Esta tudo okay...

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   "Esta tudo okay", eu dizia as pessoas do outro lado da linha.  Estávamos marcando o encontro, e finalmente Bryan iria conhecer seus pais. Ele não parava de sorrir,  e dizer o quão emocionante seria, e como sua busca levava um fim e ele podia finalmente ser feliz. Ficou marcado para terça as duas da tarde,  na praça Shopenwawer.
   Já era terça,  e meu coração pulava do peito. Bryan não parava de roer as unhas, e a praça estava lotada de pessoas, mães com seus filhos e maridos,  cachorros e jovens , e um grupo de velhinhos fazendo pintura.
   Logo um casal se aproximava, era uma mulher morena , de mais ou menos 1, 65, olhos claros e um sorriso contagiante.  Um homem negro, forte,  parecia ter servido no exército pela forma que se porta, não tem muito cabelo e sua feição é de quem já passou por muito.
   Bryan esta virado de costas, e eu os vejo primeiro.  Aceno levemente e aponto para Bryan, eles se aproximam devagar e a mulher toca levemente o ombro de Bryan.  Ele se vira já com os olhos cheios de lágrimas e diz:
  -Mãe..? Pai...?
   A mulher chorava e a única coisa que conseguiu dizer antes de abraça-lo foi "Judah".
   Foi um choque pra mim, até porque eu poderia esperar todo e qualquer nome do mundo , menos Judah. É um nome forte. 
O homem junto a mãe de Bryan,  ou melhor, Judah, envolve os dois em seus braços.
    Aquela linda cena me fazia pensar, e sentir falta de meus pais.  Seu amor,  seu abraço , eu posso ainda sentir o cheiro de flores da minha mãe.
-Pai, mãe,  esse é James,  o meu amigo.  Moro com ele desde que a tia dele morreu .
  Judah disse.
-Prazer James,  sou  Meire Suolton e este é meu marido Carl Suolton. 
- O prazer é todo meu. Respondi.
     Passei a tarde toda ouvindo sobre os pais de Bryan ,  a vida deles e da vida de Bryan na fábrica. Eu estava em outro mundo com minha mente,  até porque doía ver seus pais,  e não ter os meus para conhece - lo.  Recebo uma mensagem no celular dizendo que um dos meus amigos, Graham,  estava no hospital .  Mas como na mensagem dizia que ele estava bem, não cheguei a me preocupar,  até porque, não queria estragar o dia do meu amigo, ou meu amor, pra falar a verdade eu nem sabia mais quem ele era.
     Fiquei aguardando Judah falar sobre sua sexualidade,  mas ele não disse, exatamente nada.   O encontro maravilhoso terminou , e Bryan foi pra casa , a sorrir. 
   Entrei em casa cansado,  joguei minha mochila no sofá e fui pro banho , mesmo ali não conseguia parar de pensar em tudo que tinha acontecido naquelas últimas semanas,  não sabia se tinha perdido,  se tinha ganhado, estava tão confuso que apenas me sentei no chão do banheiro,  e deixei  a água escorrer sobre meu rosto.

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