CAPÍTULO 5

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Enrico Martinelli

Eu me segurei para não matar a Vitória quando ela jogou o suco na Bianca, quis apertar o pescoço dela até ela ficar roxa, mas me controlei, não valeria a pena ir pra cadeia por causa dela.

Quando vi a Bianca indo embora com muita vergonha, eu percebi a classe que ela tem, em nenhum momento ela bateu boca com a Vitória, ela simplesmente tentou se limpar pegou sua bolsa e saiu do restaurante de cabeça erguida, diferente da mulher parada a minha frente que queria continuar discutindo como se nós tivéssemos algum relacionamento. Lorenzo apareceu bem na hora que Bianca estava saindo.

— Pague a conta, por favor! — eu disse para o Lorenzo.

— Você não vai atrás dela, eu sou sua mulher! — eu me segurei para não rir, ela está completamente louca.

— Você não é e nunca vai ser a minha mulher, nós não temos nada, e pode se considerar fora da agência.

— Você não pode fazer isso, nós temos um contrato! — a voz dela se altera.

— Contrato que irá vencer em breve. — eu a deixo plantada no meio do restaurante e vou atrás da Bianca, que bom que a alcancei antes dela ir para a agência, a levei para comprar algumas roupas e fiquei bastante irritado por ela não ter me deixado pagar por elas.

Estamos na minha sala trabalhando nos contratos, ela em momento algum tocou no que aconteceu no restaurante. Pego o contrato de Vitória e entrego pra ela.

— Eu quero desvincular a Vitória da agência, mas não quero pagar uma multa exorbitante, o que posso fazer?

Ela fica alguns minutos lendo, eu paro prestando atenção em cada movimento seu, quando seu cabelo loiro cai no rosto ela rapidamente o coloca atrás da orelha, ela morde o lábio quando está muito concentrada, seu nariz arrebitado é perfeito.

— Falta menos de três meses para o seu contrato vencer, você não terá que pagar um valor tão considerável, por ser pouco tempo eu aconselharia a não quebrar o contrato, mas sim deixar que vença. — eu penso bem, ela tem razão.

— Você está certa! — ainda não consigo acreditar no que a Vitória fez. — Eu sinto muito! Eu não sabia que ela iria fazer aquilo, ela sempre teve aquele gênio forte, mas o que ela fez passou de todos os limites.

— Enrico... Eu conheço a Vitória desde que me entendo por gente, eu sei as maldades que ela pode fazer, ela é uma pessoa oca por dentro, sempre fez o meu pai ficar contra o Tiago e eu, já estou acostumada com ela, aquele suco foi fichinha pra mim.

Eu já vi a Vitória destratando empregados, garçons, mas o modo de Bianca está me dizendo isso parece que ela é muito pior, mostra que ela gosta de maltratar e ofender as pessoas, como pude me envolver mesmo que sexualmente por alguém assim? Não é à toa que a minha família não gosta dela.

***

O expediente já está no fim, Bianca foi para a sala dela logo depois da nossa conversa sobre a Vitória.

— Oi filho! — meu pai adentra a minha sala.

— Oi Pai! O barbeador do senhor quebrou? — o abraço, ele está com a barba imensa, estou acostumado com a barba rala ou totalmente aparada. Meu pai é um coroa boa pinta, Italiano legítimo, cheio de charme, seus cabelos e barba já estão totalmente brancos, sessenta anos, mas com espirito de um garotão de trinta.

— Sua mãe pediu que eu deixasse minha barba crescer.

— Dona Laura é terrível, mas como o senhor está?

— Estou ótimo, passei aqui pra levar você pra jantar em casa.

— Claro, vamos!

***

Estamos dentro do carro saindo da garagem da agência, quando avisto Bianca no ponto de ônibus toda espremida entre várias pessoas, parei o carro e abaixo o vidro do lado do meu pai.

— Entra Bianca! — gritei pra ela que me olha assustada.

— Não precisa Sr. Martinelli, o ônibus já vai passar. — que droga, ela voltou com esse papo de Senhor.

— Entra logo Bianca, olha o tanto de gente que vai pegar o ônibus. — ela fica pensando e finalmente entra.

— Obrigada!

— Me passa o seu endereço. — ela me passa, ela mora no mesmo condomínio que meus pais, como nunca a vi por lá?

— Seu avô está bem Bianca? — meu pai pergunta. Até o meu pai a conhece.

— Está sim Giuseppe, e ele está te esperando para fazer aquele churrasco de novo, e peça, por favor, para a Laura não levar a caipirinha, meu avô ficou muito alegrinho da última vez.

Churrasco, Giuseppe, Laura, caipirinha? Em que universo eu estou?

— O seu avô não parece ter a idade que tem. — meu pai ri.

— Se deixar o seu Manuel faz festa todo dia.

— Não sabia que vocês se conheciam. — comento.

— O avô da Bianca é um senhor muito simpático, logo quando eu e a sua mãe nos mudamos para o condomínio há cinco anos, a nossa casa ficou com problema no esgoto, nós não tínhamos água nem para beber, o Manuel nos ofereceu a sua casa para que nós pudéssemos tomar banho e durante três dias nós fazíamos todas as refeições lá, ele não deixava de jeito nenhum que nós comêssemos em algum restaurante... Foi na mesma época que você voltou de Londres não é Bianca? – olha para ela pelo retrovisor, eu vi que ela ficou um pouco desconfortável.

— Foi sim, meio que sempre morei com o meu avô, mas nessa época eu tinha ido para a casa dos meus pais em Londres, mas não saiu como planejado, então depois de três dias voltamos meu irmão e eu, e estamos a até hoje com o vovô.

— O seu pai eu já conheço, mas tenho que admitir que estou muito curioso para conhecer o seu Manuel.

— Claro Enrico, fique a vontade!

— Por que você estava no ponto de ônibus? — meu pai pergunta.

— É... Que não estou podendo dirigir. — ela diz um pouco sem jeito.

— Por quê? — pergunto curioso.

— Eu estourei todos os pontos da minha carteira.

Meu pai e eu caímos na risada. Essa mulher tinha que ter algum defeito.

— Pelo jeito você a Laura tem o mesmo problema com carros, ela também é péssima no volante. — meu pai zoa com a cara dela.

— Eu não sou péssima no volante, só que às vezes eu... Eu... Os outros carros que me atrapalhavam.

— Claro, com certeza era isso que acontecia! — me seguro para não rir do rubor do seu rosto.

Chegamos até o condomínio, o segurança libera a nossa entrada, paro primeiro em frente à casa de Bianca.

— Muito obrigada pela carona!

— Disponha!

— Boa noite! — então abre o portão se vira pra gente dá um aceno, e entra.

Acho que vou começar a vir mais vezes na casa dos meus pais.

Enrico - Irmãos Martinelli #1 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora