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Martin:

Isaac voltou para a faculdade, pediatria foi a sua opção, é uma profissão linda, acredito que Valentim tenha grande influência em sua escolha, ele está estagiando com o doutor Leandro que por sinal virou nosso amigo, as minhas insegurança quanto a ele já não fazem nenhum sentido já que a confiança que tenho em Isaac não dá margem para que elas existam. 

O que mais me surpreendeu foi ele e Olavo terem começado um relacionamento que pelo jeito vai terminar em casamento, pois os dois são um grude. Salvo o consultório que os separa por algumas horas. 
Nick e Agnes também estão firmes, agora só falta a Helô desencalhar, pois depois que terminou com o último namorado a dois meses a nossa amiga está solteira e isso é inadmissível. 


Todos nos reunimos vez ou outra, nunca em bares, preferimos na casa de um ou outro por que tem Valentim que levamos sempre conosco, mas sempre com responsabilidade, quando Isaac bebe e ele não bebe muito mais um copinho apenas que ele toma, ele não dirige então eu fico sem beber, e vice-versa quando sou eu que bebo e eu bebo mais que Isaac, aí ele nem permite que eu encoste no volante e nem adianta reclamar. 

Nossas personalidades são bem distintas, Isaac é mais centrado no que faz, gosta de tudo organizado, eu ao contrário já sou mais largado, mais desorganizado, sou o tipo que deixa os papeis espalhados pela mesa e Isaac sai juntando tudo. E isso no início do nosso relacionamento gerava muitas brigas, mas algo que aprendemos é nunca dormir brigados ou separados, isso foi uma regra imposta por ele e sabiamente obedecida por mim. 

Não digo que não haja discordância vez ou outra, normal somos seres humanos e não máquinas que são programadas para serem perfeitas, nós erramos muitas vezes, mas sempre colocamos em diálogo o que está nos incomodando, sim nós aprendemos a conversar sobre tudo, esse era um dos grandes problemas que tínhamos, acredito eu que tudo o que é dialogado fica mais fácil de ser entendido. 

É importante ressaltar que a minha vida é dividida em duas partes, a primeira, uma vida de festeiros, muitas pessoas em volta contudo totalmente vazio, sem perspectiva, a segunda cheia de vida, cheia de luz, Valentim e Isaac me fazem querer crescer profissionalmente, me fazem querer amadurecer e superar meus próprios limites, me fazem enxergar a vida com outros olhos. 

Não sei como será no futuro, mas eu não me importo com o que vem pela frente, pois eu dou valor ao presente, o futuro nós iremos construindo dia após dias. Lógico que penso no dia em que Valentim se formará em uma boa faculdade, o dia em que ele nos apresentará o grande amor da sua vida, que nos dará netos, e olha vou  querer bem uns três, mas isso é ainda em um futuro distante, ele está apenas com seis anos.


Isaac e eu estamos pensando em adotar uma menininha, para completar a nossa família, também queremos um cachorro, já estamos na fila da adoção por uma menininha que Isaac está cuidando, ela chegou no hospital onde ele faz estágio, o mesmo que Valentim nasceu, havia feridas por todo o seu corpo, e estava bastante desnutrida, Isaac chegou em casa me falando dela e desde então em concordância resolvemos que queremos essa menina para nós, ela havia sido encontrada em uma calçada abandonada e levada ao hospital, Isaac logo se encantou e ao me propor tentarmos adotá-la aceitei no mesmo instante. O Juiz parecia favorável ao nosso parecer mais ainda faltavam a sua assinatura para que possamos de fato chamá-la de nossa, mas acredito que logo ela estará aqui correndo com Valentim, e ela será tão amada, como Valentim é, porque não importa se é filho de sangue ou do coração, o amor que temos para dar, o carinho e os laços serão sempre os mesmos a emoção de vê-los crescer, se desenvolver será sempre a mesma.

Com certeza quem já teve a oportunidade de conviver com as primeiras experiencias da vida de uma criança vai  concordar comigo que é gratificante observar eles dando os primeiros passos na vida, quando eles olham para nós e nos ganham com um sorriso sincero, estamos esperando o juiz dar o veredito, enquanto isso já estamos preparando o quartinho dela.

A espera nos causa ansiedade, Valentim, Isaac e eu não vemos a hora de trazer a pequena Lara para nossa casa, para a nossa família. Mas o sistema da  burocracia nos faz esperar.

Sei que no início será uma adoção monitorada para verem que a Lara se adapta a nossa família, mas quanto a isso eu não tenho a menor dúvida que ela se adaptará, pois a desejamos da mesma forma como desejamos Valentim no dia do seu nascimento, sim eu posso comparar essa espera como um novo nascimento da nossa pequena Lara, porque mesmo sendo tão frágil tão indefesa ela já teve que enfrentar tantas coisas, abandono, fome, doença e conseguiu superar cada uma dessas coisas, Isaac e eu só queremos protegê-la e amá-la como nossa filha. 
***

Hoje iremos buscar o nosso cachorro em uma instituição de adoção, Valentim que quer escolher, e assim que ele colocou os olhos em um filhote da raça PUG ele disse.

_ É esse papai, é esse que eu quero. 

Era um filhote muito bonitinho do pelo amarronzado, Valentim já o batizava de Laio e não tinha quem o persuadisse de mudar de ideia, era aquele cachorro e seu nome seria Laio.

O jeito foi levar Laio para casa, mas antes passamos em uma casa de ração para comprar, não queríamos que Laio ficasse com fome, porém... desde cedo ensinamos a Valentim a ser responsável por alimentar o filhote, e assim ele fazia, acordava cedo, fazia suas higienes e já corria para encher a tigela de Laio de ração e outra com água, limpava suas sujeiras e as vezes com o nosso auxilio até se aventurava a dar banho, Isaac e eu só ficávamos com a parte de leva-los para passear, íamos os quatro, Isaac, Valentim, Laio e eu. Logo seríamos cinco. 

Valentim segurava firme a corrente de Laio na frente, Isaac e eu andávamos logo atrás de mãos dadas. 

Quando o amor aconteceKde žijí příběhy. Začni objevovat