- Como foi a viagem? - Bruce pergunta.
- Tudo ótimo. - Lena diz. - Passei a maior parte do tempo dormindo.
- Não consegui dormir nem um minuto. - Falo.
Morro de medo de altura, e não gosto nem um pouco de avião.
- Medrosa. - Bruce pega uma almofada no sofá e joga em mim.
- Sou mesmo. - Confirmo. - Só entrei naquele negócio porque foi necessário.
- Você se acostuma com o tempo. - Lena diz.
- Pode até ser. - Dou de ombros. - Mas não acredito nisso.
A viagem de ida para o Textas, tanto quanto a volta para Nova York foram tranquilas. Mas isso não quer dizer que não estava me borrando de medo.
- Só sei que eu dormi bastante. - Lena sorri abertamente.
- Ainda encostou a cabeça no ombro de um desconhecido. - Gargalho alto.
O homem não sabia o que fazia. Se acordava Lena, ou a empurrava, mas no final das contas acabou deixando ela dormir em seu ombro.
- Ainda babei nele. - Ela ri alto.
Ficou uma mancha enorme na camiseta do homem.
- Coitado. - Bruce faz uma careta. - Mas mudando de assunto... Como está sua família?
- Todos ótimos graças a Deus. - Digo.
Mamãe quase não acreditou quando me viu parada na porta de casa. Ela começou a chorar descontroladamente, enquanto me abraçava com força.
Contei a ela quase tudo o que aconteceu. Deixei de lado a história dos homens que me atacaram e o atropelamento, não quis preocupa-la ainda mais.
Já havia tirado a bota ortopédica, então ela não ficou sabendo sobre essa história desagradável.
- Ela não queria deixar Darla voltar comigo. - Lena diz.
- É compreensivo. - Bruce senta no sofá. - Ela ficou um tempão sem receber notícias da filha.
Mamãe ficou muito brava comigo por não entrar em contato para dizer que estava tudo bem, e apesar de não gostar de mentiras tive que inventar uma.
Sobre a sobrinha da Antônia não viver mais no apartamento, eu falei a verdade, mas sobre o contato da Antônia que perdi naquela noite não falei nada.
Sei que foi errado da minha parte mentir, mas se tivesse contado a verdade, ela não me deixaria voltar para Nova York, e eu preciso muito desse emprego para poder ajudá-la.
Não preciso gastar alguma parte do meu salário com despesas de um apartamento, então isso já me ajuda e muito a economizar.
Não posso me dar ao luxo de gastar com futilidades. Se quero mandar dinheiro para casa, preciso saber economizar cada centavo que ganho.
Bruce e Lena são muito bondosos comigo. Me ajudaram e me ajudam como ninguém. Agradeço a Deus todos os dias por colocar os dois no meu caminho.
Tenho um teto sobre minha cabeça, roupa, comida, e ainda ganho um salário ótimo. É óbvio que não entendo quase nada sobre salários, mas sei que recebo mais do que o devido.
Quando Bruce me contratou, eu pedi a ele para me pagar o mesmo valor que ele pagava a antiga funcionária. Na hora eu desconfiei que ele iria me pagar a mais. Tenho certeza que o salário de uma acompanhante de idosos não são tão altos.
É óbvio que não quis aceitar, então ele me deixou em um beco sem saída. Ou aceitaria, ou aceitaria. Como eu não tinha opção, acabei aceitando sua proposta.
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Encontro Ao Acaso (Conto)
Short StoryDarla leva uma vida tranquila em uma pequena cidade no Texas. Ela se vê em uma encruzilhada pois sua família está preste a perder o único bem que possui. Sua vida muda drasticamente quando Darla se muda para Nova York em busca de um emprego para pod...