Anamika 2

42 4 5
                                    

Eu estava no alto de uma montanha. Não havia luz ou som. E não havia ninguém comigo. De repente, ouvi um barulho de algo batendo, como uma pedra batendo em outra. Então algo brilhando me chamou a atenção. Parecia uma pedra brilhante e luminosa. Era dali que vinha o som.

Eu me aproximei, tentando descobrir o que era aquilo. Então vi algo pontiagudo romper a pedra de dentro para fora. Uma luz riscou o céu e tudo se iluminou. Eu pude ver que não estava mais como Durga. Eu era apenas Anamika.

Uma pequena ave dourada saiu de dentro daquela pedra brilhante. Seu coração batia com força. A ave descansou a cabeça sobre a casca de ovo quebrado, deitado metade dentro e metade fora, piou alto e abriu os olhos. A ave me olhou por algum tempo enquanto eu a observava.

Muito rapidamente, a pequena ave amadureceu. Ela parecia maior e mais robusta depois de poucos minutos. A ave balançou as asas e então falou comigo.

– Olá Anamika. É muito bom revê-la. Vejo que sua alma finalmente alcançou a plenitude.

Eu estava surpresa porque aquele animal falou comigo. E porque ele parecia saber quem eu era.

– Nós nos conhecemos? Desculpe-me, mas eu não me lembro de você. Você não acabou de nascer?

A ave brilhante riu.

– Sim, eu acabei de nascer. Meu nome é Aurora e eu sou uma fênix. Todos os dias, uma fênix morre para que outra possa nascer. Somos como os deuses, só que nossa vida é mais curta. Em compensação, cada nova fênix adquire o conhecimento de sua antecessora. Assim, nós mantemos o conhecimento de eras. E nos lembramos de tudo.

– E como você pode se lembrar de mim? Eu nunca conheci uma fênix antes.

Aurora riu novamente.

– Sua alma é tão antiga quanto as fênix Anamika. Você apenas não se lembra. Você ficará aqui na montanha e nós te ajudaremos a se lembrar. Mas antes, eu gostaria de te ensinar uma coisa: Uma alma simples, é capaz de evoluir até a perfeição de uma divindade. Mas ela também pode regredir e perder toda uma era de evolução, por causa de atos vis. Você pode ser um Deus e agir mal, tornando-se um verme na próxima vida. É raro, mas pode acontecer.

– E por que você está me dizendo isso Aurora?

– Porque você precisa entender Anamika. O Deus que te trouxe aqui, levou anos para aprender. Você é mais sábia e aprenderá mais rápido.

– Deus? Phet é um Deus?

– Sente-se aqui Anamika, diante de mim. Dobre suas pernas uma sobre a outra e descanse seus braços sobre elas, com as palmas das mão para cima.

Eu obedeci.

– Agora feche os olhos e concentre-se na minha voz.

A ave começou a cantar. Sua voz era suave e agradável. Sua música entrava em meus ouvidos e parecia penetrar a minha alma. Eu comecei a me sentir leve, como se eu flutuasse. Então eu me senti como se estivesse em outro lugar, como se tivesse deixado meu corpo. E comecei a ver e sentir.

Eu vi uma fileira de formigas. Havia milhares delas. Todas dirigiam-se ao mesmo lugar. Todas trabalhavam intensamente. Uma formiga no meio da fila carregava uma grande folha verde. Muito pesada. Mas não tão pesada que a impedisse de continuar.

Então eu vi uma gata em um cesto. Ela havia acabado de dar à luz. A gata lambia cada um de seus cinco filhotes, enquanto eles, ainda com os olhos fechados, procuravam as tetas de sua mãe.

Depois disto, eu estava em uma floresta, densa e úmida. Uma tigresa espreitava do meio das árvores, enquanto uma gazela bebia água em um riacho. Então a tigresa saltou sobre a gazela, cravando os dentes em seu pescoço. A tigresa sentia o coração acelerado da gazela começar a parar. O sangue quente do animal diminuir o ritmo, até parar de correr em suas veias. O animal estava morto.

O destino dos Deuses - A história de KishanWhere stories live. Discover now