Tua pele na minha pele.

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Tua pele na minha pele vestia a minha vergonha sem dó
Lambia a minha alma
Mordia e engolia minha mente
Causava agonia
Éramos um só
Sussurros feitos de nós
Tua inocência nas minhas mãos morria
E humano, naquela noite, mais do nunca eu me sentia
As tuas palavras desconexas nos meus ouvidos ganhavam harmonia
Sentia o sabor de felicidade que dos teus belos lábios escorria
Tirava o nu e cobria o nosso pequeno segredo com o nosso suor
Gozava desejo
Sangrava arrependimento
Éramos uma parte da parede e da cama
Éramos um nó
Éramos um rabisco numa folha de papel melada de saliva
Parados e agitados em total sintonia
O momento anestesiava o tic tac do tempo
Éramos pele nua e crua
Tua pele era minha e a minha pele era sua
E como uma súplica
Pedia para a música não parar
E ao mesmo tempo a incerteza de tudo pairava nos teus ombros e no ar
Mas a tua pele na minha pele me dava o vigor necessário para o teu sopro de juventude explorar
Para pincelar no teu corpo suor e na tua mente lembranças eternas de um dia que somente na nossa memória poderia morar.


Marcos Malagueta.
Manaus, 22 de junho de 2018.

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