Prólogo

169 18 22
                                    

Duas mulheres conversam de forma animada no quarto de uma delas. Riem olhando pra um mapa.

- Pra onde você vai dessa vez, Mika? - a pergunta vem da jovem loira sentada próxima da janela.

- Estava pensando em algum lugar mais pro norte dessa vez, mas não sei se vou me adaptar.

Apesar de ser algo rotineiro, a amiga de Mika se entristece toda vez que ela volta pra casa.

23 anos antes

Mikaela Romanov Smith vem de uma família nada comum. O pai, Michael Smith, um engenheiro muito bem sucedido. A mãe, Samirah Romanov, uma ex cigana que foi banida da comunidade por casar com um não cigano.

Os pais dela se conheceram no campus da universidade quando ele estava no último ano do curso, ela tinha ido visitar a melhor amiga, também cigana, que tinha se rebelado contra a cultura e terminava o curso de direito. Michael se apaixonou perdidamente por Samirah. Eles namoraram escondidos por meses, até ele se formar. Nesse dia, Michael foi pedir a mão dela em casamento aos pais. A mãe contava para Mikaela que um furacão descendo em cima da casa deles faria menos barulho, mas no fim o pai dela entendeu: se não desse sua benção, ela fugiria de casa. De qualquer forma, ela seria banida, então que fosse dessa forma, assim poderiam manter contato.

Eles se casaram, se mudaram pra Flórida, a casa ao lado era ocupada pela melhor amiga, Joan, e o marido George, ambos advogados. Um ano depois, Samirah descobriu que estava grávida e correu pra contar a novidade à amiga. A alegria veio duplicada: Joan também estava.

Joan não mantinha contato com a família, nem queria. Sabia que eles não entendiam porque ela queria estudar, então Samirah iria passar as tradições dos ciganos pros filhos das duas.

Nove meses depois Samirah começa a sentir as primeiras dores ainda de madrugada, Michael corre com ela pro hospital e Joan e George também chegavam nesse momento.

- Não esperava nada diferente disso, certo George? - comenta Michael quando estavam se preparando pro parto.

- Eu esperava mais um mês de preparação, isso sim!

Apesar dos partos estarem acontecendo ao mesmo tempo, Vivien, a filha de Joan e George, só era esperada pra dali um mês, mas nasceu absolutamente saudável. Samirah costumava dizer que ela se apressou pra não deixar sua pequena Mikaela aprontar sozinha. Elas eram totalmente diferentes e inseparáveis. Vivien era loira, de olhos negros como a noite, uma personalidade discreta, mas sabia o que queria sempre. Já Mikaela tinha os cabelos negros e lisos, olhos de um azul quase cristalino e era um verdadeiro furacão, nunca se contentava em estar parada, nem se acomodava. Samirah dizia que Vivien era a árvore e Mikaela o pássaro, por isso elas se completavam e se amavam como irmãs.

- Não faz essa cara triste, Vivi. Logo eu estou de volta, você sabe que eu não consigo passar mais de três meses em lugar nenhum. E também não posso perder nosso aniversário de 21 anos. Nem o aniversário deles.

- Eu sei, eu sei. Mas queria que você criasse raízes aqui. Comigo. Você não se cansa de tanta mudança? - Vivien estava triste, sentia falta da amiga.

- Sim, por isso que sempre volto pra casa. E porque sua mãe me fez prometer que voltaria sempre. Além do mais, você está aqui e não vai embora, eu preciso voltar. Vamos fazer assim: dessa vez eu vou visitar meu avô no acampamento deles e volto em 1 mês, a tempo para nossas comemorações. Assim eu fico um tempo maior aqui com você.

Mikaela abraça Vivien forte e logo elas voltam a rir e conversar.

Na hora do jantar Joan pergunta dos planos das duas para o aniversário, faz sugestões.

Outro TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora