II

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Jungkook viu um amontoado de gente na rua e apressou o passo para saber o que havia acontecido. Ambulância, polícia, vizinhos... Todos estavam ali para saber o que aconteceu. Se esbarrou sem querer em algumas pessoas, mas finalmente conseguiu chegar.

— O que aconteceu? — Perguntou à uma garota que também estava ali.

— O rapaz que morava aí, morreu noite passada — Ela respondeu entristecida, colocando uma mecha do seu cabelo loiro atrás da orelha e mostrando suas bochechas vermelhas por conta do frio que fazia naquela manhã.

— Morreu de quê? — Jungkook se pôs na ponta do pé e esticou o pescoço para tentar ver.

— Ninguém sabe, ele simplesmente estava pendurado no teto. Impossível ser suicídio, ele era cadeirante e não havia sinais de ter outra pessoa na casa — Deu de ombros, suspirando e dando de costas, deixando Jeon ali.

— Aigoo, que estranho — Sussurrou para si mesmo, sentindo um calafrio na nuca assim que viu a maca passando com o corpo enrolado em um saco preto.

O melhor a se fazer era deixar aquele cenário melancólico para trás e seguir seu caminho.

[...]

O sininho da cafeteria tocou assim que Jungkook adentrou o estabelecimento, bateu o queixo e passou as mãos pelo sobretudo preto que agora estava úmido por causa da neve que caiu durante seu percurso.

Respirou fundo, sentindo-se revigorado pelo forte cheiro de café que exalava no ambiente. Como era um dia frio e ainda muito cedo, o céu estava escuro e ali não tinha muita iluminação, mas adorava todo o cenário aconchegante de parede de tijolos e cadeiras e mesas de madeira.

Logo ali, bem no fundinho, estava sua companhia, com seu sorriso perfeito e pose elegantemente fofa. Kim Taehyung, seu namorado de anos, lhe esperava enquanto tomava algo em uma xícara, completamente agasalhado dos pés a cabeça.

— Sopa? As 6:30 da manhã? — Se aproximou do mais velho, deixando um beijo em seus lábios e sentando a sua frente.

— Descobri que na cafeteria vende sopa, não é incrível? Sem falar que é servida em xícaras, tem torradinhas, você quer? — Estendeu o prato.

— Isso é ervilha boiando aí? — Apontou para a coisa verde na xícara.

— Sim, prova... — Aproximou a xícara de sua boca, mas Jungkook afastou com delicadeza.

— Ah não, não. Acho que vou ficar com o tradicional mesmo.

Taehyung deu de ombros, pois sabia que o namorado era chato para provar coisas assim.

Jungkook pediu seu café, alguns bolinhos e uma torta para levar pra casa.

— Como anda seu livro? — Taehyung perguntou de boca cheia logo depois de ter roubado um bolinho.

— Sinceramente? — Jungkook passou as mãos pelo rosto, se sentindo cada vez mais frustrado — Uma merda. Você sabe, né? Preciso entregá-lo em três meses e tenho, tipo, duas linhas do primeiro parágrafo, só isso.

Taehyung concordou e mordeu o lábio, sentia-se chateado por Jungkook não estar conseguindo começar seu livro, era algo muito importante pra ele. Queria saber alguma forma de ajudar, mas nada vinha em sua mente.

— Você vai se sair bem, confio em você — Por enquanto era o que ele podia fazer.

Jungkook sorriu cansado e entrelaçou seus dedos.

[...]

Ao fim do dia Jungkook voltou pra casa depois de todos os seu afazeres, completamente exausto. Logo após trancar a porta já foi se desfazendo de suas roupas pelo corredor, mesmo com o local ainda frio, sua vontade era correr para o banheiro e tomar um banho quente.

Tomou seu banho e ficou devidamente limpo, vestiu roupas confortáveis e fez um café. Um dos seus maiores prazeres era morar sozinho, não sabia como iria se acostumar caso um dia casasse com Taehyung, ter outra pessoa em sua casa era uma coisa, ele gostava de ficar sozinho mesmo amando seu namorado demais.

Sentou-se em frente ao seu computador antigo, abriu o seu arquivo e se sentiu esmorecido ao perceber que não tinha feito nada de interessante, nem sequer saiu do primeiro parágrafo.

Depois de algumas horas ele conseguiu escrever mais um pouco, nada muito significativo e cativante.  Olhou a xícara ao lado e desistiu do seu café depois de tanto tempo.

5 minutinhos de descanso e sentiu o ar gelado adentrar a casa pela janela aberta e se tremeu por inteiro, se levantou preguiçosamente e esfregou os braços. Foi até a janela e a fechou, ouvindo a mesma ranger. Sua casa era antiga e de madeira, mas era bem bonita por dentro, mas Jungkook odiava todos os barulhos que era fazia.

Ao fechar a janela a luz começou piscar, denunciando que faltaria energia, ele soltou um gemido chateado pois isso era uma coisa que anda acontecendo muito em seu bairro. Assim que se virou para ir em direção a cadeira de novo a luz apagou de vez.

Oh não, ele não tinha salvo seu arquivo.

— Argh, INFERNO! — Puxou seus cabelos e quis gritar para todos o quão merda isso é.

Arremessou qualquer coisa que não pôde ver e foi as cegas até a cozinha a procura de uma vela.

Depois de encontrá-la, apenas quis esquecer o episódio anterior, subiu as escadas ouvindo o barulho medonho e entrou em seu quarto, deixou a vela sobre o criado mudo e se deitou.

Agora sim tudo ficaria frio de verdade, mas não tinha nada melhor pra fazer do que dormir, assim tudo passaria mais rápido.

Se preparou corretamente e em alguns minutos já estava debaixo das cobertas, olhando para a parede a sua frente mesmo com a baixa iluminação.

Suspirou, se sentindo extremamente cansado e fechou seus olhos lentamente.

[...]

Três horas da madrugada...

A energia ainda não havia voltado, a única coisa que iluminava seu quarto era a luz da lua que adentrava pela janela acima da cama. Se perguntava como o céu estava tão limpo mesmo com o frio que fazia.

Acordou tremendo dos pés a cabeça, a vela já tinha se apagado e o cobertor parecia não servir de nada. Esses não eram os únicos problemas, quem dera que fosse, o que lhe intrigava de verdade era a estranha sensação de estar sendo observado.

Se pôs sentado na cama e tentou a todo custo enxergar alguma coisa, nada tinha ninguém em sua porta, muito menos em sua janela, fez o mínimo barulho possível, mas não escutou mais nada.

Iria voltar a deitar, se não tivesse tido a leve impressão que algo se mexeu bem em sua frente, perto da parede. Se cobriu inteiro deixando apenas os olhos de fora, logo ali havia uma sombra, algo como uma silhueta, mas não era possível ver perfeitamente.

Estava cogitando a ideia de levantar e ir até lá até que enfim a energia voltou e o quarto inteiro ficou iluminado, revelando que ali não havia exatamente nada.

Incubus ✝️ Jeon JungkookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora