Prólogo

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— Me desculpe, senhor Cavill. O seu livro é... Bom, ele é bem simples e não nos atrai muito.

Ouvir aquilo foi a terceira decepção do dia.

— Como assim? 

— Eu não acho que as pessoas vão querer ler. — fez uma expressão de decepção pra mim.

— Será que o senhor não pode me ajudar? Por favor, é o meu sonho...

— Olha, Arthur...

— Já é a terceira editora que procuro só hoje! — Interrompi. —Eu acabei de escrever tudo ontem, estava ansioso pra esse momento! — expliquei.

— Se é a terceira editora que recusa publicar o seu livro, então é porque talvez tenhamos razão mesmo, meu jovem. — o homem colocou as mãos nos bolsos da calça.

Bufei e peguei o meu livro de volta. Desesperado pra ir embora, fui andando rápido até a porta do escritório.

— De nada! — o avaliador falou alto e de forma sarcástica.

— Ah, sim... me esqueci. — parei por um breve momento. —Obrigado por nada! — respondi e bati a porta.

Segurando o meu livro, entrei no ônibus assim que ele chegou. Sentei em um assento ao lado da janela, como sempre gostava de fazer. Encostei a minha cabeça e fiquei olhando para o sol, pensando no que eu poderia fazer. Será que o meu livro estava tão ruim assim? Poxa, eu tinha gostado tanto. Achei que iriam gostar também. 

Escrever uma história de amor de um casal não é algo fácil. Você tem que bolar os detalhes, os momentos, tudo! Fora os problemas que acontecem ao decorrer das páginas... Podem ocorrer traições, desentendimentos, decepções, tragédias tão grandes que podem até resultar em mortes. Acha que é fácil para um escritor criar e decidir tudo isso!? Mesmo que seja um iniciante como eu.

Eu tinha escrito um romance entre um casal hétero. Gostaria de escrever um romance gay, já que eu sou um, inclusive. Depois de um tempo, acabei decidindo deixar essa opção pra um segundo livro. Enfim, isso se eu for escrever um segundo livro, no fim das contas.

Pela janela do ônibus eu começo a observar as vidas dos cidadãos de Vienna. Desde que me mudei pra cá, sempre achei uma cidade muito gostosa de morar. Ela é uma cidade limpa, organizada e pequena, com mais ou menos uns dezesseis mil habitantes. A área comercial tem crescido bastante nos últimos anos. Muitos prédios comerciais e empresas estão apostando em ter seus negócios por aqui também, imagino que seja por conta de alguns profissionais que elegeram Vienna como uma das cem melhores cidades para viver nos Estados Unidos.

Minha casa fica no subúrbio da cidade, foi onde eu achei um preço mais em conta e que também me satisfez bastante. Pela janela, pude ver crianças brincando, casais andando de mãos dadas na calçada e adolescentes dançando. Era uma tarde ensolarada de domingo. Ao chegar na minha rua, finalmente desci do ônibus.

"O pôr do sol é mais longo de onde eu sou
Onde sonhos foram morrer no meio da diversão
Os garotos consertam seus carros e as garotas curtem
O amor é tão bom quando o amor é jovem

Sim, há tanta história nessas ruas (...)
Tanta história na minha cabeça
As pessoas que eu deixei, as que eu mantive

Perdendo ocasiões que eu não posso rebobinar
Não paro de sentir como se eu perdi o que era meu

Não posso substituir o meu sangue
É, parece que eu nunca vou deixar o subúrbio"

Troye Sivan - Suburbia

Enquanto eu andava pela calçada até a minha casa, pensei em jogar o livro dentro de uma lixeira. Talvez a pessoa que achasse ele gostasse muito de ler, e quem sabe minha história não a agradasse? Mas não. Preferi guardar em alguma gaveta em minha casa. Minha vida está ótima para não dizer o contrário!

Por onde começo? Sou Arthur Cavill, tenho 1,80m de altura, pele clara e olhos castanhos. Sempre costumo deixar meu cabelo curto e fazer um topete, ele é liso e castanho claro. Tenho as bochechas e lábios rosados. Sempre quis ter uma barba legal, mas custa muito para os fios nascerem e quando acontece, são pouquíssimos. No fim das contas, sempre fico sem "barba".

Sou apaixonado por leitura e sempre quis escrever, então decidi fazer isso recentemente. Correr atrás dos sonhos, não é? É o que sempre dizem, mas acho que isso não é pra mim. Na real, sei que não tentei muito, mas não acredito que dê certo. Sou bem pessimista às vezes.

Tenho um namorado que amo muito, mas ultimamente tenho sentido que talvez ele não me ame muito de volta... Tenho alguns amigos, acho. Não sou muito extrovertido, mas também não me considero introvertido.

Moro sozinho. Me mudei pra Vienna há quatro anos, assim que me formei em administração. Nasci em Washington e morei lá até os vinte anos de idade, mas acabei tomando trauma do local por conta das experiências ruins que vivi lá: homofobia, decepções com ex namorados e falsos amigos também.

Decidi aceitar uma ótima oportunidade de emprego em um escritório e aqui estou eu, em uma pequena cidade de Virginia, do outro lado do país, bem longe. No momento estou desempregado, mas logo vou arranjar outro emprego. 

Sou filho único e meu pai ainda mora em Washington. Bom, ele é muito distante de mim e quase não tenho contato com ele, mas não é culpa minha. Ele que decidiu se afastar depois que me assumi gay aos quinze anos. Já minha mãe mostrou me aceitar e me amar do jeito que eu era. Infelizmente, ela morreu pouco tempo depois, ainda durante minha adolescência. Isso chocou tanto eu quanto o meu pai, e talvez por isso ele tenha ficado tão distante e triste também.

É complicado, mas eu sempre tento fazer tudo para tentar ter uma vida normal, embora ultimamente eu esteja muito desanimado e sem esperanças. 

Finalmente cheguei em casa, destranquei a porta e entrei.

FIM DO CAPÍTULO

Próximo em breve.

Pessoas, é muito importante pra mim que votem e comentem o que estão achando. Um feedback dos leitores significa muito! Obrigado mesmo. Espero que gostem dessa nova história que comecei hoje :) 

Dois homens, um coração (Romance Gay)Where stories live. Discover now