XXVI - Coroa de Vidro

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Talvez tenham nas primeiras horas do quinto dia de janeiro que todos os enfeites de natal e todas as árvores e guirlandas e cortinas de luzes deixaram os corredores do palácio, mas foi apenas perto do final da tarde, quando enfim Flora decidiu que...

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Talvez tenham nas primeiras horas do quinto dia de janeiro que todos os enfeites de natal e todas as árvores e guirlandas e cortinas de luzes deixaram os corredores do palácio, mas foi apenas perto do final da tarde, quando enfim Flora decidiu que eu não produziria mais nada com o estomago roncando, que percebi que as festas haviam nos deixado, silenciosamente sumindo de um dia para o outro.

Os enfeites de natal porém não deixaram nenhum espaço vazio. No lugar deles, muito menos delicados e reconfortantes, guardas e mais guardas, que se mantinham de costas para as janelas, enfileirados ombro a ombro por toda a extensão das paredes de vidro do corredor que levava a casa das musas.

-Senhorita Bethany - o soldado Martins me cumprimentou, caminhando pelo corredor observando seus homens. Parecia cansado, e imaginei como toda a aglomeração sobre o embaixador deveria estar cobrando dele.

-Deve estar com saudades do campo de batalha, soldado - brinquei, e ele sorriu, dando um suspiro aliviado.

-É bom saber que alguém ainda tem senso de humor, senhorita - ele admitiu, me acompanhando pelo corredor enquanto seus homens claramente exaustos se endireitavam aos vê-lo se aproximando - Na guerra ao menos há um propósito.

-Não querendo me intrometer, senhor, mas não é um pouco vulnerável que os guardas estejam assim de costas para as janelas? - franzi a testa, olhando para os homens, procurando por Apolo entre eles. - Qualquer um poderia atirar em suas costas.

-Não seja ingênua senhorita Bethany - ele sorriu, fazendo sinal para que dois dos homens saíssem da janela, o bastante para nos dar espaço para observar o exterior - Para atirar nestes guardas, seria preciso estar dentro do palácio. E para evitar isso, há guardas na muralha e nos portões.

-Então para que tudo isso? - perguntei, enquanto os homens voltavam aos seus lugares e nós a caminhar - É apenas uma demonstração de poder, é isso?

Ele se afastou dos homens, andando mais perto da parede oposta, e fiz o mesmo o mais discretamente que pude, enquanto ele falava em voz muito baixa.

-Alguns guardas senhorita Bethany, nos protegem do que pode vir de fora - ele sorriu para algum dos seus soldados, um cumprimento para despistar talvez - Outros, do que pode ser dito dentro das paredes do palácio.

Assenti. Tudo as claras e tudo encoberto.

-Martins! - nós dois nos viramos, Veronicca estava atrás de nós, mais de dez metros de distância, e mesmo assim era claro que estava bastante estressada, como se o tivesse procurando por horas, ou como se procura-lo tivesse a tirado de alguma de suas dezenas de tarefas, ou as duas coisas talvez. Ela sequer pareceu me ver - Um de seus homens pegou no sono, na porta da sala do trono!

-Os homens estão exaustos - foi a explicação dele, gentil e firme, como se não estivesse surpreso. Eu conseguia ver, ele avisando a ela que aquilo aconteceria. Veronicca não cedeu o olhar, o que o fez suspirar - Verei isso, certo? Mandarei Apolo Drake para o salão do trono. - ele se virou para mim - Mande lembranças ao seu amigo peludo Bethany. Qual o nome dele?

A Rainha Da Beleza - A Rainha da Beleza Livro I [NÃO REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora