Capítulo 8

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- Como foi a viagem? - Bruce pergunta.

- Tudo ótimo. - Lena diz. - Passei a maior parte do tempo dormindo.

- Não consegui dormir nem um minuto. - Falo.

Morro de medo de altura, e não gosto nem um pouco de avião.

- Medrosa. - Bruce pega uma almofada no sofá e joga em mim.

- Sou mesmo. - Confirmo. - Só entrei naquele negócio porque foi necessário.

- Você se acostuma com o tempo. - Lena diz.

- Pode até ser. - Dou de ombros. - Mas não acredito nisso.

A viagem de ida para o Textas, tanto quanto a volta para Nova York foram tranquilas. Mas isso não quer dizer que não estava me borrando de medo.

- Só sei que eu dormi bastante. - Lena sorri abertamente.

- Ainda encostou a cabeça no ombro de um desconhecido. - Gargalho alto.

O homem não sabia o que fazia. Se acordava Lena, ou a empurrava, mas no final das contas acabou deixando ela dormir em seu ombro.

- Ainda babei nele. - Ela ri alto.

Ficou uma mancha enorme na camiseta do homem.

- Coitado. - Bruce faz uma careta. - Mas mudando de assunto... Como está sua família?

- Todos ótimos graças a Deus. - Digo.

Mamãe quase não acreditou quando me viu parada na porta de casa. Ela começou a chorar descontroladamente, enquanto me abraçava com força.

Contei a ela quase tudo o que aconteceu. Deixei de lado a história dos homens que me atacaram e o atropelamento, não quis preocupa-la ainda mais.

Já havia tirado a bota ortopédica, então ela não ficou sabendo sobre essa história desagradável.

- Ela não queria deixar Darla voltar comigo. - Lena diz.

- É compreensivo. - Bruce senta no sofá. - Ela ficou um tempão sem receber notícias da filha.

Mamãe ficou muito brava comigo por não entrar em contato para dizer que estava tudo bem, e apesar de não gostar de mentiras tive que inventar uma.

Sobre a sobrinha da Antônia não viver mais no apartamento, eu falei a verdade, mas sobre o contato da Antônia que perdi naquela noite não falei nada.

Sei que foi errado da minha parte mentir, mas se tivesse contado a verdade, ela não me deixaria voltar para Nova York, e eu preciso muito desse emprego para poder ajudá-la.

Não preciso gastar alguma parte do meu salário com despesas de um apartamento, então isso já me ajuda e muito a economizar.

Não posso me dar ao luxo de gastar com futilidades. Se quero mandar dinheiro para casa, preciso saber economizar cada centavo que ganho.

Bruce e Lena são muito bondosos comigo. Me ajudaram e me ajudam como ninguém. Agradeço a Deus todos os dias por colocar os dois no meu caminho.

Tenho um teto sobre minha cabeça, roupa, comida, e ainda ganho um salário ótimo. É óbvio que não entendo quase nada sobre salários, mas sei que recebo mais do que o devido.

Quando Bruce me contratou, eu pedi a ele para me pagar o mesmo valor que ele pagava a antiga funcionária. Na hora eu desconfiei que ele iria me pagar a mais. Tenho certeza que o salário de uma acompanhante de idosos não são tão altos.

É óbvio que não quis aceitar, então ele me deixou em um beco sem saída. Ou aceitaria, ou aceitaria. Como eu não tinha opção, acabei aceitando sua proposta.

Encontro Ao Acaso (Conto)Where stories live. Discover now