Capítulo 4

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3 de setembro de 2017
Uma semana. Esse era o tempo em que sua mãe estava na UTI ainda, desacordada e respirando com a ajuda de aparelhos. Com muito esforço Emma trabalhava e quando tinha um tempinho, olhava sua mãe. Seu pai passava maior parte do tempo no hospital e Sofia ficava com Ally quando podia. Quando estavam juntos, a latina pegava seu pai olhando para ela, perdido em pensamentos. Sentia que o homem estava escondendo algo ou querendo contar alguma coisa, mas preferiu não pressionar Alejandro. Conhecia muito bem seu pai e sabia que ele não era de esconder nada dela.
A chuva já se fazia presente do lado de fora do hospital. O barulho dos trovões era alto, causando um certo pavor para quem tinha medo. Um sobretudo preto aquecia seu corpo exausto depois de um plantão. O cabelo solto se mexia de acordo com o vento que batia em seu rosto ao sair do hospital. Ao olhar em volta viu o policial vindo em sua direção.
- Esperando um táxi, Senhorita? - Perguntou Colin ao se aproximar.
- Se passar algum. - Respondeu lhe dando um sorriso amigável.
- Posso lhe dar uma carona se quiser, meu horário de trabalho já acabou.
- Não quero incomodar.
- Está um temporal hoje. Aceite minha carona e me deixe levá-la para casa em segurança. - Disse Colin.
Emma pensou um pouco e olhou para rua. Sabia que iria demorar para um táxi passar aquele horário, que demoraria a chegar em casa se não aceitasse a carona do homem a sua frente.
- Tudo bem. Eu aceito a carona policial.
- Por favor, me chame de Colin apenas Senhorita Emma. - Falou caminhando devagar até o carro que estava na frente do hospital.
Emma assentiu seguindo Colin até o carro calmamente. Ao se aproximar ele abriu a porta do carona para que a latina entrasse. Depois entrou no carro dando a partida para saírem dali. O silêncio fazia com que todo barulho em volta parecesse mais alto do que o normal. Emma estava com o rosto virado para janela, quando Colin a olhava uma vez ou outra. A latina era uma mulher com o rosto angelical, fazendo o policial gostar dela assim que a viu no hospital.
- O motorista que atropelou sua mãe vai ficar um bom tempo na cadeia.
- É o que ele merece por dirigir bêbado.
- Sem dúvida. Como ela está?
- Ela não acordou ainda. - Emma se limitou a dizer.
- Tenho certeza que logo ela irá sair dessa.
- É o que eu mais quero.
O silêncio se instalou novamente e dessa vez Colin não sabia como conversar com a latina. Suas mãos seguravam o volante fortemente ao sentir que estava sem jeito perto da mulher. De alguma forma Emma estava causando algo nele. Assim que o carro parou no endereço que ela tinha falado para ele, Colin se virou para latina.
- Obrigado pela carona, Colin.
- Não foi nada.
Emma se inclinou um pouco para abrir a porta do carro e o policial segurou seu pulso sutilmente. A latina se virou para ele rapidamente.
- Será que você aceitaria tomar um café qualquer dia desses?

