Capítulo Nove.

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Éverton estava em choque. Olhava para o carro ao seu lado, sem saber como reagir. Os olhos cheios de lágrimas dificultavam a sua visão.
Seu coração estava pesado. Doloroso. Mas com algum resquício de esperança.
Já seu cérebro, havia declarado, que ele estava morto. E que não havia mais chance alguma de reconciliação.

Os sentimentos e a dor, vagavam lentamente por sua alma.

A Mercedes de seu pai estava ali, a sua frente. Capotada, dilacerada. Sem chance de quem estava dentro, sair vivo.
Mas algo dentro dele, dizia que ainda era tempo... Que acabaria tudo bem.

Óh meu Deus. Que seja feita a tua vontade. Mas se possível, proteja-o. Sabes mais do que Ninguém meu Pai, o quanto preciso me reconciliar com este homem....

Após a breve oração, Éverton parou ao lado da janela dianteira do veículo, para averiguar a situação.
Pegou seu celular, e ligou para a emergência.

Gabi olhava tudo de dentro do carro. Não tinha a mínima ideia de para quem ele estava ligando. Então novamente baixou a cabeça, e pôs-se a orar.

A ambulância, juntamente dos bombeiros, estava a caminho. Era so questão de tempo... O que o jovem casal, temia que o homem preso ali dentro, não tivesse.

Éverton viu algo no chão. Abaixou-se, e descobriu se tratar da chave do sítio. Ele se assustou ao ver a jovem ao seu lado.

- Vai descansar Gabi...

- Como vou descansar, sabendo que o pai do homem que eu amo, está preso ai dentro? - Disse ela, com os olhos marejados, apontando pro carro capotado.

- Desculpa... - Sussurou ele abraçando-a.

Por um breve instante, puderam sentir paz, um misto de cores desintegradas, quase que transparentes, foi surgindo.
Mas assim que piscaram, tornaram para a realidade.

Éverton juntou o molho de chaves, pegou Gabi pela mão, e foi até a porteira de entrada. Assim que adentraram o sítio, saíram correndo para a mediana casa ao longe.

Dentro da casa, haviam ainda algumas fotografias da mãe de Éverton. Gabi as fitou por um instante, até focar seu olhar no rosto do jovem.

Os olhos dele, já marejados e cansados, deixavam transparecer toda a dor que ele sentia. Dava para saber, que ele estava recordando da morte de sua mãe.

Era complicado, Gabi sabia. Aos 6 anos ele perdera a mãe, e agora aos 17, após ter passado a vida com o Pai o culpando, tinha de passar por mais uma situação complicada. Ela se punha no lugar dele. Seu peito doída.

O Rapaz, percebendo a aflição de Gabi, a aninhou em seus braços, sentou-sem em uma poltrona e ficou acariciando os cabelos da jovem moça.

Ela apenas sorriu. Era grata a Deus por ter alguém como Éverton em sua vida. Então ele lhes disse as palavras, que sempre faziam seu coração disparar.

- Eu te amo minha pequena.

Seus olhos se encontraram e o sorriso da jovem se estendeu, aquecendo o coração de Éverton.

- Também te amo, e muito.

Ele sorriu. Aquele sorriso ensolarado que sempre transformava Gabi em uma gelatina. Em fim, seus lábios se encontraram. E as cores retornaram a aparecer.

No Querer de Deus. - Livro 2 da Série: O Querer de Deus.Where stories live. Discover now