Ela vive em uma pequena casinha que é divisa de nosso sítio.

Desde a morte de meu pai, foi ela que nos amparou em alguns momentos de aperto. Mas não gosto de incomoda-la, pois ela já tem seus problemas, não precisa de mais.

- Não posso aceitar. - Digo.

- Não seja boba Darla. - Diz. - Aceite o dinheiro, irá ajudar sua família. Qualquer coisa pegue o dinheiro como empréstimo.

Fico em silêncio por um tempo, pensando na possibilidade de aceitar o dinheiro.

- Ok. - Digo por fim. - Mas irei lhe devolver assim que eu conseguir.

- Tudo bem então. - Sorri. - Irei avisar Janete sobre sua viagem.

- Obrigada. - A abraço com carinho. - Fique de olho neles para mim? - Peço.

- Claro meu bem. - Balbucia.

Não sei o que irei enfrentar nessa nova etapa de minha vida. A única coisa que tenho certeza, é que lutarei ao máximo para dar um futuro digno a minha família.

Encontro Ao Acaso (Conto)Where stories live. Discover now