Capítulo 24

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Malia

"O que significa?" Pergunto a Loki enquanto arrastava meu dedo pela tatuagem em seu peito. Estávamos deitados na grama, com minha cabeça apoiada em seu peito e seu braço a minha volta. Ele usava apenas sua calça de moletom e eu usava sua camisa preta, calcinha e sutiã. Não sabia a quanto tempo estávamos aqui, mas eu não estava nem pensando em sair. Iria começar a escurecer daqui a pouco, mas eu não ligava. Eu me sentia segura em seus braços, de um jeito que não sentia a muito tempo. Como se Loki fosse me proteger de tudo e todos.

Estávamos deitados em silêncio, e eu analisava suas tatuagens. Perguntei sobre a que ele tem em seu peito direito. Uma pequena frase. "Eu e você sempre, pequeno."

"Minha irmã costumava dizer isso para mim. Toda vez que saia de casa, ou que íamos dormir, ela me dizia isso. Foi a última coisa que me disse." Seu olhar era triste e nostálgico, e eu percebi que Loki amava muito sua irmã.

"Me conte dela." Falo. Sei que não devíamos falar sobre sentimentos ou algo assim, mas como ele não disse nada, não liguei. Eu precisava disso agora. Poderíamos voltar para o negócio de sem compromisso amanhã. Vejo um pequeno sorriso surgir em seu rosto.

"Ela era cinco anos mais velha, e éramos muito próximos. Fazíamos tudo juntos, e Zoe era o mundo para mim. Ela costumava dizer que seríamos os irmãos Tate para sempre." Seu sorriso era verdadeiro e natural, e eu logo não pude impedir meus lábios de se erguerem também. "Eu a amava. Isso é, quando ela não estava querendo roubar os meus brinquedos para namorar suas Barbies." Ele diz, e eu solto uma gargalhada.

"Ela parecia ser muito divertida." Ele me encarava, seus olhos eram uma mistura de felicidade e tristeza, se é que isso era possível.

"Ela era." Ele diz, apenas, e me aperta mais próxima de seu corpo.

Continuo analisando alguma de suas tatuagens. Ele tinha um "Eu te amo" escrito no braço esquerdo, mas parecia formar uma espécie de Rio negro que enrolava por todo o caminho de suas mãos. Eu vejo em seu pulso direito duas datas. Olho para cima e encontro Loki me eencarando.

"O que essas datas significam?" Ele não parece querer falar sobre isso, mas eu apenas espero. Espero que ele me diga algo sobre isso. Mas ele não tem a chance, pois seu telefone toca no minuto em que ele abre a boca.

Me sento para deixá-lo atender, e ele mexe no bolso da calça antes de tirar o telefone dali e atende.

"Sim?" Ele diz, e eu não deixo de notar um alívio em sua voz. Imediatamente me sinto meio mal. O que estou fazendo?  Ele deixou claro que não quer compromisso, e eu estou pressionando. Não devia ter pedido para me tirar de casa, e definitivamente não deveria ter perguntado de sua irmã ou suas tatuagens.

Me afasto, indo até onde estava minhas roupas, e o deixo falando no telefone. Pego o meu próprio celular, e envio uma mensagem para Hayley.

Malia: Hey, Amiga. Posso te pedir um favor?

Não tenho que esperar nem um minuto pela resposta.

Hayley: Claro. Manda.

Mordo o lábio, me perguntando se deveria mesmo pedir isso a ela. Eu provavelmente deveria voltar para casa, mas não queria encarar minha mãe agora. Ainda mais quando me pergunto se ela não poderia estar certa. Loki não gosta de mim de verdade, e eu me preocupo de estar agindo como uma vadia ao ficar com ele.

Malia: Eu tive uma briga com a minha mãe hoje...

Hayley: Pode vir para cá. Meus pais estão em uma reunião e devem chegar apenas tarde.

