II

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A noite não é tão longa quanto o dia, mas pareceu-se ser suficiente duradoura para que Chittaphon organizasse os pensamentos com relação àquele Taeyong. O rapazote de madeixas — o mesmo apresenta-se ambas bochechas toda vez que Ten encontrava-o — rosadas talvez valesse mesmo todo o esforço. Provavelmente tenha sido esse o motivo que fizera-o dormir tarde da noite.

— Hey, Ten, o que acha de todos irmos na sorveteria depois da aula? — o belo rosto de Johnny impediu-o de olhar para o monitor. Ten esfregou os olhos cansados e fitou o americano.

— Que sorveteria? — atrapalhou-se com as palavras, como se tivesse esquecido coreano de um segundo para o outro.

— A daqui do lado, criatura! — o americano riu — Você vem, né? 

— Sim, sim — concordou com a cabeça.

O outro sorriu.

— Ótimo!

Ten respirou fundo e agarrou o mause, tentando organizar os pensamentos sobre o que realmente faria naquele dia. O fato de seus amigos decidirem passar um tempo naquela sorveteria era o suficiente para que destruísse todo o seu plano sobre como iria fazer Taeyong falar, no mínimo, duas palavras as quais não tivesse sido programado para falar. 

A ideia de que talvez Taeyong fosse um robô ocupou os seus pensamentos em grande parte daquela aula, mas também Chittaphon não tinha a menor vontade de fazer algum design naquele momento. Ao liberar da aula, ele suspirou pesadamente e seguiu os amigos para a sorveteria. Será que Taeyong agiria diferente naquele dia?

  — Eu soube — Mark pigarreou e olhou para o tailandês — Que essa tal sorveteria é onde Ten vai todos os dias...

  — Cala a boca, Mark — Johnny bateu na parte parietal da sua cabeça.

  — Aish, hyung, ficou louco? — o mais novo acariciou a própria cabeça.

— Ninguém mandou ser X9 — Johnny apressou os passos ao atravessar a rua.

  — O que é isso? — perguntava Ten, perdido para onde chegara aquela conversa sobre sorveteria e termos desconhecidos.  

  — Mark — foi a definição que Johnny deu, mas ele sabia muito bem que o curioso tailandês iria pesquisar quando chegasse em casa.

Apressado, Ten ultrapassou os dois rapazes e abriu a porta da sorveteria, sendo recepcionado por aquele aroma mais que conhecido. Ficou um tempo parado, mas seus amigos empurram-no para o caixa. 

— Flocos e... — Johnny olhou para os dois garotos ao seu lado, com o intuito de fazê-los responder o sabor que queriam.

—  Menta com chocolate —Mark sorriu ao responder.

— Morango! — Ten exclamou, fitando intensamente aquele mesmo atendente, como se não tivesse pedido o mesmo sabor de sempre.

  — Okay, então vai ser flocos, menta com chocolate e morango — Johnny sorriu para Taeyong, cujo registrou o pedido e meneou a cabeça levemente.

Ten estava se mordendo por dentro, querendo abrir a boca para perguntar sobre ele e, mais ainda, sobre o machucado em seu olho esquerdo. Estava roxo e Chittaphon estava preocupado.

  — Ahn... Só um momento, por favor — gaguejou e retirou-se por alguns segundos, trazendo consigo, na volta, um homem mais velho o qual parecia se tratar do gerente. 

Eles sussurravam coisas sobre a máquina, enquanto isso os meninos assistiam pacientemente. Johnny balançava uma cédula no ar, Mark comentava com os meninos o quão estava com raiva de uma professora qualquer da universidade e Ten ocupava-se com sua preocupação e fascínio por Taeyong.

Ocorrera só um problema com  a máquina, somente. Mesmo resolvido, a linha de preocupação não tinha deixado aquele belo e jovem semblante de Taeyong. Ele respirou fundo e concluiu a compra, entregou os três sorvetes e pediu que aproveitassem, do mesmo jeito que sempre pedia para que voltassem.

Ah, era a mesma ladainha...

Ten voltou no balcão para pegar o guardanapo, como sempre fazia. No entanto, ousou-se abrir a boca por alguns segundos. 

  — Marquinhas roxas não combinam com rostinhos doces feito o seu.

E, enfim, Ten deixou a sorveteria com os seus amigos e permitiu-se experimentar tanto do sorvete, quanto da curiosidade sobre qual fora a reação de Taeyong para com aquelas palavras. 

Ice Cream ✖️ TaeTenOnde histórias criam vida. Descubra agora