O amor - Anik

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Depois de beijar Radha, eu tive a certeza de que estava apaixonado. Eu a queria e vi em seus olhos que ela também me queria. Nossos lábios se tocaram apenas por um instante, mas naquele breve momento, pela primeira vez, eu senti que todas as coisas faziam sentido. Eu senti paz pela primeira vez em muitos dias, desde que eu soubera da origem mística da minha família. Mas Radha fugiu de mim.

Ela correu de volta para o acampamento e eu corri atrás dela. Quando cheguei, meu pai estava de pé, em frente à sua tenda, segurando uma caneca. Ele encarava Radha, que o olhava assustada. Então, meu pai virou-se para mim.

— O que está acontecendo? Onde vocês dois estavam?

— Pai eu...

— Eu me afastei do acampamento para meditar na clareira e o senhor Anik ficou preocupado— Radha me interrompeu— Não é nada senhor. Eu só queria ficar sozinha.

— Radha!

Eu a chamei, mas Radha correu de volta para a sua clareira. Meu pai segurou meu braço e me olhou com carinho e firmeza.

— Meu filho, você quer me contar o que está acontecendo?

Suspirei e olhei nos olhos de meu pai.

— Eu tenho quase certeza de que a amo!

Meu pai me conduziu para o interior da tenda e eu me sentei. Ele me ofereceu uma caneca com água e sentou-se de frente para mim, com as pernas cruzadas.

— Você já se apaixonou antes Anik?

— Não pai. Eu nunca me interessei por nenhuma mulher antes. — Eu ri — uma vez, Kamala perguntou se eu era gay. Eu disse a ela que nunca me interessei por nenhum homem também.

Papai riu.

— A verdade pai, é que eu nunca me preocupei com isso. Eu sempre gostei de ler e de estudar, e achava que isto me bastava. Mas desde que eu olhei nos olhos de Radha pela primeira vez, eu senti que algo estava faltando, que eu precisava me encontrar. E quando eu a beijei na clareira, eu descobri o que era. Era Radha o que estava faltando. Mas ela fugiu de mim.

Meu pai me olhou nos olhos, sério, por alguns segundos, então colocou a caneca de lado e tocou meu ombro.

— Anik, eu amo a sua mãe desde a primeira vez que a vi, quando eu ainda era um tigre. Kelsey me ajudou a me lembrar de quem eu era e a ser livre outra vez. Apesar de tudo o que enfrentamos, eu nunca tive dúvidas de que ela pertencia a mim. E eu a ela. Se você sente isso por Radha, conquiste-a. As barreiras entre vocês não são místicas. Elas são muito mais complicadas do que isto. São barreiras culturais.

— Do que você está falando pai?

— Filho, você nasceu nos Estados unidos e sua mãe é americana. Mas eu sou indiano, assim como Radha. E aqui, nesse país, as pessoas ainda são muito ligadas aos costumes antigos. Radha é de uma casta inferior à nossa, e isto pode impedir vocês de ficarem juntos.

— Mas pai, você se importa com isso? Você tentaria me impedir de ficar com Radha, mesmo sabendo que eu a amo?

— É claro que não meu filho! Mas Radha acredita nos Deuses. E ela acredita nas castas. Talvez ela queira se afastar de você por causa disso. Seja paciente Anik.

— Eu serei. Farei o que for preciso para ter Radha comigo. Eu quero que ela seja minha esposa.

— E bastou um beijo para você ter essa certeza Anik?

— Não pai. Bastou olhar nos olhos dela.

Na manhã seguinte, acordei cedo. Mamãe e Radha já estavam prontas e tomavam o café da manhã: barras de cereais e algum tipo de chá.

Os filhos do tigreWhere stories live. Discover now