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Dia 22 de novembro de 2017

Bem, no dia a seguir daquele fim-de-semana voltei para o Algarve, pois tenho aulas e não posso mesmo faltar.

Hoje e como sempre tenho aulas, mas só até às 13h10.

Como antes, tenho conversado com o Grimaldo quando os dois conseguimos ter um tempinho.

O jogador, num dos treinos do início da semana, tinha-se lesionado na perna esquerda.

Nada de muito grave, mas que seria melhor prevenir e parar durante um pouco do que piorar a situação, portanto não vai jogar esta semana.

Sinto que conheço o jogador cada vez melhor. Sinto que ele me conhece como acho que ninguém conheceu.

Ultimamente, os meus pais andam com algum segredinho.

Parece ser alguma coisa sobre mim porque assim que eu entro na mesma divisão em que eles estão a conversar ouve-se um silêncio repentino.

São 10h10. Horas do intervalo grande, finalmente.

Aproveito para falar um bocadinho com Grimaldo, pois sabia que ele estava à minha espera.

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Mensagens diretas com grimaldo35

grimaldo35 – Bom dia alegria!

bia_gomes01 – Alegria? Só se for para ti que não acordaste cedo para ir para uma escola, mas bom dia.

grimaldo35 – Tem calma que o dia ainda vai melhorar!

bia_gomes01 – Ai é? E diz-me lá como sabes isso?

grimaldo35 – Confia em mim.

bia_gomes01 – Tu sabes que confio, Grimi.

grimaldo35 – Diz-me só a que horas sais hoje.

bia_gomes01 – Às 13h10, mas porquê?

grimaldo35 – Para estar aqui à tua espera, claro.

bia_gomes01 – Oh pois! Esquece.

bia_gomes01 – Tenho de ir Grimi. Até logo! ❤

grimaldo35 – Até logo Bia! 😘

Mensagem visualizada às 10:30.
Fim das Mensagens diretas com grimaldo35

Depressa voltei ao meu trabalho, concentrando-me nele ou tentando porque tinhas dois chatos do meu lado sempre a pedir ajuda.

Consegui acabar tudo o que tinha para fazer e depois ainda tive duas horas de matemática.

Não é que tenha dificuldades ou não goste da professora, mas aquilo começa a cansar.

Acho que já preciso de férias.

13h00. Finalmente!

A professora deixou-nos sair mais cedo.

Saio da sala acompanhada por Dinis e Cena (é o apelido de um dos meus colegas).

Passamos por dentro da sala de convívio e à saída reparo num rapaz sentado de costas que me faz lembrar o Grimaldo, pois trazia um casaco da Adidas que já tinha visto numa foto do jogador.

Descartei logo a hipótese de ser o próprio jogador, mas quanto mais me aproximava menos louca essa ideia parecia ser.

Ele estava de costas, sentado num dos bancos desocupados, com o capuz na cabeça e os cotovelos apoiados nos joelhos.

Aproximei-me para tentar ver de quem se tratava.

Já os meus colegas tinham seguido caminho sem mim depois de que dizerem que iam andando. Eu não me importei.

Estava atrás daquela pessoa, que certamente para mim era um rapaz. Observei-o.

Parecia tanto o jogador que ultimamente me tem feito tão feliz.

Alguém ou alguma coisa faz barulho atrás de mim, mas o meu olhar, cheio de esperança, não desvia daquele ser.

Esse barulho faz com que o rapaz olhe para trás, acabando também por me ver e cruzar o seu olhar com o meu.

- Mas… Como? O que é que… - tento falar, mas claramente o choque tomava conta de mim ao ver o tão famoso número 3 das águias.

Este aproxima-se de mim sem dizer nada, abrindo os braços ao chegar perto de mim, fazendo-me lembrar os momentos de sábado passado.

E mesmo tendo estado com ele há menos de uma semana, agarrei-me ao pescoço dele como fizera no outro dia.

Sinto-o apertar-me, encostei a minha cara na curva do pescoço dele.

- Eu disse que o dia ainda ia melhorar. Pelo menos eu acho. – ele fala, finalmente, e sei está a sorrir, o que me faz fazer o mesmo.

- Como? Porquê? Tens de explicar tudo, Grimaldo. – começo a perguntar.

Eu quero saber tudo. Ele é doido para ter vindo até aqui. Ainda não consigo acreditar. É tão bom abraçá-lo.

- Já te conto tudo, mas não aqui. Vamos para o carro. – ele disse, terminando o nosso abraço e começando a andar ao meu lado.

Depressa chegámos ao carro que assumi que fosse dele.

- Diz-me lá. O que queres saber? – ele encara-me assim que entramos no carro.

- Porque é que vieste para cá? – essa era a principal pergunta e dúvida que pairava no meu pensamento.

Ele sorri, mas assume uma expressão mais séria chegando a assustar-me ligeiramente.

- Eu sei que tens medo que eu me esqueça de ti, mas eu quero que percebas que eu não vou fazer isso, não te vou deixar. Eu vim porque quero fortalecer ainda mais a nossa relação. – ele fala, o meu coração acelera ao ouvir aquelas palavras. Não consigo dizer nada.

- Como o resto desta semana não posso jogar, vim aqui parar. Espero não ter feito mal. – ele continua, coçando a parte de trás no pescoço enquanto diz a última parte.

- Tu és doido… - finalmente consigo dizer alguma coisa, mas quando ia falar ele interrompe-me.

- Não gostaste? – a sua expressão é triste e ele baixa o olhar.

- … Mas eu adorei que tivesses vindo. Nunca ninguém fez uma coisa assim por mim. Obrigada Grimaldo. – continuei e agradeci-lhe mais uma vez.

Parece que estou sempre a fazê-lo.

O jogador suspira de alívio e volta a mostrar o seu lindo sorriso.

- Vamos almoçar fora. Já tive a fazer umas pesquisas e que me dizes de um McDonald’s? Já tenho aqui tudo. – ele aponta para o telemóvel que tem na mão e consigo ver que o mesmo tem o Google Maps aberto e, provavelmente, com o caminho para o estabelecimento mais próximo com aquele nome.

- Sim, vamos. – concordo com a sua sugestão e sorrio-lhe. Ele faz o mesmo.

Rapidamente começamos o caminho até ao McDonald’s mais próximo.

The Message - TERMINADADonde viven las historias. Descúbrelo ahora