Capítulo Oito

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Por algum motivo, Henry estava ainda mais mau humorado do que no dia anterior. Andrew ficou confuso, já que ficou sabendo que o Rei iria passar a noite com a Rainha. Não era para ele estar de bom humor?

— Majestade. - Andrew se reverênciou, e com um gesto de mão, Henry mandou com que todos, exceto o conselheiro, saíssem da sala do trono. — Se me permite perguntar, o quê há de errado?

— Estraguei minha relação com Marie. - Henry suspirou irritado. — Exagerei com as doses de vinho, e ontem, no meu momento de intimidade com a rainha, acabei dizendo o nome de Camille.

— Sinto muito, Majestade. - Andrew respondeu um tanto triste pela Rainha. Ele era muito observador e já havia notado que Marie amava Henry. — Quando as coisas se acalmarem, converse com ela.

— Já conversei. - O Rei negou com a cabeça, demonstrando que a conversa não tinha saído como planejado. — Contei a ela sobre Camille, e que a estive procurando ultimamente. Marie apesar de ter me perdoado, ficou um tanto arrasada.

Os dois ficaram em completo silêncio, raciocinando idéias para que as coisas pudessem voltar a ser como antes.

— Andrew. - O Rei suspirou, finalmente tomando uma decisão. — Vamos deixar Camille um pouco de lado. Estou cansado de ser rejeitado por ela, vamos dar um tempo.

— Como o senhor desejar, Majestade. - Andrew respondeu prontamente, mas não se sentia feliz com a decisão.

[...]

Dois meses haviam se passado, Camille nunca mais havia visto Andrew e mais ninguém do palácio. Tinha cogitado a idéia de que Henry havia desistido, mas seus sentidos diziam que ele estava apenas dando um tempo.

Scarborough Fair havia entrado num período de recesso, e só iam voltar a negociar novamente daqui algumas semanas, então Camille estava trabalhando apenas no campo e em sua casa.

Era já final de tarde, quando a camponesa resolveu andar pela floresta, ia em direção ao riacho para poder se refrescar um pouco. Chegando no lugar, ela viu que alguém lavava o rosto nas águas cristalinas, ele parecia cansado e havia um cavalo amarrado em uma das árvores para que não fugisse.

Camille ia sair devagar do lugar para que não fosse notada, mas acabou pisando em um galho seco e acabou atraindo atenção do homem - que para a sua surpresa - era Henry.

Henry, quando ainda era príncipe, gostava muito de sair para cavalgar e caçar, e foi assim que conheceu Camille. Mas quando se tornou Rei, esses hobbies simplesmente acabaram, assim como o relacionamento que tinha com a camponesa.

Camille já estava dando meia volta para ir embora, quando sentiu uma mão segurar o seu braço a impedindo de se mover.

— Por favor, não vá Camille. - Gotas da água do riacho escorria pelo rosto de Henry, Camille se repreendeu por achar aquilo charmoso.

— O que Vossa Majestade deseja? - A camponesa fez questão de frisar o título de Henry.

— Eu sinto a sua falta, muito na verdade. — Henry olhava profundamente nos olhos azuis de Camille. — Eu só te prejudiquei, me perdoe por isso. Fui covarde, pois fugi e deixei uma garota quebrada para trás. Me perdoe, porque já não suporto mais viver sem você.

Os olhos de Camille estava querendo derrubar lágrimas. Quando ela ainda era apaixonada pelo Rei, sempre desejou ouvir essas palavras, e logo ela diria que o perdoava. Mas a camponesa já não sentia mais nada por Henry.

Pelo menos, ela queria acreditar nisso.

— Eu te perdoo Henry, mesmo que o que você fez foi imperdoável. - Ela o viu engolindo em seco. — Mas não podemos e não vamos mais ter a relação de antes.

— Camille... - Ele deixou o desejo por ela transparecer na voz, fazendo a camponesa se arrepiar um pouco.

Mesmo negando tanto para si mesma, ele ainda conseguia mexer com os sentimentos dela.

Como Henry ainda segurava o braço da garota, ele deixou que sua mão escorregasse pelo seu braço, fazendo com que o coração de Camille se acelerasse, quando a mão do rei posou em sua cintura.

— Me perdoe por isso também. - Henry a puxou e logo tomou os lábios da camponesa com o mais puro desejo.

Camille relutou de início, mas ela estava tão carente ultimamente que deixou-se levar.

Sentia seu corpo arder junto com o de Henry, e a mesma sensação que sentiam anos atrás, estavam sentindo novamente. As mãos de Camille puxava os cabelos loiros e macios de Henry, enquanto ele apertava com força sua cintura e tentava grudar ainda mais os seus corpos, a fazendo suspirar entre o beijo.

Camille finalmente despertou, quando sentiu Henry deixar beijos molhados em seu pescoço e sua mão tentando desatar os laços do seu vestido. A camponesa reuniu as poucas forças que tinha e empurrou Henry para que se afastassem, e logo desferiu um tapa no rosto do Rei.

Com uma mão no rosto, que ficou vermelho, Henry riu com sarcasmo, enquanto olhava para Camille que estava ofegante e com os olhos incrédulos, sem acreditar no que havia deixado acontecer.

— Eu poderia te mandar para forca, por conta disso. - Ele riu ainda mais quando viu Camille esbugalhar ainda mais os olhos. — Mas não vou fazer, e você sabe muito bem.

— Isso foi um aviso para não chegar perto de mim novamente. - Ela apontou um dedo na direção de Henry. — E não importa se você é o Rei da Inglaterra, príncipe consorte da França, ou o maior líder mundial. Eu acabo com você.

— Não se você me desejar também. - Ele ainda tinha um sorriso convencido no rosto, o que fez Camille suspirar de raiva. — Essa relação que acabamos de construir, é ainda mais excitante do que a quê tínhamos antigamente.

Camille revirou os olhos completamente irritada, tinha esquecido de como Henry conseguia ser irritante quando queria.

Ele voltou pra beira do riacho e pegou seus pertences que estavam jogados. Se aproximou de Camille novamente, e depositou um selar nos lábios da camponesa, que sem hesitar limpou os lábios com uma careta, o que fez Henry rir ainda mais.

— Para a sua infelicidade eu tenho que ir, Camille. - Henry foi até o seu cavalo para desamarrá-lo da árvore. — Mas espero ter mais encontros emocionantes como este.

— Para quem tem tarefas com o reino, o senhor está demorando demais para partir. - Camille cruzou os braços observando Henry, que a olhou com um sorriso charmoso.

— Então até mais, doce camponesa. - E assim ele partiu montado em seu cavalo.

Aquelas palavras fizeram o estômago de Camille gelar, e a imagem de um certo nobre lhe veio a cabeça.

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