5 de Setembro 2017 - 17h20min
A rua antiga de paralelepípedos é o lugar em que Dana ama passear durante a tarde que tem livre. Não poderia ter local melhor para se encontrar com Normani. Stone street é um dos poucos lugares de Nova York onde é permitido beber na rua, por isso, o espaço estava repleto de jovens e executivos de Wall Street que costumam tomar um chopp em um dos vários bares que espalham suas mesas pelo calçadão.
Carter se sentou em uma das mesas, de frente para o bar que costumava ficar e pediu uma Heineken. Bebericava a cerveja e olhava para o celular, enquanto esperava por Normani. Seria a segunda vez em que elas marcaram de se encontrar, depois de conversarem no bar 55 e virarem "colegas". A morena não era uma mulher fácil de se conquistar e isso só instigava Dana, mais ainda. Sua postura, o ar de superioridade, a forma como falava e a rejeição, atraiu ela como nunca antes tinha acontecido.
- Demorei muito? - Perguntou com um sussurro perto do ouvido de Dana, fazendo a mesma estremecer.
- Eu cheguei agora pouco. - Respondeu Dana assim que Normani saiu de trás dela e se sentou na sua frente.
Dana olhou para mulher a sua frente, dos pés à cabeça, dando mais um gole em sua cerveja. A morena fez um sinal para o garçom, pedindo uma água tônica em seguida.
- Disse que precisava falar comigo sobre umas coisas, estou curiosa.
- Primeiramente, você está linda. E sim, eu preciso falar com você sobre a Lucy. - Dana disse pousando a cerveja sobre a mesa.
- Prossiga. - Pediu.
- A mãe da Emma estava na cidade para vê-la, fazer uma surpresa e quando estava a caminho da casa dela, achou uma carta voando e pegou do chão.
- E o que isso tem a ver com a Lucy?
- A carta era da Lucy. Agora falando assim pra você me deu até um arrepio, porque quando a mãe da Emma tentava pegar a carta, uma caminhonete invadiu a calçada e atingiu ela.!
Normani estava tentando processar o que tinha acabado de ouvir. Em seguida deixou escapar uma risada para logo ficar seria. Ela a olhou confusa.
- Você e Lucy são umas idiotas em pensar que eu ia cair nessa.
- Isso não é uma piada, Normani. A carta é da Lucy.
- Dana eu não sou burra de acreditar que a mãe da Emma sofreu o acidente, no lugar da Lucy.
- Que!? Do que você tá falando?
Ao notar que Dana estava realmente confusa e sem entender do que ela estava falando, Normani sentiu seu coração bater um pouco mais rápido.
- Quais são a probabilidade de isso ter acontecido? Lucy ter uma previsão do futuro através de um sonho é algo impossível de acontecer, é surreal demais pra mim. - Pensou Normani.
- Você está mesmo falando sério, Dana? - Perguntou colocando a mão sobre a de Dana.
A loira olhou para mão que estava sobre a sua, sentindo uma sensação nova. Ao deixar escapar um sorrisinho de lado, Normani logo tirou a mão que estava sobre a dela, dando um tapa em seu braço para que Dana saísse de seus devaneios.
- Dana!
- Que? Sim, eu não brincaria com uma coisa dessas. A mãe da Emma está em coma, já tem mais de uma semana.
Normani se levantou atordoada com as coisas que Dana estava falando.
- Eu lembrei que tenho um compromisso agora à tarde. Eu. Eu preciso ir agora. Depois a gente se fala ta bom. - Disse a morena dando as costas pra Carter em seguida.
- Mais você acabou de chegar, Normani. - Protestou Dana se levantando.
Normani andava para longe, enquanto Dana a olhava se afastar. Dana sabia quando alguém estava mentindo. Ao beberica o resto da cerveja começou a pensar em tudo que Normani tinha falado a ela. - Será que Lucy tem alguma coisa haver com o acidente, além da carta? É isso! Por isso ela saiu desse jeito. - disse Carter em pensamento.
Dana se levantou apressadamente desbloqueando o celular. Assim que achou o contato que precisava, colocou o celular ao ouvido.
- Emma, a gente precisa conversar urgentemente.
- Dana agora não da. Acabei de chegar no hospital, depois a gente conversa tá bom. Beijos...
- Espera! Emma? Droga!
Ao pegar um táxi, Dana tentou ligar novamente para Emma, na tentativa de falar com ela novamente, mas caia na caixa postal. Assim que o táxi parou em frente a hospital, Carter desceu rapidamente.
- Hey! Você tem que me pagar. - Gritou o taxista.
- Mais que droga! - Resmungou voltando para o táxi, jogando uma nota de 40 dólares para ele. - Fica com o troco. - Disse batendo a porta do carro.
Carter correu para dentro do hospital. Cumprimentou Sarah com um aceno e ao passar pela mulher, avistou Emma no corredor. A latina olhava para prancheta enquanto caminhava até o quarto do seu paciente. Ao entrar viu o homem idoso sobre a cama, vendo TV tranquilamente.
- Hora de tomar seus remédios, Sr. William.
- Minha vida seria bem melhor sem esses remédios. - Resmungou.
Ao escutar a porta sendo aberta atras de si, Emma olhou para trás, vendo a loira entrar apressadamente.
- Eu não acredito que você veio aqui, Dana.
- Eu disse que a gente precisava conversar.
- Mais que loira hein, Senhorita. - Disse William atraindo a atenção das duas.
- Não sou pro seu bico, velhote.
- Olha que sou melhor do que muitos jovens por aí. - Disse cruzando os braços.
- Mais que venh...
- Se manda daqui, Carter. - Disse a latina empurrando Dana para fora do quarto.
- Emma mais que droga! O que eu tenho pra falar é sério! - Disse já no corredor.
A latina bateu à porta com força, respirando fundo logo em seguida. Dana tentou abrir, fazendo Emma bater à porta de novo e bufar.
- Se manda, Dana. Eu estou falando sério!
A loira se afastou da porta olhando em volta. Caminhou até a saída passando por Sarah novamente.
- Dana, se ver a Ally, manda um beijo pra ela por mim. Faz tempo que ela não aparece por aqui.
- É isso! Sarah você é fo... dez.
Carter correu para fora com o celular em mãos, enquanto Sarah olhava para ela confusa.
- Tá todo mundo doido hoje. - Disse Sarah balançando a cabeça em negação.
Depois de tocar a campainha pela segunda vez, Ally atendeu. Era a psicóloga da Lucy e deveria saber de algo.
- Oi Dana.
- A gente precisa conversar sobre a Lucy. Eu descobri algo sobre a Lucy, e tem a ver com o acidente que a mãe da Emma sofreu.
- Você está mesmo pensando no que eu estou pensando?
- Isso mesmo. Você vai me dizer tudo que sabe sobre ela, tudo que ela te contou depois do acidente.
- Eu não falo sobre meus pacientes, você sabe muito bem disso.
- Eu te faço falar. Você vai abrir a boca Ally, ou não me cham...
- Chamo Dana Carter. - Disse Ally tentando imitar a voz da amiga e revirando os olhos.
- Isso aí, pastora.

Um segundo (DREAME)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz