Maldito elevador

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Começo a apertar o botão para chamar o elevador de volta, desesperada com a reação de Dessa. E se Cassie batesse nela?

Corro pela sala, procurando pela saída de emergência, e Andrew me segura pelo braço, me forçando a parar. Ele não cansa de me segurar pelo braço?

-Relaxa aí, amor.- Andrew abre um sorriso irônico. É claro que se ele pudesse ele não me chamaria de amor. Mas sabia que se me insultasse eu também não ficaria quieta.

-E se ela machucar Dessa?- pergunto. Minha respiração acelera e não sei se é por conta da proximidade de Andrew ou da situação. Imagino a porta do elevador se abrindo no térreo e as pessoas se deparando com uma briga dentro dele. Seria cômico, caso Dessa não estivesse na briga.

-Endie, você realmente acha que aquela galinhazinha vai bater na Andressa?- pergunta ele e percebo que é a primeira vez que me chama pelo nome. Em sua boca meu nome saiu como um lindo som desconhecido.- Dessa deve estar acabando com ela. Até você conseguiu bater nela!- relembra e começo a me acalmar. Ele estava certo, não dá para negar.

O elevador já está de volta à sala e disparo para ele, sendo seguida por Andrew. Ele aperta o botão Térreo e começamos a descer. Se aquela vaca encostar um dedo em Dessa, eu...

Meus pensamentos são interrompidos com um tranco e o elevador para, ficando em escuridão total por um momento, antes das luzes fracas de emergência se acenderem. Uma luz vermelha pisca em cima do espelho e começo a tremer, sentindo um frio na barriga.

O elevador teve uma pane. Comigo dentro dele. E com Andrew ao meu lado.

Tem coisa melhor?, me lembro de Dessa perguntando mais cedo antes de entrarmos no Museu.

Já se passaram 15 minutos. Meus nervos estão a mil. Ando de um lado para o outro no pequeno espaço enquanto Andrew está sentado no canto, rindo da situação.

-Para de rir.- peço, nervosa.

-Não dá.- responde, gargalhando. Se fosse em outra situação, eu teria percebido como a risada de Andrew é gostosa de se ouvir. E como o deixa mais lindo, com algumas marcas em volta do olho que chamam mais atenção do que seu brinco.- Endie, senta aí. Relaxa. Não há nada que possamos fazer.

É verdade. Além de me estressar à toa, estou me cansando. O ar condicionado não está pegando, então está ficando muito quente. Andrew tira a jaqueta cinza e a estende ao seu lado.

-Senta aqui.- diz e bate na jaqueta. Obedeço, me sentando ao seu lado. Mas não por que ele mandou, e sim por que estou ficando cansada. Minha camiseta da WCU está ensopada e meu couro cabeludo parece queimar diante do calor que faz no elevador. Amarro o cabelo em um coque e me abano com as mãos, tentando me refrescar.- Está com calor?

-Você não?- pergunto, séria, mas logo me arrependo. Essa é uma das únicas vezes que Andrew me trata com cortesia e gentileza, e eu estou descontando toda minha tensão sobre ele.- Quer dizer... Estou. Com muito calor. Me desculpe.- peço baixinho pela resposta atravessada.

-Não foi nada, gata.- diz ele e pega o celular no bolso.

-Não acha que eu já não pensei nisso?- indago.- Não pega, não têm sinal aqui dentro. Estamos em um elevador!- começo a me estressar novamente.

-Fica quieta!- ordena Andrew.- Eu sei que não têm sinal, não sou retardado. Queria encontrar uma música.

-Não me manda ficar quieta, quem você pensa que você é?- me levanto e começo a bater o pé e sinto o elevador tremer. Por um momento sinto medo que ele despenque. Andrew se levanta atrás, guardando o celular no bolso de trás da calça.- Você não tem o direito de...

Sou interrompida quando Andrew me empurra para a parede e gruda o corpo no meu, me silenciando com um beijo.

Aqueles lábios. Ah, aqueles lábios. Andrew me invade com sua língua esperta e me beija com intensidade. Seus braços fortes prendem os meus contra a parede, me segurando. Ele não cansa de me segurar pelo braço?, penso de novo.

Andrew cheira a hortelã, café e creme de barbear, e me desvencilho de seu toque para segurar seu rosto enquanto correspondo ao beijo. Naquele momento eu percebi o quanto eu precisava do seu toque, o quanto eu ansiava por isso. Todo o medo, toda a ansiedade e toda a preocupação desapereceu quando Andrew tomou conta de mim, e por um segundo todo o mundo parou.

-Andrew.- sussurro e puxo seu cabelo.

-Endie.- ele responde entre um beijo e outro, quase sem fôlego.

Andrew me puxa para baixo e se senta em cima da jaqueta, que antes eu estava sentada. Subo em cima dele em um momento de coragem e passo as unhas pelo seu pescoço. Meu Deus, como Andrew era gostoso. Andrew aperta meu corpo, pontos que parecem me acender lá em baixo, cada toque me deixando com mais vontade de ser consumida por aquele fogo que se chamava Andrew.

-Realmente está muito quente aqui.- Andrew me puxa para mais perto e puxa minha camiseta da WCU para cima, me deixando só com o sutiã preto que eu coloquei de manhã.

Uma onda de vergonha e apreensão me invadem, mas não ligo, no fundo agradecendo Andrew, já que está muito quente, e continuo beijando-o. Andrew então tira sua camiseta branca, interrompendo nosso beijo mais uma vez e passo a mão pelo seu abdômen definido. Olho para ele, seu corpo e seu rosto perfeitos me cegam e eu passo a língua pelos lábios dele, provocando-o.

Não sei de onde veio tanta coragem e auto estima. Se não fosse com Andrew, posso jurar que estaria no canto, acuada, com o rosto queimando de vergonha. Mas esse cara despertava em mim algo que eu precisava por pra fora, precisava expor e mostrar a ele. Eu o desejava, sentia algo dentro de mim que me deixava com vontade de pular em cima dele todas as vezes que eu o via. Naquele momento, Andrew estava em total sintonia comigo. Ele estava no meu sangue. Ele estava nas minhas veias e não saia da minha cabeça quando não estava por perto. E, de certa forma, eu precisava daquilo. E eu o culpo por ser meu elixir. Minha droga fatal. A perdição, aquilo que me fazia esquecer de tudo, que me cegava. Era inexplicável. Mas eu não sabia se eu era assim pra ele. Provavelmente eu era só mais uma roupa que ele queria guardar em sua coleção. Nesse momento, interrompo nosso beijo, afastando-o e olhando em seus olhos. Meu Deus, o que estávamos fazendo?

Só agora percebo que o elevador voltou a funcionar e desceu até o térreo e que estávamos dando um show para os universitários, que estavam de boca aberta diante de nós.

Bad Boy IrresistívelWhere stories live. Discover now