Eu sorrio com a amiga que tenho. Ela sabia exatamente o que precisava, e não hesitou em me ajudar. Tenho que impedir umas lágrimas. Merda, o que está acontecendo comigo hoje?

Caminho para onde Loki estava me esperando, com o celular em seu bolso. Sem falar nada, boto minha saia, tiro sua blusa e substituo pela minha própria. Estendo sua blusa para ele, que pega com um sorrisinho no rosto. Ao vê-lo cobrir aquele peito maravilhoso e tatuado, penso que deveria ser um crime.

"Vamos?" Ele me pergunta, e eu concordo com a cabeça. Andamos em silêncio até a moto, onde ele me estende o capacete.

"Me leva para a casa de Hayley. Por favor." Falo assim que subo na moto depois dele.

Eu nunca havia reparado na moto antes, mas pensando bem, era bem bonita. Pelo jeito que se move rápido, assumo que seja boa. Muito boa.

"Ei, qual é essa moto?" Pergunto enquanto saíamos por uma espécie de trilha. Loki estava certo, era um caminho difícil de fazer.

"Yamaha, MT-O7." Posso escutar o sorriso em sua voz, como se ele gostasse de falar sobre sua moto.

"Não me diga que é um desses caras." Falo, humor enchendo minha voz. O sinto rir enquanto o vento batia em minha face. Era um sentimento bom e ruim. Como quando você está em uma montanha russa, e sente o medo e a excitação, tudo ao mesmo tempo.

"Que caras?" Ele diz, e eu sorrio, encostando minha cabeça em suas costas.

"Aqueles caras que tratam o carro como se fosse a mulher de sua vida." Ele ri, e eu sigo. Eram momentos como esse, quando apenas nos divertimos, sem nos preocupar se poderíamos nos machucar depois, que me faziam me apaixonar por Loki Tate.

"Quem pensa que sou?" Ele finge um aborrecimento enquanto saíamos da trilha e entravamis em uma rua comum. Estávamos no centro, reconheci. Era perto da casa de Hayley. "Sou um cara que curte mais as motos. E tente não falar nada disso perto de Avery, ela se decepciona." Ele diz, e eu solto uma risada.

"Você nomeou sua moto?" Pergunto, rindo. "Acho que metade da atração que sentia por você acabou de morrer." Digo, e ele solta uma risada.

Entramos na rua de Hayley, e eu percebo que já está escurecendo. Acho que perdi um pouco da noção do tempo. Tudo sua culpa, Loki Tate. Ele para na frente da pequena casa amarela e eu salto da moto, tirando e devolvendo a ele o capacete.

"Não minta para mim, loirinha. A atração que você sente por mim nunca morre." Ele diz,  puxando-me para um beijo.

Ele não sabe, mas suas palavras me atingiram. Eu devolvo o beijo por um segundo, antes de empurra-lo, enviar um sorriso falso, e ir em direção na porta.

Assim que Hayley me deixa entrar, eu escuto a moto partindo. A atração que você sente por mim nunca morre. E se ele estivesse certo? E se eu nunca me esquecesse de seu toque, seu beijo?

"Hey, Malia, voce está bem?" Minha amiga me pergunta, fechando a porta. Não respondo, apenas começo a chorar. Hayley me pega em um abraço enquanto eu caio no chão, lavando-a comigo. Ela me abraça firme, enquanto eu enfiava meu rosto em seu pescoço pequeno, e ela acariciava meus cabelo, dizendo que tudo ficaria bem. Mas não ficaria.

Eu choro por Loki. Choro por meus pais nunca terem me amado. Choro por Emerald ter que estar na Inglaterra. Choro por estar apaixonada por um menino tão problemático, que nomeia sua própria moto. E choro por mim. Ali, no chão, com Hayley me abraçando, sem fazer perguntas, apenas dizendo que tudo ficaria bem, eu chorei por nunca mais poder ser a mesma.

Loki Tate havia me arruinado.

Alpha - Death of AngelsOnde histórias criam vida. Descubra agora